Capítulo 3

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Dois meses depois eu consegui manter um ritmo constante, eu havia pegado o jeito de fazer os trabalhos propostos, sem me enrolar.

Geralmente eu sempre ficava sozinha na faculdade, e embora eu imaginei que isso fosse acontecer, aquele magricela que implicou com o Alfie, nunca mais incomodou, nem ao Alfie e nem a mim.

Agora eramos amigos, Alfie e eu.  ele era muito inteligente e me ajudava a estudar quando precisava.

Um dia no nosso intervalo, estavamos sentados perto do grande campo de futebol, aonde alguns valentões estavam treinando.

Eu estava ajudando Alfie a terminar umas questões do seu curso.
E então ele apareceu...
Sabe quando você está distraída e não percebe que um deus grego está vindo na sua direção?

Eu estava nesse momento, Alfie lia uma questão em voz alta, para que eu o ajudasse dando minha opinião. Mais eu não ouvia Alfie mais, apenas ruidos passavam pelos meus ouvidos.
Ele provavelmente percebeu para onde meus olhos estavam parados, e interrompeu meus pensamentos.

-O nome dele é Ian, Ele é do curso de Arquitetura.

-Ian...
repeti quase que em um sussurro.

O cara era perfeito, per-fei-to!
Corpo atlético, olhos azuis penetrantes, cabelos pretos caídos nos olhos, boca carnuda e vermelha. Nunca vi tanta perfeição junta.

- Ele se mudou para cá tem 3 anos, pediu transferência da província Central, e nunca vi ele com nenhuma mulher.

Olhei para Alfie que escrevia enquanto falava em alto e bom som, nem parecia o mesmo cara tímido de sempre.

-Será que é Gay?
Por favorzinho... Não seja gay, não seja gay... Perguntei para Alfie, torcendo para que ele soubesse da opção sexual da lindeza ali...

- Acho que não. Ele diz que não gosta das futilidades das garotas daqui, e prefere ficar sozinho do que mal acompanhado.

Ah papai! Apaixonei...

-Espera aí! Como você sabe de tudo isso? Perguntei franzindo a testa para Alfie, não conseguia imaginar eles sendo amigos tão íntimos assim...

-Muito tempo preso em armários, a gente descobre cada coisa...

Alfie respondeu e senti uma pontada de pena dele, por passar por situações tão contrangedoras.

-Sinto muito Alfie!
Falei tentando ser solidária, e Alfie voltou a se concentrar no caderno que ele estava lendo a minutos atrás.
Porém a minha mente não conseguia voltar tão rápido para os escritores modernos. Minha mente estava em Ian e como ele ficava lindo com aquela camisa azul marinho.

***

Passei a observa-lo atentamente depois de sua primeira aparição naquela tarde de estudos. Cada aparição dele na minha frente, eram motivos pro meu coração esquecer como se bate.

Vivia sempre rodeado de amigos, cada um mais lindo que o outro, parecem que eles gostam de andar em bandos(Pra minha sorte) era bem reservado e sempre estava lendo alguma coisa.

Parecia o cara perfeito pra mim, como não amar? Eu nunca conversei com ele, nem um oi, depois do que Alfie me contou, parece que uma barreira invisível se formou na minha frente.

Sofria com o medo da rejeição, eu sabia que não era fútil igual as meninas da cidade, mais e se eu fosse feia? E se eu fosse burra?
Insegurança total!
Por isso me mantive longe dele, evitando que ele notasse a minha presença, o que era muito fácil de fazer, difícil era ser notada.

O sinal do término da aula tocou, me tirando de mais uma péssima aula. Péssima porque a professora, nos passou um trabalho oral, e eu era péssima pra falar em público. Já estava com medo só de pensar.

Naquele dia papai iria me buscar na facul, ele havia me ligado mais cedo e pediu para mim espera-lo que ele queria me levar em um lugar muito legal.

Fiquei feliz pela surpresa de meu pai, que sempre fazia tudo pra me agradar...

Quando sai até a parte externa dos portões da Sullivan, me posicionei em um lugar aonde seria fácil meu pai me ver, mesmo com o estacionamento lotado de carros, motos e bicicletas. 5 minutos depois o lugar já estava vazio, e meu pai ainda não havia chegado.

De repente apenas um carro me chama atenção, era um Cadilac prata, com rodas originais de fábricas, e pintura intactas. Quase babei quando vi o carro estacionado em alguma vaga daquele grande lugar.

Reparei que o capô frontal estava aberto e alguém estava curvado dentro dele consertando alguma coisa. Não consegui ver exatamente quem era, mais fiquei incomodada por ver alguém provavelmente passando um sufoco, e resolvi oferecer ajuda.

Não que eu fosse uma expert em carros, mais crescer vendo seu pai consertando carros a vida inteira, me fez adquirir uma grande paixão e curiosidade por eles.

Enquanto meu pai não chegava resolvi ir até aquela pessoa e ajudá-lo. E se fosse algo muito difícil, meu pai também poderia ajudar.

Fui caminhado até o carro, e a pessoa não havia notado que eu estava próximo a ele.

-Precisa de ajuda? Falei me encurvando um pouco, para ficar mais perto do rapaz que ja estava com metade do corpo dentro do carro. Ao ouvir a minha voz, ele tomou um susto, e bateu a cabeça no capô.

Tomei um susto pela pancada que ele levou e dois sustos , quando vi que o rapaz em apuros era o Ian.
Ele se levantou sorrindo sem graça e com a mão na parte batida.

-Ah me desculpe! Não queria te assustar, você está bem?
Falei também muito sem graça por ter chegado tão sorrateiramente.

-Não está tudo bem! Foi só um susto. . Ele falou sorrindo sem jeito, e o sorriso dele de perto, era mais lindo ainda, aliás ele de perto era muito melhor do que de longe.

-Ah que bom.. sorri sem jeito também. E voltei a minha atenção ao carro. -O que aconteceu com ele?

-Na verdade não sei, simplesmente não quer ligar.
Ele me respondei cruzando os braços na altura do pescoço e olhando para dentro do capô.

-Posso? Perguntei apontando um dedo para dentro do motor, e ele deu risinho, que me pareceu bem irônico, e fez que sim com a cabeça.

Dei uma breve olhada por cima daquele carro, e fiquei encantada ao ver que o motor também era original. E estava muito bem conservado.
Logo achei o problema que era tão simples que qualquer um que não entedesse de carro veria.

-Olha! essa borracha está solta.

coloquei a borracha de volta no lugar, sem nem sujar minhas mãos e Ian arregalou os olhos por ser um probleminha tão simples.

-Como eu não vi isso antes? Ele perguntou mais pra si mesmo do que para mim. Provavelmente com o ego ferido, por uma mulher ter conseguido fazer algo que ele não conseguiu.

-Como você sabia?... Quero dizer... Como entende de carros?

-Não entendo.. na verdade meu pai é mecânico e aí aprendi algumas coisas..
Respondi ainda olhando para o pequeno problema que o impedia de sair dali.
-Aliás acho melhor você trocar essa mangueira, vai te deixar na mão de novo.

Ian arregalou mais ainda seus olhos, e quase mergulhei naquele azul tão profundo. Fala sério, hipnotizava qualquer um.
Ian pigarreou, e deu uma olhada no probleminha.

-É. .. obrigada, vou ver isso.
Eu sou o Ian... ( eu sei querido..)
Levantou uma de suas mãos em minha direção e sorriu simpático.

-Bel, muito prazer... apertei sua mão sorrindo feito uma adolescente apaixonada. Espero que ele não tenha notado isso.

Logo ouvi a caminhonete do meu pai estacionando no início da rua. E mentalmente falei um palavrão, logo naquele momento que ele havia reparado em mim..

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As Voltas Que A Vida DáWhere stories live. Discover now