Capítulo Quatorze

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Esse lugar estava a cada minuto me deixando mais confusa.

O homem que estivera em meu sonho, havia me dito que logo eu descobriria a verdade. Mas que verdade seria essa? Que meu pai trabalha em uma corporação? Que eu estou correndo perigo? Eu nem sei que perigo é este mesmo.

Diversas perguntas iam surgindo a cada minuto que eu descobria algo nesse lugar. E por ironia, claro que nenhuma delas estava sendo respondida.

Resolvi por fim colocar as roupas de couro. Coloquei a blusa preta, a calça de couro, a jaqueta e nos pés as botas de cano médio. O couro caiu muito bem em mim, minha aparência mudou, eu não parecia mais àquela menina que estava confusa e com medo de tudo. Eu parecia forte, eu me sentia mais forte. O couro de um tom escuro realçou muito bem meus cabelos ruivos, meus olhos agora brilhavam.

Voltei a cama e me sentei novamente. Fiquei a observar o espelho do qual o menino apareceu. Eu queria vê-lo novamente, eu precisava vê-lo. Precisava de respostas. Quem sabe ele não pudesse me ajudar.

Fui retirada de meus pensamentos quando novamente Elizabeth apareceu na tela, suas feições não haviam mudado. Estavam às mesmas de quando apareceu pela última vez.

"Já tratamos de colocar os novos Talents em seus devidos quartos, os quartos já se ampliaram. Então agora todos se dirijam para o jardim em frente ao prédio."

Ainda não havia me acostumado com Elizabeth aparecendo e desaparecendo do nada, isso ainda me dava demasiados sustos, pois sempre que ela aparecia eu estava distraída.

Fui até a porta que dava para a sala dos quartos, a abri e sai. Julliet estava sentada no sofá a minha espera, abriu um sorriso quando me viu.

Suas roupas agora eram diferentes, ela não estava mais com o vestidinho vermelho vinho que estivera quando nos separamos, seu vestidinho realçava sua aparência angelical, e indefesa.
Mas agora ela não era mais aquela menininha, estava diferente, não sei o que acontecerá com ela enquanto estava no quarto.
Suas roupas eram de couro iguais às minhas, a única coisa que nos diferenciava era o tom do couro. Pois o de Julliet era mais claro do que o meu, e sua blusa não era preta, e sim vermelha.

E o rapaz, será que ele também aparecerá pra ela? Mas isso não importava agora, minha menina estava radiante. Meus olhos se alegraram só de vê-la mais feliz. Não sei qual é a ligação que nós temos, mas ela é muito forte.

— Julliet você está linda, parece mais feliz. - Olhei-a, e ela sorriu pra mim.

— Você também está Lucy, estou mesmo mais feliz, aquele quarto, não sei o que aconteceu, mas me sinto melhor, mais forte. E também comi um verdadeiro banquete lá dentro. Eu pensei em coisas de comer, e logo elas começaram a surgir a minha frente. - Julliet contava e gargalhava enquanto lembrava-se dos maravilhosos doces que havia comido.

— Ora Julliet, que delicia, eu só comi um hambúrguer com refrigerante.

Julliet continuou contando o que havia comido lá dentro de seu quarto. Foram doces e mais doces.

Saímos do quarto, e seguimos em direção para o elevador que até então eu não sabia que tinha um no prédio. Descemos e fomos para o jardim.

Já estavam lá várias pessoas, algumas estavam em grupos, e outras sozinhas. Avistei Luck com os dois outros meninos que estavam com ele quando chegaram ao quarto, ele me viu, mas desviou o olhar.

Não era possível que ele não se lembrasse de mim. Isso ainda não me convenceu, tem algo muito estranho nisso. Uma pessoa não se esquece da outra do nada.

Elizabeth apareceu de uma das portas de um prédio que eu ainda não sabia qual era. Ela deve adorar aparecer do nada, pois é o que mais faz.

— Olá meus queridos. Como foi a experiência de explorar vossos quartos? Gostaram deles?

Todas a olhavam, mas ninguém teve a coragem de dizer uma só palavra.

No silêncio que se apoderava do lugar pude reparar nas outras pessoas, todos estavam com roupas normais, diferentes da minha e de Julliet.

Mas com exceção de um pessoa!

Só o vi uma vez, mas nunca iria conseguir esquecer aqueles olhos pretos profundos, nem mesmo aqueles lindos cabelos loiros claros. Era ele! O menino do espelho.

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