|QUINZE|- O CANTO DA SEREIA.

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Todavia, eu sei que de uma forma ou outra, ele é como todos os outros psicopatas, com o tempo ele ganhará confiança de seus atos. Se sentirá como um Deus, acima de todos os outros, e então ele cometerá o seu primeiro erro.

O elevador se estabiliza anunciando em seguida a chegada ao andar desejado. Olho de relance para meu relógio de pulso me certificando que horas são. As portas se abrem, revelando o extenso corredor branco, do qual eu caminho até a minúscula sala de espera.

O xerife Horan conversar com alguns de seus policiais, e me pergunto se é algo relacionando ao caso ou apenas mais uma conversa aleatória. Meus olhos percorrem o restante do local, vendo o casal que julgo serem os pais da vítima sentados ao sofá, confortando um ao outro, enquanto a mulher está devastada pelo ocorrido com a filha. Olho a diante, percebendo que não há mais ninguém no local, o que eu acredito que seja obra do xerife.

Ao menos ele fez algo correto dessa vez!

Entretanto me atento pela ausência do loiro pirralho, filho do xerife. É engraçado o fato de Niall achar que realmente sabe algo sobre crimes e psicopatas, e a sua imensa vontade de querer palpitar e argumentar cada movimento meu. Para piorar, Niall ainda acredita fielmente que os livros e arquivos policiais dos quais tem conhecimento façam dele um expert na área. Se ele ao menos tivesse passado um terço do que eu já presenciei nessa vida, a visão do garoto seria bem diferente da utópica que ele carrega consigo.

Nem tudo é preto e branco. Há sempre mais cores a serem exploradas.

─ Agente Malik. ─ A voz argumentativa do xerife rompe com meus pensamentos, se aproximando e estendendo a mão em cumprimento.

─ A garota já está pronta? ─ Digo, observando o casal ao sofá que estão perdidos em seus próprios mundos.

─ O médico responsável está a checando uma última vez para liberá-la para o interrogatório. ─ Encaro o responsável pela cidade, satisfeito, enfiando minhas mãos ao bolso da calça social.

─ Xerife, eu irei a interrogar sozinho, sem interrupções! ─ Afirmo, e vejo a decepção rondar o olhar do homem a minha frente. Talvez, ele acreditasse que pudesse fazer parte do interrogatório. Mas, se ele realmente fosse bom no que faz, eu não precisaria estar aqui fazendo o trabalho que deveria pertencer ao xerife da cidade, no caso, o seu trabalho.

Pelos antecedentes criminais da cidade, o máximo que a população havia presenciado eram assaltos a mão armada. E o fato de estarem lidando pela primeira vez com um assassino em série assusta até mesmo o mais dos corajosos policiais de Ventura.

─ A senhorita O'Connor está pronta. ─ O médico anuncia de modo discreto, visando que tal informação passe desapercebida pelos pais da vítima. Uma vez que o olhar da mulher se firmou ao médico após sua aparição.

─ Estaremos aqui se precisar de ajuda. ─ O xerife Horan se prontifica, e tenho a certeza que ele ainda tem a esperança de que eu o convide para participar do interrogatório.

─ O quadro da paciente ainda é arriscado, peço que tenha calma com suas perguntas, agente. ─ O médico argumenta, e rio com a sua reação. Alguém está querendo me ensinar como fazer a porra do meu trabalho.

─ Eu irei agir do modo que eu achar apropriado. ─ Digo, ríspido. Sabendo que a garota não é a primeira e nem a última vítima que tenho que interrogar nessas circunstâncias. ─ A não ser que o doutor prefira ver mais garotas como ela neste hospital. Nós não queremos que isso ocorra, não é mesmo? ─ O médico nega, engolindo em seco, sem saber ao certo o que me dizer. Ele então se retira, enquanto eu o observo ir até os pais da vítima disponibilizando sua total atenção a eles.

O SEGREDO DA NOITEWhere stories live. Discover now