cap. 21

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Dito isso ela sai e bate a porta, olho em volta do meu quarto e só aí percebo que irei ter que limpar toda aquela bagunça causada pela cascavel, resolvo ligar para Hayle, talvez ela possa me ajudar. O telefone dela chama a primeira, a segunda e a terceira vez, e nada dela atender, resolvo fazer a última tentativa e finalmente dá certo, sua voz sonolenta finalmente pode ser escutada por mim.

Ligação on :

-- Hayle ? Estava dormindo?

-- o que você acha ? - fala ainda sonolenta, resolvo ignorar sua ironia e vou direto ao assunto.

-- pode vir aqui?

-- para que? - ela pergunta já com uma voz melhor

-- preciso da sua ajuda - falo enquanto desço as escadas a procura de algum pano

-- hm, pra que? - ela torna a fazer a mesma pergunta

-- pare de fazer tantas perguntas! vai vir ou não?

-- tá, tá bom, estou a caminho, daqui uns trinta minutos estou aí- fala e desliga .

Ligação off

Finalmente acho o bendito pano e subo novamente para começar a limpeza, até que ela chegue as coisas já estarão melhor. Arrumo
primeiro minha cama e vou para o banheiro lavar a tesoura, pego um pouco de água e molho meu rosto, como se aquilo fosse me acordar daquele terrível pesadelo que estava vivendo, a dor de cabeça só aumentava de acordo com minha preocupação, quanto mais me esforçava para pensar mais doía minha cabeça, afinal nunca fui de pensar muito hehe. Volto para meu quarto e começo a olhar para o vestido deixado por minha mãe, estava doendo tanto por dentro, parecia que aquilo era a única lembrança dela, apesar de ter vivido 15 anos ao seu lado, ainda assim foi muito pouco, sua voz era como se tivesse anjos cantando para mim, seu toque, seu cheiro, suas reclamações repentinas me deixavam zangada, me arrependo por todas as vezes que respondi para ela, eu daria tudo para ter mais um momento com ela. Balanço a cabeça com a esperança de afastar meus pensamentos para bem longe e começo a juntar os pedaços de pano que também estavam lá dentro, além do vestido, Lexi tinha cortado uma blusa e outras peças de roupas que eu nem sabia que ainda tinha. Começo a pegar tudo e colocar em cima da cama. Como eu havia deixado a porta meio aberta logo que Hayle chegou eu vi sua sombra se aproximando do quarto, me levanto e a puxo para dentro e fecho a porta.

-- ai calma, bitch, para que essa pressa? Sei que me ama e tava com saudades mas eu não vou fugir não, pelo menos não enquanto eu não souber de tudo- fala enquanto analisa o quarto, ou o que sobrou dele.

-- Deixa de onda Hayle, leve algo a sério e seja menos infantil, amadureça, aja como uma garota da sua idade agiria-falo em um tom alto e ela fica meio "assustada"

-- ok... quer que eu seja menos infantil? Seja séria? E como uma garota da minha idade agiria? Bom vamos começar... Que eu saiba não fui eu quem grudou chiclete na cadeira do cara que eu mais odeio e depois fiquei me agarrando por aí com ele- começou a falar em um tom mais elevado, quase gritando- não fui eu quem bebeu todas e ficou tão louca que nem se lembrou da noite anterior, não fui eu quem ficou uma fera só porque jogaram uma boneca em mim, não sou eu quem...- ela começou a jogar todas a lazeras que já fiz, tudo aquilo estava me machucando, muito mesmo, meus pensamentos foram afastados para bem longe quando Hayle de repente sai do quarto e bate a porta.

Meu rosto estava coberto pelas lágrimas que jorravam e não faziam a mínima questão de saírem despercebidas. Jogo-me na cama, cubro minha cabeça com meus travesseiros e continuo a chorar, devo ter passado muito tempo assim, pois já estava escuro, ligo para meu pai e peço para dormir na casa de Cauã, estava fraca demais para ficar só, e sabia que ele não iria chegar cedo, no início ele nega, não deixa de modo algum que eu vá, suplico mais um pouco e ele acaba cedendo as minhas vontades, o agradeço e lhe desejo boa- noite. Desligo o celular e puxo minha bolsa, coloco dois pares de roupa, um pijama cheio de estrelas azuis e meus objetos higiênicos, como por exemplo : escova e toalha. Tomo um banho rápido e me visto (mídia do cap.)

Saio de casa e vou na taberna comprar uma bolacha, com toda essa correria não tive tempo para comer. Começo a caminhar rápido, passo pela casa de Daniel e paro bem em frente. Havia apenas algumas luzes acesas, olho para a maçaneta e a vejo sendo girada, corro e me escondo, aliás, que merda que eu tô fazendo? Era para eu ir direto para a casa de Cauã. Sinto uma mão em meu ombro direito e me viro rapidamente com o susto que levei.

-- está tudo bem? posso lhe ajudar em algo? - uma garota com cabelo louro e olhos claros, bem, eu não consegui ver direito a cor dos olhos pois era noite, mas se percebia que eram claros, usava um vestido simples, mas elegante ao mesmo tempo e uma sapatilha, ela era bem branca, me lembrava o Daniel...

-- ah... É... eu... Não... quer dizer...Não precisa... Tchau- corri e a deixei ali, imóvel e possivelmente assustada por não saber o que estava acontecendo.

Será que ela era uma nova namorada do Daniel? Ou eles estavam apenas ficando..? Afs tanto faz, eu não me importo, tenho um namorado perfeito, perfeito até demais para ser verdade. Pego meus fones e conecto ao meu celular, escolho a música "Sugar" do Maroom 5 e continuo caminhando. Chego na casa do Cauã. Aperto a campainha e espero. Só agora me toquei que devia ter ligado para lhe comunicar, ou melhor, pedir.

Uma senhora de cabelos grisalhos, pele enrugada, pouco baixa e fofinha vem caminhando até mim e pergunta quem sou.

-- sou a namorada do Cauã, ele está?

-- está sim, agora pouco ele foi para seu quarto- falou enquanto recuperava o fôlego- Mas se você quiser, posso chamá-lo. Qual seu nome? - disse dando um sorriso meigo para mim.

-- quero sim, meu nome é Katherine, mas me chame de kat. Será que posso entrar? Estou muito cansada- disse pondo a mochila no chão.

-- oh claro, pode sim, perdão, onde estão meus modos!? - falou enquanto abria o portão. Eu sorri levemente com seu jeito atrapalhado e sereno.

-- obrigada- dei um abraço nela e a mesma retribuiu, não sei o porque que eu fiz isso, mas ela era tão gentil que não podia deixar a oportunidade escapar.

Fomos caminhando em silêncio até a porta da casa e finalmente ela quebra o gelo.

-- a senhorita quer que eu leve sua mochila até a porta? Me parece exausta...

--não precisa, está tudo bem- respondi com o sorriso no rosto mais meigo que consegui arranjar naquela situação. Ela abriu a porta e logo agradeci.

-- vou chamar o Sr. Cauã, só um instante- disse de um jeito contente. Ela era bem simpática, seu jeito carinhoso comigo sem nem ao menos me conhecer foi espantoso, consegui afastar tudo aquilo que estava me deixando angustiada perto dela. Certamente era alguém muito apreciada na casa.

-- Não precisa, eu mesma prefiro ir lá, não quero incomodar a senhora.

-- ok querida, quer que eu coloque sua bolsa para secar? - olho para mim e só aí percebo que havia chovido e eu estava meio molhada, certamente não foi uma chuva forte, mas o suficiente para me deixar em condições desprezíveis.

-- se não for lhe incomodar...- falo enquanto tiro a mochila e a estendo para que ela pegue.

-- incômodo nenhum, Senhora...- falou com o objetivo que eu completasse sua frase falando meu sobrenome.

--Forbes, mas me chame de Kat, por favor, "senhora" me soa um pouco velho, sem ofensas- rimos juntas e prendo meu cabelo. - onde Cauã está?

-- o Sr. Ibaldo está no seu quarto, uma garota veio vê-lo desde tarde e eles ainda não saíram de lá de dentro, sabe onde é o quarto dele? - um medo, ciúme ou raiva sobe em mim e começo a subir as escadas batendo o pé e sem nem ao menos agradecer pela informação daquela senhora.

Chego ao quarto de Cauã e fico parada olhando para a porta, talvez me preparando para tudo que eu poderia encontrar ali. Procuro não pensar em coisas negativas mas não há como. Escuto um grito de uma garota, reconheço a voz, em seguida risadas ecoam sobre o quarto. Tomo coragem e abro a porta.

Conflitos De Uma Marrenta Where stories live. Discover now