Capítulo 15(*)

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"PROBLEMAS? LUCIO É QUE VAI ESTAR COM PROBLEMAS SE NÃO ME EXPLICAR QUE LISTA DE MÚSICAS É ESSA!"

— Eu ainda não entendi como acabei dormindo na casa de Gabe, Beca. Eu estava tão bêbada assim? — perguntou Cecília ao telefone enquanto tentava alcançar a pista da esquerda.

Estava, na verdade, atrasada. Não seria a primeira vez, pois acreditava que uma impontualidade charmosa sempre tornava o encontro mais animado, mas quarenta e cinco minutos transformavam charme em descaso. Era sobre os preparativos do casamento que se destinava aquela reunião. Aos olhos da futura sogra uma postura como essa seria imperdoável. Talvez fosse esse o motivo de ela fingir não prestar atenção às sinalizações de limite de velocidade pelo caminho.

— Te encontrei na cama dele, praticamente desmaiada, quando cheguei — disse Beca depois de alguns instantes, parecia que ela estava mastigando — Vai ter que perguntar a Olavinho como aconteceu.

A noite anterior ainda se resumia a uma porção de fragmentos. Cecília lembrava-se de ter ido a casa Olavinho, comer o maravilhoso e grudento macarrão com atum e de logo em seguida terem decidido terminar a refeição na casa de Gabe. No entanto, depois disso, as coisas ficaram um pouco confusas.

Por sorte, o jantar de negócios em que acompanharia Lucio não acontecera, descobriu momentos depois de acordar, ao notar as muitas mensagens e ligações perdidas no celular. Um dos acionistas tivera um princípio infarto e, por isso precisaram adiar o encontro às pressas. Cecília se sentiu aliviada, não pelo ocorrido, mas por não aborrecer o noivo com a sua inevitável ausência.

— E o que você estava fazendo lá, a propósito? — perguntou Ciz, antes de prender o celular entre os lábios, pois precisava das duas mãos no volante.

— Onde? Na casa de Gabe? — perguntou Beca, tão alto que era preciso colocar no viva voz. Estridente de maneira suspeita, na verdade — O mesmo que você, indo vê-lo. Não seja tão ciumenta, Ciz! Sabe que sempre passo por lá quando volto do escritório.

Os nervos inflamados, por causa da descoberta aterradora dos hematomas, quase fizeram com que Rebeca tivesse se arrependido da sua visita pontual. Uma briga que, por pouco, não pode ser evitada. Principalmente depois da revelação sobre o interesse de Eduardo em ajudar a Operação casamento dos meus sonhos. Olavinho pareceu confuso sobre as intenções e, Gabe, implacavelmente, detestou a sugestão, mesmo com todos esforços de Beca em explicar as vantagens que haviam naquela adição.

— Só queria saber.

— Porque tem um marca roxa na sua perna? — questionou a outra, desviando o assunto — Olavinho acha que você está participando de alguma seita secreta que possui práticas de automutilação.

Era mentira, claro. Olavo estava assustado demais para criar uma história tão elaborada, mas aquela era uma desculpa que jamais seria contestada.

— Sério? — gargalhou alto — Eu devo ter caído de algum lugar.

— Não se lembra de onde pode ter se machucado?

— Não mude o assunto, Beca — bradou impaciente — Quero saber sobre ontem. Foi muito estranho o que aconteceu, aliás, está tudo muito estranho ultimamente.

— O nome disso é ressaca, Ciz.

— Me lembro de só ter bebido dois copos, mas senti que havia um gosto estranho. Alguma coisa devia estar estragada. — especulou Cecília, enquanto constatava que chegaria muito mais atrasada do que imaginara devido a certa lentidão à frente.

Se estava estragada eu não sei, mas Gabriel disse que você dormiu no meio da conversa e nós sabemos que não são apenas dois copos que causam isso.

Operação casamento dos meus sonhos (OCDMS #1) [Concluído]Where stories live. Discover now