Capítulo 2

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Acho melhor parar de falar apenas de mim, e começar a falar de fatos.
Em um certo dia, algo realmente interessante aconteceu comigo. Sim, repito, comigo. Até hoje não me convenci de que isso aconteceu realmente comigo.
Então...
Eu nunca fui de dar muita "bola" para os garotos do meu bairro. Na verdade, eu nunca achei bonito todas essas meninas meio que "oferecidas" me entende? Pra mim, isso tudo não passa de falta de carinho, atenção e principalmente amor - próprio. Então elas tentam de certa forma, alguém que consiga fazer o que ela não consegue. Olha só quem está falando em amor - próprio! Mas mesmo não sendo muito especialista nesse assunto, eu não procuro alguém, só para suprir o que eu mesmo não consigo oferecer a mim. Ficar com o maior número de garotos possíveis não contribui muito para o meu sentimento de realização.
Eu sempre fui muito ligada à música. Ao meu celular e ao meu fone de ouvido também. Vamos deixar claro que é a combinação perfeita, né?
No jardim da minha casa tem uma árvore enorme, desde criança me impressionava por ter uma árvore daquele tamanho no meu jardim. Como toda criança eu desejava subir naquela árvore, assim que meus pais saíssem para trabalhar. Mas esses planos sempre eram estragados pela Marina, a menina jovem, que naquele tempo só tinha 17 anos, mas que já era minha babá. E mesmo quando a Marina se ocupava, e eu tentava, e tentava, tentava mais uma vez, não conseguia subir na árvore. "Melissa, o que você está fazendo aí?" era como a Marina sempre falava.
O fato é que eu cresci. Cresci e não tento mais subir em árvores, por mais tentador que pareça.
Nesse dia eu prefiri ficar no chão mesmo. Sim, era um dia calmo, nublado. Sabe aqueles dias meio tristes, decepcionantes? Eu gosto de senti - lo, é reconfortante saber que não é somente você que fica triste, o clima também fica. E as vezes, assim como nós, ele quer alguém para compartilhar a sua decepção. Então eu estava lá, sentindo a grama, ainda um pouco molhada (O clima resolveu chorar só um pouquinho para dar uma aliviada), com a minha combinação perfeita de música, celular e fones. Ouvindo uma música da Taylor Swift, sempre amei as músicas delas. ( Me diga: como alguém é magra, bonita, voz excelente e inteligente?) E então meu celular deu uma vibração, só pra acelerar o coração de susto. Mas então, depois de meio segundo, já estava pronta pra responder a mensagem da minha amiga. Digo, melhor amiga. Desde a terceira série a gente está junta. Deixa eu te apresentar "Paloma, esse é meu leitor. Leitor, essa é minha amiga, Paloma." Ela é aquele tipo de pessoa que você se sente meio constrangido de está perto, sabe? Sempre bonita, de cabelo liso, (o meu é ondulado, com um tom castanho mais pra ruivo, incrivelmente sem graça), tenho que admitir que a única coisa que não me fez morrer de inveja, foi a nossa amizade. Ela está sempre calma, adora sua liberdade, e tem um jeito que coloca até quem está em um enterro pra cima, literalmente. Fala sério, palmas à você, Paloma. Além de tudo ainda é inteligente. Me lembro bem das inúmeras colas que a Paloma me passou, quando eu estava sem concentração (e com preguiça) para ver os assuntos da prova. Que meus pais não saibam disso. Ela é a menina mais perfeita do mundo. Fico me perguntando, como alguém consegue ser tudo isso. Paloma você é a Taylor Swift do Brasil. Com um detalhe, você é morena.
Já ia responder "Tenho que estudar hoje, Paloma. Não nasci inteligente como você!", eu já tinha a certeza que a Paloma havia me mandado um SMS dizendo o seguinte: "E aí, Mel? Qual vai ser a boa de hoje?" A questão era que não tinha nenhuma "boa de hoje" assim como nenhuma mensagem da Paloma. Mas sim, de um número que até então, eu desconhecia.

Anjo Do AmorWhere stories live. Discover now