Capítulo 4

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Eram 2:15 da manhã. E eu estava em um sono perfeito, quando de repente, o celular resolve tocar. Meu Deus, quem iria me ligar aquela hora? Possivelmente algo muito ruim deveria estar acontecendo com a minha amiga. Na verdade ainda não te falei dela. Todas as garotas meio tímidas, (tipo eu) tem aquela amiga com mais atitude do que tudo. E eu tinha, a Amanda. Que estava sempre aproveitando a vida, bem diferente do que eu fazia.
Provavelmente era ela me ligando, com certeza teria acontecido algo ruim na balada que ela foi, e ela queria que fosse salvá - la. Era quase sempre o que acontecia.
Errei de novo. Mas esses dias, eu não estava dando uma a dentro, hein?! Primeiro achei que fosse a Paloma nas mensagens. E agora achei que fosse a Amanda. Mas não. Era aquele número, que eu não conhecia.
_ Alô? Oi? Desculpa, mas eu não sei quem você é. Pode me falar seu nome? Alô?
Por um instante tudo ficou em silêncio! Deus do céu, quem era aquela pessoa?
_ Alô? Hello? Esqueceu que tem uma pessoa na linha? Deus, quem é você?
Mas ninguém respondeu. Me desculpa, mas eu tive que ser grossa. Eu estava com sono, e isso bastava como explicação, não acha?
_ Olha aqui, você sabe que horas são? Não? Eu te digo. São exatamente 2:17 da manhã. 2:17. Isso é hora de ligar pra alguém? Eu preciso dormir, sabia? Amanhã, ou melhor, hoje eu tenho aula. E eu também tenho uma vida, vida essa que me cansa, e eu preciso descansar. Eu preciso dormir. Eu não tenho todo esse tempo pra ser atormentada, tá bom? Da próxima vez, ver se fala quem você é, e liga em um horário normal.
Nesse momento um silêncio novamente invadiu a outra linha do telefone.
Tenho que confessar que me senti muito mal, sim, imagina só, e se fosse uma pessoa precisando de ajuda e necessitava de um tempo pra poder falar? Porquê eu tinha feito isso?
Já ia pedir desculpas e colocar toda a culpa no sono.
_ É... Eu...
_ Você fica linda dormindo, mas eu não consegui deixar de ouvir essa sua voz incrivelmente irresistível, Marrenta. _ falou uma voz que eu desconhecia no outro lado da linha telefônica.
Óbvio, que eu fiquei sem saber o que falar, como eu sempre fazia quando ficava nervosa.
E então o garoto simplesmente desligou. Como eu sabia que era um garoto? Pela voz, eu nunca tinha ouvido, mas sabia que era um garoto.
Quem me chamaria de marrenta? Realmente eu não faço ideia. Ninguém nunca me chamou assim, e por alguma coisa, algum motivo, eu gostei daquilo. Foi diferente. E eu gostei. Sim, ninguém nunca tinha me chamado assim. Foi meio louco? Foi, foi sim. Eu admito. Mas foi interessante. E por um minuto, eu achei que meu coração não seria capaz de lidar com aquela situação.
E o sono? Ah, eu não coloquei culpa nele, e então, acho que ele ficou morrendo de raiva e não quis aparecer. Foi exatamente isso que você leu. O sono desapareceu após a ligação. Caramba, já me imaginava no dia seguinte, com todas aquelas olheiras, cara de sono. Iam achar que eu passei a noite inteira na balada. O que não era verdade. Resolvi tomar banho, comer algo e ficar por ali. Aliás eu tinha ido dormir bem cedo. Poderia acordar cedo (no caso, de madrugada) sem nenhum problema.
E foi isso que eu fiz. Tomei um banho. Me troquei. Fiz café da manhã (ou da madrugada) e então comi. Sendo bem sincera, estava ótimo. Ebbaa, eu já sei fazer alguma coisa.
Então depois de tudo isso, eu fui ver o nascer do sol, que foi lindo. Eu poderia me arrepender de ter atendido aquela ligação. Mas não, eu agradeci profundamente por ela. Viu quanta coisa ela me possibilitou? Pois é. E nem com olheiras eu estava, acredita? Na verdade o brilho do meu olhar transmitia o maior nível de satisfação. Além de aprender a fazer algo pra comer, eu aproveitei melhor meu tempo. (Ainda me chamaram de linda e marrenta em uma mesma frase, e de madrugada) E isso foi incrível.

Anjo Do AmorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora