20 - Na presença dos inimigos

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Toc, toc, toc. Tinha alguém batendo em minha porta. Será que são os guardas? O que eles querem? A porta se abriu e vi que era Paul.

- Oi, posso entrar? - ele disse educadamente.

- Não! - exclamei. Mas mesmo negando ele entrou e fechou a porta.

- Podemos conversar? - disse ele já se sentando.

- Você falava tão mal do Ascaban e você se mostrou pior que ele.

- Alto lá Bela. Eu nunca te enganei nem menti. Ascaban mentiu para todos a sua vida toda. Eu estou aqui te contando tudo sobre mim e sobre quem sou.

- Isso não muda o fato de você ter me trago para ser prisioneira do homem que matou minha mãe, que a propósito é o seu pai. Fora o fato de a gente ter que se casar contra a minha vontade.

- Eu não sabia de nada sobre esse casamento Bela, juro. Tudo foi ideia do rei.

- Como eu posso confiar em você Paul? Depois de tudo que passei e depois de descobrir suas mentiras? - houve um silêncio ensurdecedor por alguns instantes - imaginei que essa seria sua resposta. Por favor Paul, saia daqui e não volte.

- Tudo bem, eu sei que você precisa de um tempo - Paul se levantou e foi em direção a porta do meu quarto quando parou de repente - ninguém aqui te fará mal. Eu juro. E meu pai também não lhe fará mal, acredite que em mim quando digo isso - dizendo isso ele saiu e fechou a porta.

Eu caí no chão chorando. Já não aguentava mais, me sentia exausta física e psicologicamente. Ali mesmo no chão adormeci em meio aos soluços. Acordei com o barulho de alguém batendo na porta. Era Jhony. Nossa! Devia ser meio-dia. Por quanto tempo dormi? A porta se abriu e lá estava ele. Ao me ver jogada ao chão correu até mim e me pegou pelos braços.

- Você está bem senhorita Beliza? - ele disse com preocupação na voz.

- Sim estou - o afastei - devo ter pegado no sono enquanto fazia algo. Já está na hora do almoço?

- Faltam alguns instantes ainda, só vim avisar – disse se recompondo.

- Eu não vou descer - bati os pés.

- Menina, já disse que isso só te fará mal. Obedecer lhe garantirá menos dor de cabeça e sofrimento.

- Por que obedecer alguém tão imundo e desprezível? - disse com nojo na voz.

- Porque ele é nosso rei. Simples assim. Agora se apresse logo - ordenou.

- Nosso rei? Não sente nojo de si mesmo ao dizer essas palavras? Não fica com envergonhado?

- Toda história tem dois lados minha jovem, sempre é necessário ouvir ambos para que alguém seja julgado de forma justa.

- Não existem dois lados nessa história, apenas a verdade irrefutável que está escancarada.

- É, talvez você esteja certa e eu seja apenas um monstro traidor - disse balançando a cabeça - se tem certeza que sou isso acho melhor obedecer, porque acredite ou não eu sou um dos mocinhos comparado aos demais.

Jhony saiu, me deixando com uma sensação de esfriamento na espinha.
Me arrumei e em seguida desci para almoçar, quer dizer, olhar os outros almoçarem.

Coloquei um vestido de mangas caídas em tons de preto e branco com um espartilho preto trançado e um colar de pérolas negras, deixei o cabelo solto com duas tranças na frente presas junto a parte de trás do cabelo. Eu estava linda. Não podia me deixar abater ou intimidar com toda aquela situação.

Quando cheguei na sala de jantar todos já estavam lá, parecia até que estavam me esperando. Desci as escadas e os olhares se voltaram para mim. Ergui a cabeça e andei como se não me importasse com os olhares, mas na verdade eu estava apavorada.

A última guardiã da Luz (Completo)Where stories live. Discover now