16 - Visão de luz

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Estou em lugar estranho, uma espécie de jardim completamente branco. O chão tomado de rosas brancas, juro que podia sentir o cheiro delas. Ao longe avisto uma pessoa.

- Oi! - chamei.

A pessoa se virou e tomou cor ao ir se aproximando de mim. Aqueles cabelos cor de fogo, o vestido ver azul de manga comprida, eu já havia o visto antes.

- Mamãe? - falei em meio a um soluço.

- Beliza, é você filha? - sua voz era tão doce.

- Céus é você - fomos uma ao encontro da outra e nos abraçamos.

- Filha! Oh minha nossa, como está grande e forte, já é uma mulher feita - ela me avaliou em meio as lágrimas.

- Mãe eu tenho tantas perguntas, tanto que preciso saber. Como senti sua falta em minha vida.

- Eu sinto muito tê-la deixado tão jovem meu amor e com tamanha responsabilidade. Mas agora não dá para te responder nada, temos pouco tempo nesse lugar, porque você usa energia vital para estar aqui e beira a morte no mundo real - seus olhos me diziam que não teríamos tempo para sanar minhas dúvidas, mas que ela sentia por isso - se você está aqui é porque algo deve ter acontecido ao Ascaban e ao tio Ben.

- Mãe Ascaban é um mentiroso. Ele não é quem diz ser, ele é do Reino das Trevas, um assassino procurado e condenado.

- Eu já sabia disso filha, mas dê a ele a oportunidade de explicar que...

De repente tudo estava se apagando. Era como se eu estivesse sendo puxada, acordando.

- Mãe o que devo fazer? Nos veremos de novo? Como posso voltar aqui? - tentei tocar suas mãos, mas já não as sentia.

- Apenas confie no Ascaban filha, confie nele.

- Mãe, eu te amo!

- Eu também te amo meu raio de sol.

Ela se foi.

Abri os olhos e vi Paul. Eu estava em seus braços.

- Paul? - senti o impulso para tossir - quando você chegou? - me sentia exausta.

- Cheguei a pouco tempo. Que susto você me deu Bela - seus olhos estava arregalados me observando.

- Quem, eu? O que eu fiz? - estava desnorteada.

- Quando cheguei chamei seu nome e você não respondeu. Quando entrei no banheiro você estava afogada na banheira. Tive que rapidamente te tirar de lá e fazer respiração boca a boca, mas você não reagia, nem se mexia. E-eu me apavorei. Achei que você... que você... nem quero pensar nisso.

- Devo ter adormecido enquanto relaxava na banheira – menti.

- Tem certeza que foi só isso mesmo? Sabe que pode confiar em mim. Pode me contar tudo que está sentindo.

O que Paul estava insinuando? Será que pensou que eu queria me matar ou algo assim?

- Sim Paul, foi só isso mesmo - tentei me levantar, mas senti o mundo girar.

- Bela! - Paul me amparou - venha!

Passando os braços ao meu redor me ergueu e me pôs em sua cama.

- Não precisava, só levantei rápido demais - me lembrei do que mamãe me disse visão "você usa energia vital para estar aqui e beira a morte no mundo real" com certeza estava sentindo os efeitos.

- Não comei nada não é mesmo? - perguntou meio que já afirmando.

- Sim. Na verdade, estou faminta - e estava mesmo.

- Se vista e descanse um pouco que eu vou preparar algo para jantarmos.

Me vesti e quando comecei sentir um cheiro de comida fui até a cozinha. Já estava tudo pronto.

- Uau! Que mesa linda Paul - falei surpresa - a comida está muito cheirosa.

- Obrigado querida. Sente-se - então Paul puxou a cadeira e eu me sentei.

Havia carnes desfiadas e massas com molho para acompanhar. As frutas coloridas enriqueciam uma salada extremamente saborosa.

- Você nunca falou muito sobre você. Onde estão seus pais? Tem irmãos, irmãs? - perguntei enquanto saboreava uma deliciosa salada de raízes.

- Eu tenho um irmão mais novo, Henry e meu pai é um homem muito ocupado. Às vezes eu o visito.

- E sua mãe? - perguntei.

- Meu pai disse que ela morreu durante o meu parto. Eu nunca a vi, nem por pintura.

- Sinto muito Paul. Sei como é crescer sem a mãe e compreendo sua tristeza.

- Tudo bem Bela, mas e você, tem família? - indagou.

- Minha mãe, trabalhava no palácio para a família real. Ela morreu pouco depois de me ter, fui entregue ao tio da minha mãe e daí em diante fomos somente eu e ele.

- E o seu pai?

- Não sei nada sobre ele. Quer dizer ninguém sabe nada sobre ele. Minha mãe fez um bom trabalho escondendo sua identidade - dei de ombros.

- A quanto tempo você mora aqui? - tentei mudar o rumo da conversa.

- Faz alguns anos. Eu sou o sucessor de meu pai, mas não quero ser. Então eu vim morar aqui meio que para tentar evitar isso ao máximo, mesmo sabendo que eu terei de assumir o meu lugar uma hora ou outra.

- O que seu pai faz? - perguntei de forma despretensiosa.

Vi o corpo de Paul se enrijecer e logo reparei que ele não estava à vontade falando daquele assunto.

- Bela, acho melhor irmos dormir. Já é tarde.

- Desculpe se invadi demais sua privacidade Paul, só estava querendo saber mais sobre você e puxar assunto.

- Esqueça isso Bela - seu corpo relaxou - venha, vamos nos deitar, o dia foi bem agitado.

- Onde vou dormir? - perguntei meio intrigada, pois só tinha a cama de casal e na última vez ele havia dormido em outro cômodo, mas desta vez estava indo em direção a cama que dormi na última vez.

- Comigo – falou despreocupado tirando a camisa e a jogando no chão.

Meus olhos se abriram mais que o normal. O que ele estava insinuando?

- C-com você? Na mesma cama? - por que estava tão nervosa?

- Calma Bela, não irei te desrespeitar, só vamos dormir, meu corpo nem chegará perto do seu, eu lhe garanto.

- Tudo bem, é só que na última vez você ficou em outro cômodo - eu disse.

- O outro cômodo é um depósito de coisas velhas que guardo. Não nos conhecíamos, então não quis a assustar sugerindo dormir na mesma cama que você. Mas agora me conhece, sabe quem eu sou e não precisa ter medo.

Deitamos com os rostos virados um para o outro por alguns instantes e Paul me deu um beijo leve na testa sem me tocar.

- Durma bem minha Bela.

Não lutei quando os olhos se fecharam e mergulhei no mundo dos sonhos.

A última guardiã da Luz (Completo)Where stories live. Discover now