05.

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Novo Dia*2 | Um acordar.

Abri os olhos.
Senti um sol macio na minha cara...olhei para o lado e vi floresta.
Era uma linda floresta...
Estava deitada...numa cama...sentia um cheiro doce no ar...ESPERA!
Quem sou eu?!
Pôs me em pé e dirigime à porta. Reparei que havia alguém na cozinha e com percaução dirigime a essa pessoa.
Essa pessoa era um homem moreno que parecia ter um corpo bonito, bem parecido.
-Bom...bo...di...a?
-Bom dia amor. -sorriu.
-Amor? A...desculpa...mas acho que estou meio perdida...- cocei a cabeça.
-Sim. Eu sei disso. Sei que estás confusa. Perdida. Não te lembras de nada nem de ti nem de mim. E que estás com medo. Mas não tenhas. Vou acabar o pequeno almoço e depois eu explico tudo ok?
-Sim...ok...
A casa era parecida com uma cabana. Era muito bonita e confortável.
A cozinha era kitchenette com a madeira dos móveis em pinho. A sala era magnífica. Sofas brancos. Mesa em madeira pura. Toda vidrada. Com vista para a floresta, e acho que um rio.
-Aqui está! Fiz umas torradas com sumo de laranja. Há e esta manhã mandei vir morangos, framboesas, mirtilos e estes aqui. Estão fresquinhos. Então gostas?
-Aaaa...sim...quer dizer...não sei bem.
-Pois. Se calhar era melhor explicar te o que se passa não é?
-Sim.
-Aaa...pode ser um pouco chocante. Mas é melhor não andar com rodeios. Tu trabalhavas numa construtora. Eras a supervisora das obras sabes...e... há um ano as coisas não correram bem. Ouve uma grande derrocada e tu foste apanhada por um pedregulho. Foi uma sorte não teres morrido. Mas sofreste sequelas...ficaste com amnésia. É uma amnésia conciderada rara porque a tua memória só guarda coisas durante 24 horas.
-Uau....eu...tenho amnésia? Eu nem sei quem sou!
-Calma. Eu sei. Chamas te Sandra Brigue. Tens 22 anos. Nasceste no dia 24 de Janeiro. O teu pai morreu quando tinhas 10 anos por ataque cardíaco. E a tua relação com a tua mãe é das piores. Ela não regiu bem com a morte do teu pai. Meteu se no álcool e nas drogas. E deixou de querer saber de ti. Quando foste para o hospital nem foi fazer uma única visita. Quanto aos amigos...eras muito social mas...quando se é amnesica poucos são aqueles que têm paciência para repetir tudo e tudo...
-Então e tu? Quem és? !
-Sou o teu marido. Chamome Andre Sandry. Tenho 24 anos. Conhecemos-nos a 11 de Agosto na rua.
-Na rua?!
-Sim. Levavas um chapéu de sol. E quando passei por ti o teu chapéu voo e eu apanhei-o. E olha. As coisas aconteceram...
-Uau...amnésia...como é que eu lido com isso!? Aliás...como é que tu lidas com isso?
-É complicado. Não é fácil todos os dias repetir as mesmas coisas. Todos os dias responder às mesmas perguntas. Há dias em que confesso que gostava de desestir...mas depois penso "E ela?" Se fosse eu também gostava que alguém me aparasse. Para ti deve ser muito mais difícil. E então continu-o.
-Não à cura para mim?
-Infelizmente...
-Presumo que não.
-Esta não é a nossa casa. É só uma casa de férias.
-Estamos de férias?
-Sim.
-Uau...este sítio é muito lindo. E sabes!?
-Sei o quê?
-Hoje vou tentar parecer normal. Vou tentar não fazer muitas perguntas e tentar aproveitar este dia o mais que puder.
-Porquê? Tu tens sempre tantas perguntas?!
-Por ti.
-Por mim?!
-Sim. Depois de dizeres aquilo que disses-te...percebi uma coisa. Tu sofres mais que eu. Eu também sofro porque cada dia, é o primeiro dia mas...tu es quem vê tudo isto -apontei para mim- e tens de saber lidar com tudo. Gerir tudo. E isso é mesmo incrível. Deves ser um ser humano esplêndido. E tenho a certeza de que foi por isso que me apaixonei por ti. Não foi? -sorri.
De repente uma sombra sombria preencheu-lhe a alma. Parecia que algum sentimento de tristeza o invadia...
-Ei...que se passou?
-Ham? Nada...
-Eu sou amnesica, e não estúpida, sabes?!
-Sei. Só que...à coisas na minha vida...que eu fiz...que penso...se calhar não devia ter feito...e o facto de penssares que sou assim tão boa pessoa deixou me a pensar...nos meus erros...não sei.- sentou se.
Sentei me junto a ele e pus a mão nas suas costas.
-Todos cometemos erros. E todos merecem segundas oportunidades. Por vezes cometemos erros que depois nos pesam na consciência. Mas se te pensam nela, pelo menos é sinal de que a tens. Era pior se não sentisses remorsos.
-E se eu tivesse cometido um erro demasiado grande?
-Não sei...talvez o devesses tentar remediar . E pedir perdão. Depende do erro...mas eu vejo nos teus olhos que não és mau e que és suficientemente inteligente para ultrapassar isso da melhor maneira.
-Isso foi muito reconfortante.
-Obrigada. Parece que descobri uma coisa em que sou boa! E até tive uma ideia!
-O quê?
-E que tal se fossemos à aventura?
-Aventura?
-Sim! Vestiamos umas roupas práticas e iamos fazer uma caminhada!
-Pela floresta?
-Sim.
-Mas isso não é perigoso?
-Um bocadinho. Mas é por isso que é uma aventura!
-Não sei...
-Vá lá! Por favor! Era uma boa maneira...
-Ok. Vamos.
- Que bom!
-Mas eu nem sei se tenho roupa desportiva.
-Eu também não sei se tenho...
Levantei me e fui ao quarto. Percebi que a mala rosa deveria de ser minha e abria-a. Lá dentro haviam muitas roupas de marca. Havia maquilhagem, jóias e uma câmara de filmar.
-Acho que não tenho aqui roupa desportiva...olha...será que esta câmara tem recordações? !
Peguei na câmara e fui para a casa de banho. Vi que haviam diversas filmagens e da mais antiga para a mais recente comecei a vê las.
-Não acredito!
Aquele homem mintiu em tudo! Quer dizer até o nome ele trocou? Com que raio de psicopata é que eu estou?!
Mas...
Tinha que manter a calma.
Ele por algum motivo estava a enganar me, mas eu estou nas mãos dele...portanto visto que ele até se tem mostrado simpático é melhor continuar a fingir...amanhã é um novo dia e o que me interessa agora é estar pelo menos viva.
Sai do quarto e fui até a sala. Tentei manter a calma e parecer normal como de manhã.
-Aaa descubri uma coisa...eu pelo menos não tenho roupa prática afinal não podemos ir para a floresta completamente sozinhos...ham...que pena já viste...hahahaha...
-Hum...já sei! Não faz mal. Vamos àquele fórum que é aqui mesmo perto. Vês problema resolvido.
-Para quê? ! Quer dizer...que trabalheira...hahaha...
-Não dá nada. Por ti faço tudo.
-Ham...que querido...mas não é meeesssmmooo perciso.
-Mas eu quero.
-Mas não. ..afinal não quero ir...estou cansada.
-Ai estas? O que raio é que se passa?
-Nada. Não me apetece.
-Olha...agora sou eu que te peço por favor. Estava mesmo empolgado.
Ia para responder não, mas depois lembrei me que por mais que me costasse tinha que parecer normal e ingênua.
- Tens razão temos de aproveitar estas férias. Confesso que não estou cansada...na verdade fiquei de renpente muito insegura em relação à ideia...
-Porquê?
-Bem...- por momentos pensei que devia dizer que era porque tinha dúvidas...mas sabendo que ele me dava comprimidos para piorar a minha amnésia achei que era melhor - Nós não conhecemos a floresta...e se nos perdemos? Ou encontramos um urso? Ou se nos maguamos? ...
-Calma. Não vai acontecer nada. Vamos ao fórum e vamos à loja de campismo. Podemos pedir ajuda para que nos digam o que devemos fazer.
-Ok...foi uma boa ideia -sorri- se ele nos ajudarem então tudo ok. Só não quero que te aconteça nada.
-A mim porquê ?
-És a única pessoa na minha vida.
-Uau...nunca pensei ouvir te dizer isso...
-Nunca te tinha dito? - apanheio-
-Não pensei que o voltarias a dizer.
1 vs 0
ESTOU A PERDER.

Fui para o quarto e pedi que ele me deixa se um pouco sozinha. Já devo ter penssado isto muitas vezes...
Sim de certeza...
Como eu gostava de ter memórias...gostava de me lembrar da minha infância...de rir, de chorar, de me portar mal...lembrar me da minha adolescência...primeiro namorado...beijo...
Lembrar me dos meus pais...
Dos meus amigos...
Quem me dera saber quem é o Nelson. Mandei me para trás na cama fechado os olhos. Depois abrios...
-Bom dia linda.
-Bom dia meu amor.
-Sabes qual era o meu maior desejo?
-Não o quê? !
-Poder ficar contigo para sempre nos meus braços, observar as tuas feições, os teus olhos a abrirem e a fecharem...mecher nos teus cabelos...tentar perceber como te concegui...poder dizer ao mundo que te amo.
-Sabes que isso não pode ser! Eu amo te sabes bem disso...não saberia viver sem ti...ia ter saudades da profundidade dos nossos olhares...das tuas piadas...dos teus beijos...mas...não. Se toda a gente soubesse o nosso trabalho ia ser posto em causa.
-O QUE RAIO! - abri os olhos de repente- Mas...isto...foi um sonho?!NÃO! uma memória...- cria gritar de felicidade mas não podia por causa do meu "marido".- Tive uma memória!
De repente senti a solidão a azular-me...quem seria? Pareciamos gostar tanto um do outro...Sei que era moreno...e vi a cor dos seus olhos...mas não vi a sua feição...será que era o meu "marido"?! Mas não sei porquê acho que não...
-Querida?
André entrava no quarto.
-Sim?
-Estás aqui há 30 minitos...que estas a fazer?
-A processar...
-Pensei que podiamos ir a um sitio...
-Onde?
-Surpresa.
-Surpresa? !
-Veste te bonita ok?
-Bem...claro.
Sai-o.
O melhor era fazer o que me pedira.
Vesti o vestido mais bonito que tinha na mala.
Preto brilhante.
Curto;
De alças;
Que só ficava bem com uns sapatos de salto.
Sai e deparei me com André que ao meu contrário estava totalmente diferente do normal.
Calças de ganga;
T-shirt.
-Então mas...tu vais assim?!
-Sim...mas tu! Wow!
-Deixa vou mudar de roupa...
- Sim...podias vestir uma coisa mais simples sabes...
-Quere dizer...estavas a gozar  comigo!? Dizes-me para me vestir bonita e agora?! OPA!
-Pois eu sei...é que...na verdade primeiro pensei em ir a um sitio mas depois...achei melhor ir a outro...
-E não sabes avisar!?
-Não queria entrar no quarto enquanto te vestes.
-Pois. Vou mudar de roupa...outra vez.
Entrei no quarto e sentei me na cama feita parva. Mas que raio é lhe deu?! Deve achar piada gozar comigo! Não sabe avisar? ! Bem...vou vestir mais uma roupa e se ele pedir para me mudar outra vez pode mesmo esquecer.
Vesti a blusa mais feia que havia na mala que era basicamente de lã cheia de cutão e umas calças de ganga. Claro que calcei uns sapatos rasos e super simples.
Sai do quarto e quando cheguei á sala o Andre vestia agora um fato...
(Não estou a gozar)
Vestia só um casaco. Perguntei:
-Pronto. Satisfeito? !
-Sim. Estás melhor.
-Já me podes dizer onde vamos?
-Não. Vai ser surpresa.
-Surpresa? Isso não me agrada muito...
-Porquê?
-Não...sei...fico super ansiosa.
-Há! Pensei que estavas com medo.
-Medo? Quê....?( Não por acaso estou com medo )
-Pronto, vamos?
-Sim.
Saímos de casa e fomos para o carro. Depois seguimos por uma estrada muito socegada o que aumentava o meu medo. Depois saimos na primeira à direita...que nos levava cada vez mais ao alto de uma montanha. Da janela do carro só se viam árvores carnudas e altas, que se encurvavam no topo fazendo um túnel por onde o carro passava.
O meu coração batia cada vez mais depressa e já começava a suar...
Mas acho que é normal estar com medo visto que estou com uma pessoa da qual não sei nada e ainda por cima me mente e me engana constantemente...será que ele me raptou?
De repente o carro começou aos salavancos. Foi aí que vi que tinha saido da estrada e seguido uma de terra batida que nos levava mesmo para dentro do bosque sombrio.
-Tens estado muito calada.
-Sim? Pois...tenho estado a observar a vista.
-É bonita?
-Sim...não achas?
-Bem...aqui esta parte é muito escura. Acho até sombria.
-Achas....?
-Sim.
-Então porque vens para aqui?
-Porque aqui é onde acontece magia.
-Magia?
-Sim

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