Capítulo 28;

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Pov Harry

Entrei na biblioteca e apercebi-me de imediato que algo de estranho estava a acontecer: um grupo de pessoas formara um círculo em torno de alguma coisa, e a voz da bibliotecária sobrepunha-se a todas as outras, exprimindo aflição. Aproximei-me rapidamente, pensando para mim mesmo que as técnicas de primeiros socorros que havia memorizado há uns anos poderiam dar jeito agora, e perguntei:

- Precisa de ajuda?

Depois tudo aconteceu numa fração de segundo: uma massa de cabelo vermelho saltou-me à vista e uns olhos que eu não esqueceria ainda que tivesse uma memória comum, cruzaram com os meus, antes de se fecharem por completo.

- MILLES! - Gritei, empurrando umas quantas pessoas antes de me ajoelhar junto ao seu corpo agora inanimado. De repente, parecia ter esquecido tudo o que aprendera sobre como reanimar alguém e a única coisa que eu queria era que ela voltasse à normalidade.

- Alguém chame uma ambulância! - Gritou a bibliotecária.

- Ela só está desmaiada, por amor de deus, deixem-na respirar um bocado. - Joseph puxou-me pela camisa e empurrou-me para o lado, afastando rudemente as restantes pessoas que se haviam aglomerado ali.

- Olá...Milles, não é? O meu nome é Joseph e eu vou ajudar-te, sim?

Falar com pessoas desmaiadas é um procedimento aconselhável, assim como o que Joseph fez de seguida: virou o rosto da Milles de lado, e pegou num banco e colocando as pernas dela a um nível mais alto.

Enquanto ele faz aquilo que eu deveria ter sido capaz de fazer, reflito sobre o que acabou de acontecer: eu poderia jurar que ela me reconheceu antes de desmaiar, embora eu saiba que isso é tão improvável como eu esquecer o que vesti na quinta-feira passada (uma camisa com guarda-chuvas amarelos e uns jeans cortados nos joelhos). Aquele olhar, que não demorou mais do que meio segundo, trazia implícito um reconhecimento, uma sensação de familiaridade que eu não consigo pôr em palavras, e que possivelmente não passou de uma trama da minha imaginação, mas que fez o meu coração bater descompassadamente.

É possível que ela se lembre de algo, e particularmente de mim?

Ao fim de alguns segundos ela começou a ganhar mais cor nas maçãs do rosto e lentamente abriu os olhos, olhando em volta desamparada.

- Milles, sentes-te bem? – Perguntou Joseph.

- Milles? O meu nome é Ariel!

Um ligeiro sentimento de desilusão provocado pelo facto de ela não se lembrar de mim foi rapidamente substituído por um sorriso de alívio por ela se encontrar bem. Finalmente pude dedicar alguma atenção ao seu novo visual, que em tudo combina com a personagem que o Liam decidiu escolher para hoje. Algo me diz que ela pintou o cabelo sem lhe pedir permissão, e reprimo uma gargalhada só de imaginar a reação que ele deve ter tido.

Assim que passa o choque inicial de a ver com uma cor tão vibrante, começo a gostar de a ver assim, com um aspeto tão exótico, que liga na perfeição com a sua personalidade única. O cabelo vermelho destaca os olhos claros e azuis, que neste momento estão arregalados de surpresa e incompreensão.

Joseph olha para mim com um olhar confuso e eu abano a cabeça, recusando explicações. As pessoas começam a dispersar e em pouco tempo acabamos por ficar apenas nós os três.

- Quem são vocês? – Pergunta ela, ainda no chão.

- Eu sou o Joseph e este é o Ha...

(Un)forgettableOnde as histórias ganham vida. Descobre agora