Capítulo 6

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Chegamos finalmente ao final de semana, e não haveria trabalhos e aulas por dois maravilhosos dias. Um descanso seria muuuito bom! Eu gostava de estudar advocacia, um sonho antigo.
Na verdade, pensando bem acho que era mais um sonho do meu pai.

Quando eu tinha 1 ano, minha mãe foi embora de casa, mais antes fez uma limpa na conta bancária de meu pai, e claro que ela não podia fazer isso. Mais ela fez, cresci vendo meu pai sofrer com essa injustiça. Vários processos de separação, e anos perdidos lutando por um dinheiro que não iria voltar.

O jeito foi se reerguer e aceitar que eu nunca mais veria minha mãe e meu pai nunca mais veria seu dinheiro. Foi duro, mais hoje estamos aqui.

Portando a decisão da advocacia foi mais uma questão de honra, eu precisava conhecer as leis, pra não ver ninguém passando a perna em meu pai novamente.

***

Passei o dia vegetando no sofá, meu pai precisou viajar para a província Central, para comprar peças pra oficina.

O tédio havia habitado na minha casa, meu dia se resumiu entre assistir filmes, ficar na internet, e comer.

Logo o telefone o tocou e foi surpreendida pela voz do outro lado da linha.

-Oi Bel. Vai sair hoje?

-Alfie? E você mesmo?

-Sou eu... Hoje começa o festival das uvas rosadas, você não vai?

-Nossa! ! esqueci completamente, vou sim, te encontro lá!

-Ta bom... tem como me dar uma carona?

-Ta bom... passo aí. Até. ..
Desligo.

O Alfie não fazia o tipo de cara que gosta de sair no sábado a noite. Ele gostava de ficar em casa, não sei o porquê que hoje resolveu ir ao festival.

O festival das uvas rosadas acontecia de 4 em 4 anos, e era um grande evento da nossa cidade, geralmente era quando os produtores rurais podiam expor seus produtos, todos a base de uva rosada. E mostrar o delicioso vinho que eles preparavam.

Era o grande e único evento, nossa cidade era parada, e quando aparecia algo diferente a cidade em peso comparecia. Até mesmo Alfie.

Me levantei do sofá jogando a preguiça pra fora e fui pro chuveiro, tomei um banho e lavei os cabelos. Logo estava parada em frente ao meu guarda roupa, ( bagunçado por sinal) enrolada na toalha e com outra na cabeça, tentando decidir o que iria vestir.

Meu estilo sempre foi bem simples, sempre roupas confortáveis e nunca usava vestido. Acho que era por falta de modos mesmo.
Quando criança eu só brincava com os meninos, subia em árvores, jogava bolinha de gude e etc... Então meu pai proibiu essa peça do meu guarda roupa.
E aí eu fui crescendo e me acostumando a falta dela.

Mais eu tinha alguns no meu guarda roupa, então decidi que hoje era dia de estréia.

-Vou usar esse florido. Falei para mim mesma e fechei o guarda roupa, certa de que esse ficaria ótimo.
Penteei os cabelos e coloquei uma flor de lado. A noite estava bem quente, o look combinaria perfeitamente. Tentei fazer uma maquiagem com as poucas coisas que eu tinha, todas ganhadas do meu aniversário.

E voilá! Acho que ficou legal...
Peguei minha chave de casa e desci até a oficina do meu pai, me sentei em um banquinho e fiquei esperando ele chegar, para mim pegar sua caminhonete.

-Uau! Você está maravilhosa...
Um dos meninos que trabalhava pro meu pai falou, me virei para trás para saber de quem vinha o elogio.

-Obrigada Devilyn. Sorri e senti ele se aproximando de mim.

-Porque não me espera para irmos juntos? termino meu turno em 40 minutos.

Devilyn falou e sorriu, logo Estefânia chegou perto de nós e nos deu um tremendo susto.

-Ah deixa o Selin saber que tem um gavião paquerando a filha dele..

-Que isso Estefânia, só estava sendo gentil... Devilyn gaguejou e eu não pude deixar de rir. Os meninos da oficina, morriam de medo do meu pai.

-Falando nele, olha quem está chegando.
Me levantei e fui até a porta da oficina espera-lo. Meu pai entrou com a caminhonete na vaga da garagem e desceu do carro já me olhando de cima em baixo. Eu já até sabia os motivos.

1: estava arrumada para sair.
2: estava de vestido.
3: iria precisar de dinheiro.

As três coisas que meu pais mais odiava eram essas citadas acima.

-Aonde você vai?
Papai já falou, fechando a porta do carro tão forte que até deu um eco na garagem vazia.

- Pai, estou indo no festival... e preciso do carro. Falei estendendo minha mão para ele me dar as chaves.

-Sem chance... papai falou e foi tirando as compras de trás da caminhonete, e simplesmente entrou no seu escritório me deixando plantada lá na porta da oficina, todos que estavam lá me olharam por um tempo.

Coloquei a mão na cintura já pronta pra dar meus ataques de liberdade. Meu pai era super protetor, pra mim conseguir sair de casa sem antes dar um piti era muito difícil.

Estefânia me olhou e fez um sinal com a mão para mim ter calma. E foi até o escritório conversar com meu pai. Dois minutos depois eles sairam de lá, não sei o que ela fez, mais voltou de lá com meu pai me entregando as chaves do carro.

- Quero você aqui as 22:00...
meu pai falou, ainda super carrancudo. Estefânia tinha o poder que eu não tinha sobre meu pai, eles no fundo se amavam mais meu pai não admitia isso de jeito nenhum.

-Sem chance... Pai eu já tenho 20 anos, vou estar aqui perto, e vou deixar meu celular ligado. Prometo...
Meu pai soltou um suspiro derrotado por ter sido vencido e eu soltei um gritinho animado e o abracei. .
Ele abriu a carteira e tirou algum dinheiro para me dar e entrei no carro rumo a casa de Alfie...

Chegando na casa dele, imaginei que ele estaria me esperando no portão. Mais ainda não tinha ninguém lá.
Desliguei o carro e fui até a porta apressar o Alfie, que não havia escutado o som da minha buzina.

Quando abriram a porta vi dois senhores já bem velhinhos. A senhora quando me viu abriu um largo sorriso.

-Que moça linda... Não sabia que a namorada do Alfieztir era tão linda...

Namorada? Alfieztir? Acho que bati na porta errada.

-Vó pode deixar que eu atendo.
Ouvi a voz de Alfie ainda de longe, e sua vó saiu dando lugar a um Alfie até que arrumadinho. O que me impressionou.

-Vamos Alfieztir? Falei debochando pelo "belo nome" ele fez uma cara de bravo, se despediu de seus avós e fechou a porta atrás de si.

Saimos em direção ao festival, estacionei o carro um pouco distante da muvuca, não podia deixar o carro do meu pai com um amassado que fosse.
Começamos a entrar pela avenida enfeitada, tudo estava lindo. Havia várias barraquinhas vendendo guloseimas e bebidas, muita gente dançando, e várias crianças brincando em alguns brinquedos montados.

Mais a frente estava o palaque da nobreza aonde o rei a rainha e seus filhos, ficavam( bem longe de todos claro.) Assistindo a festa e as apresentações.

-Essa noite promete. Alfie me falou, e me assustei com seu tom de voz. Estava aprontando alguma...

As Voltas Que A Vida DáWhere stories live. Discover now