Capítulo 35(*)

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"NÃO JULGUE OS MEUS MOTIVOS, CECÍLIA E EU NÃO JULGAREI OS SEUS"

Lucio pediu que Cecília voltasse ao apart hotel. Foi essa a condição para aceitar a proposta de trégua dela, embora destoasse completamente da firmeza com que todas as ligações foram recusadas. Tal estranheza foi notada, assim como a urgência das palavras dela que suplicavam por uma conversa, um momento, pois ela tinha algo importante para dizer. Em contrapartida, Ciz aceitou a condição com certa resistência. As emoções ainda estavam afloradas demais para que pudesse pensar com clareza, por que ela não fosse tão adepta de qualquer tipo de racionalidade.

Assim, exigiu não ter a infelicidade de encontrar Eduardo, em qualquer lugar do prédio, quando retornasse.

Dois dias antes, naquele mesmo apartamento, Ciz esteve a ponto de desistir de tudo. Momento que se repetiu quando encontrou Gabe e todas as declarações genuínas dele exibiram uma empáfia capaz de fazê-la titubear. E também, um dia antes, encontrou Marcela e chegou a cruel conclusão de que não poderia bancar o Eduardo com Lucio e com tudo que estava sendo deliberado em prol do casamento.

Cecília pensou em desistir por todas as vezes, mas decidiu continuar com o casamento. Ainda que Beca tivesse pedido que terminasse com Lucio, Ciz apenas contaria sobre Gabe por não achar justo enganá-lo. Se houvesse alguma recusa continuar com os preparativos do casamento, ela entenderia, muito embora desconfiasse que não houvesse.

Com os olhos cravados no relógio, Cecília contava os minutos entre as suas pausadas respirações. Chegou a se levantar, com verdadeiras intenções de abrir os armários e sucumbir ao formigamento em suas mãos, contudo as retesara suas emoções em ambas as vezes.

Lucio disse que precisava resolver algumas coisas com Eduardo, mas que logo voltaria para que, enfim, pudessem ter a tal conversa.

Ao mesmo tempo em que Ciz estava ansiosa pela volta do noivo, não sabia ao certo o que diria a ele. Os detalhes tão delicados estavam deixando-a em uma ansiedade aflita e o ponto mais alto das preocupações tinha cabelos escuros e gostava de colares de pérolas e terninhos. Ela preferia fazer a sua revelação longe dos ouvidos de Gisela, mas tinha a sensação de que quanto mais torcia para que a velha fosse embora, mais motivos pareciam surgir para fazê-la ficar no apartamento.

— Cecília? — chamou Gisela.

— Sim, Gisela.

— Estive conversando com Carmen e ela me disse que você ainda não fez a prova do vestido e que também não escolheu o penteado — Os olhos de Gisela pareciam queimar — Preciso te lembrar sobre o curso para noivos no final de semana?

— Eu sei, Gisela — admitiu, Ciz — Não se preocupe, eu estou me lembrando disso.

— Sua irmã e sua mãe também não foram ao atelier de Emiliano Amor — emendou Gisela encarando a futura nora com os lábios travados em uma linha fina e rígida — Há algo de que eu precise saber?

Cecília precisava admitir a si mesma que não estava sendo a noiva mais dedicada. Seu afastamento era visível e, claro, foi notado por Gisela. A empolgação com as taças de champanhe servidas nos encontros com Carmem parecia ter desaparecido e um semblante aborrecido e cansado tomou o lugar. E todo esse desânimo começava a contaminar os convidados do casamento.

— Cecília?

A resposta demorou. Algumas frases desconexas atravessaram, mas não conseguiram anuviar as palavras polidas e ensaiadas de que Gisela esperava da sua futura nora:

— Eu só... — Ela engoliu o pequeno discurso que dizia não ser aquele um assunto de que Gisela pudesse ter algum controle — Eu só estive um pouco ocupada.

Operação casamento dos meus sonhos (OCDMS #1) [Concluído]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora