ATO 30

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Um louco só é louco, pois as pessoas não o compreendem. Louco é quem não entende as loucuras do mundo, e nem as de si mesmo.

 Louco é quem não entende as loucuras do mundo, e nem as de si mesmo

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— Olha só, a caçadora de tigres guaxinins... — um rapaz negro aproximava-se junto com uma garota de cabelo chanel, castanho claro.

— Você é....?

— Merle. Disputamos aquele mico leão na floresta crepúsculo, e essa é a Thammy, minha irmã.

— Prazer — respondi ríspida. Merle parecia sarcástico, mas para mim era alguém totalmente irrelevante.

— Ansiosa para a próxima disputa? — perguntou colocando o braço por de trás da irmã.

— Um pouco.

— Você teve sorte. Seu tigre será muito útil nessa nova disputa.

— Espero que sim — tentei me esquivar deles, até notar Patrick de passos apressados indo em direção a entrada para as escadas do subterrâneo. Segurava um livro grosso por debaixo do braço.

Foi o momento perfeito para me desvencilhar deles e segui-lo. Patrick empurrou o portão e desceu as escadas. O esperei se distanciar para prosseguir.

Desci os degraus devagar, sem provocar nenhum som alarmante. Chegando na porta do dormitório, já entreaberta, avistei Patrick correr em direção a ala masculina.

Com o coração acelerado, trajei o mesmo percurso.

As vezes a madeira do chão rangia, mas nada que desse para notar. Estiquei meu pescoço para dentro do dormitório masculino. O cheiro forte de vaselina ainda impregnava o lugar. Patrick abaixava-se perto de sua cama, pegando o livro que segurava e o colocando de baixo do colchão da cama ao lado, que parecia ser a de Dante. Com descuido, pressionei meu pé em uma das tábuas soltas, causando um barulho alto.

O garoto levantou rapidamente e olhou para os lados.

Me escondi na divisa da entrada da ala feminina para a masculina. Senti seus passos se aproximarem. Estava tudo muito silencioso. Eramos os únicos ali. Arrastei com cautela um dos drenadores e me escondi atrás dele.

— Tem alguém aí? — perguntou desconfiado, passando pela ala feminina.

Eu transpirava. O rapaz abaixou, olhando de baixo das camas, desconfiado. Meus batimentos estavam tão fortes que podiam ser ouvidos a distância. Por sorte, Patrick desistiu rápido, voltando às pressas para a superfície. Empurrei o drenador e saí dali em direção a ala masculina.

"Que diabos ele estava fazendo?" Pensei

Corri para a cama onde escondera o livro, e o peguei.

A capa cujo nome estava escrito "Domesticando animais selvagens" tinha uma aparência velha, embolorada nas bordas. O abri e folheei as páginas, apressada. Lá havia diversos animais perigosos, incluindo a imagem de um grande lobo de pelos negros, cuja folha estava com as pontas dobradas.

"A Raça Cani Lupus é carnívora. Geralmente comem alces e veados. Se não existirem esses animais, podem se alimentar de esquilos, carneiros e outros animais de porte médio. São mansos e estáveis quando roem ossos de suas presas ao término das refeições."

A página continha diversas informações sobre o animal. Logo abaixo, um desenho feito à mão em rabiscos. O mesmo traço do autor que desenhou o lobo que rasteja. A cama de Brok ficava após a de Dante. Me sentei ali e voltei a revistar o livro. Depois desse flagrante, Patrick era meu principal suspeito.

Como o livro havia desaparecido da sessão reservada ele incriminaria Dante caso descobrissem seu paradeiro.

Ajeitei meu corpo no colchão e encostei minhas costas no travesseiro de Brok, porém, algo me machucara.

Um pequeno objeto encontrava-se por debaixo dele.

Deixei o livro de lado, puxei o travesseiro para meu colo e peguei o pequeno objeto escondido. Era uma caixa de madeira revestida de couro, inteiramente preta. Não possuía cadeado apesar de ter buraco para um.

O abri.

Olhei para a entrada, apreensiva. Estava mexendo em coisas que não eram da minha conta, tanto no livro quanto nas coisas de Brok, mas infelizmente minha curiosidade ia além de meu bom senso.

Na caixa, vários papeis velhos, cartas, fotos, entre outros pequenos objetos, como uma corrente prata e um brinco grande com formato de lua minguante. Nas fotos, Brok estava segurando seu violino em pé, ao lado de um rapaz alto de terno, com um semblante severo. Em outras, apenas o garoto brincando com um carrinho sem rodas. Parecia que ele enxergava na época, pois visualizava o brinquedo com apreço. Ao tirar todas as tranqueiras da pequena caixa, um envelope bege era o último dos papeis. Nele estava escrito:

"Para mamãe"

"Feliz aniversário"

Ao abri-lo, uma foto junto com uma carta.

"Hoje é um dia maravilhoso, mesmo vendo a senhora em borrões, ainda posso ter sua imagem límpida em minha mente. Sei que não posso mais lhe dirigir a palavra, mas ainda existo. Estou aqui, esperando um sinal. Quando vamos ficar juntos de novo? Por que não posso ficar ao seu lado? Porque tenho que viver aqui, sozinho? Estava sendo um fardo para você? Nem sei se esta carta chegará ao seu alcance. De qualquer forma, sinto muito pelo que fiz, mas não me arrependo. Feliz aniversário, Mãe "

Dobrei a carta, pegando a foto que estava anexada junto.

Naquele momento, um choque.

Srta. Pompoo estava na imagem, sentada, segurando um Brok aparentemente com quatro anos no colo, de olhar sereno e um sorriso forçado.


 Pompoo estava na imagem, sentada, segurando um Brok aparentemente com quatro anos no colo, de olhar sereno e um sorriso forçado

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