Capítulo 4

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Meu pai se aproximou de nós tão rápido, que nem notamos sua aproximação. Ainda estávamos de mãos unidas em um cumprimento formal.

Meu pai nos olhou com uma cara de poucos amigos e percebi que ele não gostou de ter me visto ali. Meu pai sempre foi super protetor, depois que minha mãe abandonou a gente, quando eu era um bebê, meu pai pegou toda a responsabilidade pra si. Cuidou de mim como mãe e pai.
Sempre esteve por perto evitando que eu caísse, me machucasse, me ferisse. Porém tudo isso foi em vão. Porque sem os tombos nunca aprendemos o valor de se levantar.

Ficamos em um silêncio um tanto constrangedor, provavelmente os três esperando que alguem quebrasse o silêncio. E a iniciativa partiu de Ian.

-Muito prazer Senhor. Sou Ian Carttes.

Ian estava sendo muito cordial em sua maneira de falar, e estendeu sua mão que antes estava na minha, para meu pai.
Meu pai apertou sua mão, mais ainda não melhorou seu rosto fechado. Meu pai sempre ficava desconfortável quando o assunto era " Os namorados da Bélgica"
Não que Ian fosse nada meu, mais meu pai não sabia disso.

-Sou Selin. Esse carro é seu?
Papai perguntou levantando uma de suas sobrancelhas, meio desconfiado.
Não deixei Ian responder, e tratei logo de explicar o que estava acontecendo ali.

-Sim pai, eu estava te esperando e vi que o carro dele tinha dado um problema, e me ofereci para ajudar. Na verdade acabamos de nos conhecer.

-Sua filha me deu uma surra, consertando meu carro. O senhor a ensinou muito bem. Ian sorriu mostrando suas covinhas..

Mesmo com o elogio, meu pai continuava carrancudo. E resolvi acabar com aquele momento contrangedor bem rápido.

-É verdade! Bom Ian foi um prazer, mais já vamos né pai?
Estou cheia de matérias pra finalizar.

Falei pegando no braço do meu pai e o levando para a saida do estacionamento, ian fez um sinal positivo com a cabeça e sorriu, compreendendo que eu queria cortar o assunto.

Meu pai, como muitos pais no mundo, sabe exatamente como me deixar sem graça perto de estranhos, eu já estava até acostumada, porém perto do Ian não seria muito legal.

Papai deu um aceno de cabeça para Ian e eu sorri. Saimos e fomos em direção ao carro.

Sentada no banco do carona, ainda consegui ver Ian seguir no seu carro até a estrada principal.
-Perdi uma grande oportunidade- falei para mim mesma.
Porém não pude deixar de ouvir a repreensão do meu pai.

-Quem é aquele cara?

-Eu já disse, acabei de conhecer. Falei ainda olhando para a rua.

-Eu não gostei dele.

Soltei uma risada forçada e olhei para meu pai, que estava com a mesma cara fechada de antes.

-Pai, você nem conhece o cara, e na verdade nem eu. Ele estava com o carro enguiçado e eu ajudei. Só isso, nada mais..

-Porque você quer agir assim? Ajudar os outros, só traz problemas.
Meu pai não era má pessoa, o problema foi a minha mãe, ele confiou nela, e um belo dia ela passou a perna nele, levando todo o dinheiro dele e deixando a mim para ele criar sozinho.
Meu pai nunca mais confiou em ninguém.

-Pai, não é só porque você não confia em ninguém, que eu também não possa confiar. Gritei as palavras na sua cara, e meu pai arregalou os olhos assustado pelo meu tom de voz, eu nunca respondia ele. Porém não concordava com a sua atitude.

Virei a cara novamente para a janela, e engoli o choro para não chorar na frente dele.

-Não quero você perto dele mais. Depois de um silêncio enorme, meu pai finalmente sussurrou.

Decidi ficar calada dessa vez, porém claro que eu não o faria, não via motivos para fazer.

No dia seguinte, levantei cedo para ir na biblioteca antes das aulas começarem, precisava reservar alguns livros.
Ela ficava em uma área externa a faculdade, então era quase inabitada, porque os preguiçosos raramente queriam andar 20 minutos, para chegar lá.

Ao entrar no local, como sempre estava bem vazia, apenas com a bibliotecária e alguns funcionários. Peguei os livros que precisava e me sentei em uma das mesas perto da janela.

Não demorei nada para achar o que estava procurando e comecei a fazer anotações no meu caderno. Logo comecei a sentir que não estava sozinha, no meu campo de visão vi uma pessoa se aproximando de minha mesa, pensei que passaria direto e sentaria em outras mesas.

Porém me assustei quando a pessoa se sentou do meu lado.

-Oi gata! Senti aquele hálito fétido em minhas narinas e logo reconheci sendo de uma pessoa.
Olhei e tive certeza, sua cara cheia de espinhas e seu aparelho azul me fez ter certeza.
Era o carinha que implicava com o Alfie, e eu nem sabia seu nome.
-O que você quer? Falei não demonstrando nenhuma reação. Apenas estranheza pela aquela cara feia na minha frente.

-Conversar! Você não acha que esqueci daquele dia né?

Sua voz de cantor de funk eccou nos meus ouvidos, e estremeci por lembrar que estavamos sozinhos naquele lugar. As pessoas que trabalhavam ali estavam muito longe, que mesmo gritando não ouviriam.
Fiquei apreensiva e comecei a recolher o meu material para ir embora, maid sem deixar transparecer que estava com medo.

-Pois você quer uma segunda dose? Eu ainda sei de muitos apelidos pra te chamar.

-Sabe o que eu acho! Que a gente podia se entender, eu achei você muito linda... ele me olhou de cima em baixo, -O que acha de nós irmos pra um lugar mais reservado?

-Você tá louco! Desinfeta. ..
Falei me levantando e ele agarrou meu braço. -Me solta!
Gritei um pouco mais alto, e ele se levantou ficando na minha frente e prendendo meu outro braço.

-Parece que você não é tão durona assim né? Vai faz uma piadinha? Quero ver como você age quando está acuada.

De repente começou a aparecer vários amigos dele, saindo de traz das prateleiras de livros e se posicionaram na minha frente. Ele olhou para trás e deu um sorriso de canto, satisfeito por ter visto seus amiguinhos ali. Eles ficaram parados apenas olhando.

-Chamar seus amigos e fácil, mais quero ver sem eles. Quer uma briga justa? Vamos só nós dois, e você vai ver quem ganha.

-Nossa mais que bravinha! Nunca vou machucar esse rostinho lindo... apenas se me pedir.

Após falar isso ele forçou um beijo, prensou meu corpo em cima da mesa e prendeu meus braços atrás de mim, me deixando completamente imóvel, eu me debatia e tentava gritar mais não conseguia me soltar, por ele ser mais forte do que eu. Tentei chutar seus documentos, mais ele se esquivava quando eu tentava fazer...
Sua língua tentava abrir espaço em minha boca, e eu apenas virava minha cabeça para não deixar concluir o que queria. Parecia que ja estava durando horas aquele martírio. Foi quando ouvi uma voz, gritando de longe.

-Solta ela! ...

Uau... que sufoco esse hein, Bélgica e sua boca grande, o que vocês acham que vão acontecer? Deixe seu comentário e não esqueça de deixar sua estrelinha...

Beijokas♥♥

As Voltas Que A Vida DáWhere stories live. Discover now