O SEGREDO DA NOITE

|VINTE E TRÊS| - A RAPOSA.

─ A namorada dele. ─ Digo, com certa dificuldade, enquanto os olhos cor de mel de Sean captam os meus sentimentos diante Eliza.

─ Você não gosta dela, não é mesmo? ─ Ele pergunta, tentando conter a graça que deseja expressar nesse momento.

─ É tão óbvio assim? ─ Questiono, em uma quase afirmação, arrancando algumas risadas de Sean, o que de fato acho charmoso de sua parte.

─ Pense pelo lado positivo, você não precisa escutar seu pai se gabar a cada cinco minutos sobre ele ser a razão desse evento estar acontecendo. ─ Sean afirmar com certo desgosto, trazendo o assunto sobre seu pai à tona e desviando sobre Eliza, algo que claramente eu agradeço.

O pai de Sean, o Dr. Lewis Von Rozen, é um dos mais renomados neurocirurgiões do estado da Califórnia, com vários prêmios e notáveis pesquisas ao longo de sua carreira, sendo reconhecido e admirado em grande parte da comunidade médica. Atualmente, ele é o diretor do hospital Saint William Turner, residente em Ventura, o que o consagra ainda mais. Contudo, isso ocasionou para que Sean passasse boa parte de sua vida a mercê da sombra do sucesso do seu próprio pai.

─ E como estão as coisas entre vocês? ─ Pergunto, me referindo ao relacionamento entre pai e filho. E noto o tom abatido que se sobressaía em Sean. No fundo, ele nunca teve um relacionamento saudável com o pai, que sempre o cobrou excessivamente em busca de um futuro promissor na carreira médica.

─ Estão melhor agora que ele finalmente percebeu que estou seguindo os seus passos. ─ Sean se refere ao fato de torna-se um médico, tal como seu pai tanto almejou. Sorrio gentilmente, confortando o olhar entristecido de Sean, ao mesmo instante que uma outra voz surge ao nosso meio.

─ Eu nunca entendi esse negócio de arte! ─ Niall reage de forma engraçada, analisando brevemente o mesmo quadro que eu e Sean fitavamos há alguns minutos atrás.

─ Vou deve observar e retirar seus próprios sentidos e significados. ─ Sean diz calmamente, bebendo outro gole da taça de champanhe, enquanto Niall passa olhar mais atentamente ao quadro. Rio baixo, da reação do loiro, que percebe e me cutuca em uma cotovelada.

─ Eu continuou sem entender. ─ Niall dá de ombros, e automaticamente sua mão vai em direção ao bolso da calça, retirando seu celular que vibra em chamada. Ele encara o nome de Louis no visor do aparelho, unindo as sobrancelhas e eu sinto um frio na barriga.

─ Você não vai atender? ─ Sean diz, e percebo o ar desdenhoso em sua voz. Niall o encara severo de canto de olho, não gostando da sua  tonalidade.

─ Isso não é da sua conta.─ O loiro ao meu lado alfineta, e Sean o ignora, caminhando para longe de nós. ─ Alô? ─ Niall atende, antes que a chamada se encerre. Ele leva uma das mãos ao ouvido, tapando o som do ambiente em que estamos, em uma tentativa de ouvir melhor a ligação, enquanto caminha para um lugar mais calmo.

Sigo os passos de Niall, vendo o balançar a cabeça repetidas vezes, se atentando a pessoa do outro lado da linha. O loiro se vira em minha direção, olhando-me surpreso, deixando claro que ele não notou que eu havia o seguido. Seus lábios se movem, formando de maneira empolgada "É o Louis". Reviro os olhos, já contemplando dessa informação a partir do momento que o nome dele surgiu na tela de chamada.

─ Fica tranquilo, cara! ─ Niall soa descontraído, mantendo seus olhos distantes dos meus. ─ Pode deixar que eu aviso a galera. ─ O loiro afirma, acenando algumas vezes com a cabeça, enquanto escuta Louis do outro lado da ligação.  ─ Até mais! ─ Niall se despende, antes de encerar a ligação de vez.