ATO 10

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Tempestades são boas. Em excesso, elas podem destruir tudo, varrendo as impurezas do mundo.

     Nesses dois dias como residente, tirei algumas conclusões sobre tudo o que analisei até então

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     Nesses dois dias como residente, tirei algumas conclusões sobre tudo o que analisei até então. Fatos que, querendo ou não, eu teria de aceitar e me acostumar. O primeiro deles, sendo o mais importante, era:

     Srta. Pompoo é uma pessoa desequilibrada.

     Os drenadores são de uma tecnologia duvidosa.

     Existem pessoas autoritárias, querendo passar por cima dos outros, julgando-os demais.

     A forma como a música nos envolvia era a única coisa saudável que consumíamos.

     As regras são perigosas. 

     Todos eram assassinos que fingiam ser normais.

     A comida da merendeira era péssima.

     E o último, mais preocupante:

     Existia um guardião que nos protegia, mas uma criatura que sequestrava crianças.

     No entanto, meus pensamentos lamentavelmente foram interrompidos por Petúnia no momento em que passei por sua penteadeira.

     — Vai acreditar nas baboseiras do abutre?

     — Vou. Ele foi sincero — respondi.

     — Você gosta dele, não é?

     — Gosto. Ele é gentil e educado.

     — Não nesse sentido, pancada! — exclamou a garota, se levantando da cadeira e aproximando-se de mim — No sentido... amoroso.

     — Não, isso não.

     — Então é o que? Pena?

     — Petúnia, olha aqui. Por que você se importa tanto com isso? Qual o seu problema com o Brok?

     — Eu não vou com a cara dele. Simples assim — Petúnia virou o rosto e silenciou.

     — Será que é isso mesmo o que estou pensando?

     — Isso o que? Não tem o que pensar. Eu sei de tudo. Sei que ele dividiu os sonhos com aquela imbecil da Lola. Dois idiotas! Se ela desapareceu ou morreu é culpa dele. Sempre vai ser!

     — Petúnia... então... depois de tudo isso...

     — Não termine. Não quero sua opinião, não quero saber.

     — Tudo isso é por ciúmes? Ciúmes dele com a Lola?

     — Eu já disse que não quero sua opinião.

     — Você gosta do Brok. Sempre gostou dele — afirmei.

     — Mais uma palavra e eu acabo com você.

     — Você mascara tão bem seus sentimentos bons, que, acredite, até agora só enxerguei coisas ruins aí dentro.

     Petúnia não se aguentou calada e levantou sua mão para me atingir. Mas a bloqueei segurando seu braço e encarando seus olhos por trás de sua enorme franja loira.

     — Não vou mais admitir que use seu orgulho para ferir o Brok. Nós vamos procurar essa garota juntos, eu, você e ele.

     — Ficou maluca?

     — Fiquei cansada.

     O pátio estava escurecendo. A noite se apressava em chegar. Ficamos paradas ali, perto da vitrola.

     — O garoto está sofrendo e tenho certeza que ninguém se aproxima dele porque você o coloca contra todos. Ou você procura Lola com a gente, ou ele vai saber dessa sua paixão esquisita.

     — Mas eu não gosto dele, sua babaca — sussurrou.

     — Então qual é o seu problema?

     — É da Lola que eu gosto. Este é o problema.

 Este é o problema

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I - Onde Vivem Crianças IrrecuperáveisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora