— Gabe é sempre exagerado! — exclamou — Falando nisso, porque vocês brigaram? — Estava esperando o momento ideal para acabar com o suspense que a estava quase sufocando.

Assim que Cecília acordou, na manhã daquele dia, e deu-se conta de que o quarto não era o seu, embora já tivesse reconhecido o cheiro dos lençóis antes mesmo de abrir os olhos, ouviu os murmúrios da conversa do outro cômodo. Curiosa sobre o teor, esperou que terminassem para se revelar. Gabriel estava resmungando com a mãe sobre o casamento e sobre Beca. Obviamente, ela apenas se atentou ao segundo tópico da conversa; à espreita no corredor,  semicerrou os olhos para ninguém quando desvendou um dos motivos daquele mau humor repentino: ele estava com ciúmes por Rebeca estar saindo com alguém. Não pode ouvir o nome que ele disse, porque o ímpeto de acabar com aquela conversa lhe encontrou de forma violenta.

Mais estranho foi quando ela apareceu e perguntou o porquê de ter dormido na cama errada. Gabe parecia aborrecido e ansioso, mas não lhe deu muita atenção. Ele saiu tão rápido que ela ainda estava se perguntando se havia dito alguma coisa enquanto dormia para que sua presença se tornasse tão desconfortável.

Eu não briguei com ele — disse Rebeca de maneira cansada — Você sabe como ele é superprotetor.

— E isso significa o que? — Por mais que o código entre elas ainda vigesse, precisava saber desesperadamente — Conte de uma vez, Beca.

Não foi nada demais — repetiu Rebeca.

— Está saindo com alguém? — Não era para ser uma pergunta, mas Cecília odiava se sentir à margem — Juliano de novo?

A conversa silenciou do outro lado.

Eles estavam todos estranhos, inclusive Olavinho. Parte de Cecília queria muito acreditar que tudo isso envolvia o novo interesse romântico de Beca e que era isso que estava cansando os ânimos e amarrando tantos segredos. Mas não era tão ingênua a ponto de acreditar que o seu casamento também não aborrecia, apenas não gostava de acreditar nessa hipótese.

Não é ele Ciz. É outra coisa e outra pessoa — respondeu, parecendo se arrepender da segunda frase. Envolver Cecília só deixaria tudo pior do que já estava — Mas, estou preocupada com esses seus hematomas.

— Ah, Beca... Por favor! — suplicou — Merda! — praguejou abaixando o telefone do ouvido ao notar os carros de polícia à frente parando os carros — Não acredito que eles vão montar uma blitz agora.

Você não disse que já estava esperando, Carmen? Não acredito que está dirigindo e falando no celular. Eu não vou fazer defesa dessas multas, está me ouvindo?

— Eu tenho atenção distribuída e todo mundo faz isso! — defendeu-se — Estou esperando por Carmen, só que dentro do meu carro a caminho do Café. E sobre as multas, falta muito pouco para eu ser amiga de Edu. Posso pedir para... Parou e sorriu, como se tivesse acabado de juntar duas peças em um quebra-cabeças —  Puta merda, é ele? — completou Cecília de modo teatral.

Não Ciz, é claro que não. Foi só um mal entendido e Gabe está criando um inferno com isso. Ele está estressado demais ultimamente.

Ele e todo mundo, quis acrescentar Cecília.

— Eu iria gostar muito se fosse Edu, sabia? — emendou. Não era uma mentira — Ainda mais depois que ele andou me perguntando sobre você.

Novamente, não exatamente uma mentira.

Fora apenas uma pergunta casual sobre Rebeca, em uma ocasião específica em que ficaram sozinhos por alguns instantes, o que somente reforçava a ideia de que a pergunta fora feita por educação, mas Cecília não se importava em mudar o contexto. Desde o momento em o conhecera e percebera as semelhanças tão reais com a paixão platônica da amiga, soube que ele era perfeito para Beca. E havia um outro motivo. Não era necessária grande análise para se ter em conta que arranjar um pretendente para Rebeca tornava mais difícil uma possível reconciliação romântica com Gabriel.

Operação casamento dos meus sonhos (OCDMS #1) [Concluído]Where stories live. Discover now