|VINTE E UM| - O NASCER DA ESPERANÇA.

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─ Hoje eu fiquei encarregado de abrir a mecânica. ─ Harry menciona, mudando de assunto e procurando por seu relógio de pulso ao criado-mudo para certificar-se das horas. ─ Vamos tomar um banho antes? ─ Ele sorri malicioso, mas, não sou atingida por sua onda de desejo.

─ Eu tenho que resolver algumas coisas, quem sabe em uma próxima vez. ─ Digo, sabendo que minhas palavras não são covincentes, ao ver o ar confuso dominar o olhar do moreno.

─ Nós estamos bem, né? ─ Harry aparenta preocupado, buscando em meus olhos a resposta para sua pergunta antes mesmo de eu me pronunciar.

─ Estamos. ─ Sorrio, tentando ser mais uma vez convincente, e Harry parece se conter com a resposta que recebe.

Sento a beira da cama, espreguiçando meu corpo, enquanto meus pés procuram pelas sapatilhas jogadas pelo cômodo. Olho de relance para trás, encontrando Harry pensativo, o que faz com que ele não note meu olhar. Levanto-me, sem me despedir, e percebo que Harry pouco se importa com isso.

Deixo a edícula para trás, seguindo meu caminho até em casa. Ficando estática ao chegar em frente a porta, e meus olhos automaticamente procurarem pela presença ou ausência de meu pai, sendo a segunda opção a mais coerente. Adentro, atravessando a cozinha a passos largos, torcendo ao mesmo tempo que meu pai não cruze o meu caminho.

Evito emitir o minimo de barulho possível, respirando aliviada por não encontrar meu pai na sala. Subo as escadas mantendo minha velocidade apressada, e noto a porta do quarto de meu pai fechada, o que indica que ele ainda não havia acordado. Suspiro, e entro em meu quarto, jogando-me sobre a cama em seguida.

Afundo meu rosto ao travesseiro, colocando toda a minha frustação para fora, desde o jantar da noite passada até os pesadelos de Harry. Não que eu esperasse por uma explicação completa, mas também de uma maneira menos hostil da qual Harry me tratou.

Decido por um banho, a fim de me livrar de tais pensamentos, caminhando para o banheiro, onde ligo o chuveiro esperando para que se aqueça. Adentro ao box, sentindo a água quente ir de encontro ao meu corpo, e sinto um alívio de imediato me dominar, contudo, esse sentido não dura muito tempo, uma vez que o nome Miranda surge em minha mente, e eu não consigo deixar de pensar nas possibilidades do que ela possa ter sido na vida de Harry.

Provavelmente alguém importante.

As imagens agoniantes de Harry imerso em seu pesadelo voltam a minha mente e me assustam. Talvez, ela tenha marcado sua vida, mas não de maneira positiva. Tento clarear minha mente, entretanto, quanto mais eu tento, mais e mais pensamentos negativos me rondam.

Saio do banho, não estando melhor do que quanto eu entrei. E busco por minhas roupas de ginástica, talvez, uma caminhada me ajudasse a espairecer um pouco. Me troco rapidamente, com o intuito de não encontrar com meu pai e saio apressada do meu quarto ao terminar de me vestir.

Noto que a porta continua fechada, o que indica a ideia de que meu pai esteja com o dia de folga, pois mesmo com o tornozelo machucado e com a contra indicação do médico, meu pai ainda continuava a passar boa parte do dia na mecânica, mas, pelo visto hoje não seria um desses dias.

Vou até a cozinha, tomando metade de um copo de leite, a fim de aliviar a fome que começa a surgir em meu estômago. E saio pela porta dos fundos, com o intuito de chegar até a garagem o mais rápido. Não deixo de notar a presença de Harry na entrada da mecânica, que conversa com um cliente, contudo, sua atenção desvia-se até a mim e de alguma forma ele tenta decifrar se tudo está bem. O ignoro, adentrando ao carro e logo dando partida, saindo de casa o quanto antes.

Ligo o som do carro, continuando meu trajeto até a orla da praia para dar início a minha caminhada, da qual eu positivamente espero que traga um pouco de paz para minha mente. Após alguns minutos dirigindo, eu consigo ver a praia em mais um esplêndido dia de verão, com os raios de sol iluminando o céu azul cintilante e vibrante.

O SEGREDO DA NOITEWhere stories live. Discover now