Capítulo 8 - Passado Sombrio

2.6K 143 21
                                    

"Você sabe que me machuquei antes de te conhecer... Você sabe que estou dando o meu melhor, mas eu congelo sob pressão... Eu sei que tudo isso vai se resolver, eu simplesmente podia deixar você me vencer, mas estou congelando." (Freeze you out - Sia)

A semana se passou mais rápido do que eu gostaria. E com ela, veio mais preocupações a respeito do que eu iria fazer da minha vida quando eu chegasse de viagem.

Eu não queria terminar meu namoro com Jason. Apesar de ser trocada inúmeras vezes por livros, eu de certa forma, me sentia segura por isso. Segura por saber que nunca seríamos um casal de verdade. Eu nunca o vi como meu namorado, apenas como um bom amigo. Vê-lo dessa forma, acabou sendo minha "rota de fuga" para eu não me entregar aos meus sentimentos.

Manter-me fria durante todo o nosso namoro, não foi uma tarefa fácil. Quando estávamos juntos, Jason fazia de tudo para recompensar os dias em que não nos víamos, ou seja, ele me enchia de mimos.

Muitas vezes eu chorei de raiva por não ter coragem de corresponder ao que ele sentia por mim, simplesmente por medo de fazê-lo sofrer como Enzo sofreu.

Todo esse sofrimento se deve ao passado sombrio que carrego em segredo. Ao ser marcada por ele, decidi não tentar a amar e nem ser amada. Eu tinha certeza de que carregava todas as imperfeições de meus pais em meu DNA.

Parei em frente ao portão dourado que pertencia à casa da família Brandão e como este estava entreaberto, entrei e comecei a gritar por tia Dóris.

- Aqui nos fundos! – ouvi a voz de Léo distante.

Dei de ombros e comecei a andar em direção aos fundos, brincando com as chaves que estavam em minha mão.

O que eu não esperava era trombar em alguém enquanto eu atravessava o corredor que dava acesso à cozinha.

Com o impacto, eu quase perdi o equilíbrio. Só não o fiz, porque senti mãos me segurarem pela cintura.

- Me desculpe Le... – comecei a falar, mas parei assim que abri meus olhos e percebi que não era Léo que estava a minha frente. – O que faz aqui, Marcos?

- Isso não lhe diz respeito – ele sorriu de lado. –, mas como eu sou um cavalheiro, irei lhe responder.

Arqueei uma sobrancelha e o fitei com desdém.

- Não precisa bondoso cavalheiro. Eu perguntei mais por surpresa que por curiosidade, pois Leonardo me disse que você gosta de passar os finais de semana junto de sua família.

- Isso é verdade. – ele assentiu. – Mas digamos que eu achei um bom motivo para sair da rotina. – Marcos deu uma piscadela seguida de um sorriso malicioso.

Fiquei completamente desconcertada diante de sua resposta. Desviei meus olhos dos seus e percebi que minhas mãos estavam sobre seu peito nu. Senti meu rosto queimar de vergonha. Retirei minhas mãos instantaneamente de Marcos e as coloquei sobre as dele que ainda estavam em mim.

- Pode me soltar, por favor? – inquiri fitando o chão a procura das chaves.

- Ah, me desculpe. – ele retirou suas mãos de mim, e as passou nervosamente pelos cabelos loiros.

- Sem problema. –abaixei-me para pegar as chaves que estavam aos meus pés. – Eu que peço desculpa por ter trombado em você. – levantei-me e o fitei sorrindo.

Só então pude notar que os machucados da briga. Eles estavam começando a cicatrizar e os hematomas, estavam praticamente invisíveis.

- Tudo bem. – ele sorriu. – Como está sua mão? – ele apontou para minha mão que ainda permanecia enfaixada. – Leonardo me disse que você teve uma luxação. – sua voz saiu carregada de preocupação.

Abaixo o Amor!Onde as histórias ganham vida. Descobre agora