02|I don't want to talk about this

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" I'm broken, do you hear me?

I'm blinded, 'cause you are everything I see

I'm dancing, alone

I'm praying, that your heart will just turn around"

More Than This- One Direction

Assim que Manu abre a porta da frente da casa, não consigo segurar um suspiro. A casa é o sonho de consumo de qualquer pessoa, decorada com os melhores móveis, e perfeitamente arrumada. Completamente adversa ao pequeno e bagunçado apartamento que eu e minha mãe dividíamos em Londres. Meu pai sempre foi um homem rico, nascido em "berço de ouro", e dinheiro nunca foi problema para sua família. Ao contrário da minha mãe, que era uma simples garçonete até antes da sua doença agravar, meu pai sempre teve um gosto pelo mundo dos negócios, e sempre foi muito ambicioso, nunca satisfeito com que já possui.

Entramos na casa e, com a ajuda do Sr. John, que é meio que um faz-tudo da família- cuida do jardim, da piscina, de qualquer problema elétrico ou de encanamento e dirige- e também o senhor mais simpático que eu já vi, subimos as malas pela grande escada em forma de meio círculo, dando de cara com um longo corredor. Agradeço ao Sr. John, que coloca minhas malas em meu quarto de sempre, pela ajuda e o mesmo se despede, afirmando que precisa resolver algum problema de encanamento na cozinha.

-Senhor John, sabemos que o único problema que se encontra para resolver na cozinha é a sua relação com a Dona Marta.- Manu fala gargalhando, e eu a sigo. Dona Marta é a cozinheira e arrumadeira da casa, e o Sr. John é apaixonado por ela desde que passou a trabalhar aqui, o que foi há um longo tempo atrás.

-Minha menina, ali já não há mais nada que possa ser resolvido. Não entendo o porque de vocês, mulheres, têm de ser tão complicadas. Um dia ainda me fazem perder o juízo.- Sr. John fala, o que faz eu e Manu rirmos mais. -Se me dão licença, tenho trabalho a fazer.

-Vou arrumar minhas coisas no meu quarto, depois volto aqui, OK?- Manu fala assim que o Sr. John deixa o quarto, e eu concordo com a cabeça.

***

Após todas as minhas coisas arrumadas, me jogo na cama do meu quarto. Olho para minha janela, que vai desde a minha escrivaninha e segue virando uma porta até o fim de parede do quarto, e que dá para uma pequena varanda, a qual fica exatamente de frente para a varanda do vizinho- que por ironia do destino, vem a ser Cameron. Percebo que ele já se encontra no seu quarto (descarto minha teoria de que ele iria para a casa de Nash), andando de um lado para o outro enquanto fala ao telefone. 

Levanto da cama e sigo em direção à porta de vidro, querendo observá-lo melhor. Ele se encontra sem camisa, vestido apenas com uma bermuda, apesar do pouco frio que faz agora na cidade, e possui uma expressão um tanto preocupada enquanto fala. Não consigo entender ou ouvir a conversa, apesar da proximidade de nossas varandas- dá para pular de uma para outra sem dificuldade alguma-,  mas posso presumir que ele está tendo uma discussão com quem quer que se encontre do outro lado da linha. Me afasto rapidamente da porta no momento em que sou pega espiando por aquele par de olhos marrons, e fecho a janela, assim como acortina. Ainda com a respiração acelerada, afasto os pensamentos sobre ele que circulam em minha mente, me jogando de volta na cama.

***

Ajusto em meu corpo a simples blusa branca que uso assim que saio do carro de Manu, dando de cara com uma grande casa branca e adolescentes já bêbados em seu jardim. Assim que entramos na casa, a batida da música eletrônica que toca já soa alta em meus ouvidos. Manu insistiu em me trazer para essa festa já que, segundo ela, preciso começar a me enturmar e a conhecer meus novos colegas de escola. 

-Vou procurar o Nash, tudo bem deixar você sozinha?- Manu pergunta gritando em meus ouvidos, devido à altura da música. 

-Tá brincando? Vai logo atrás do seu namorado, garota!- Falo virando e empurrando ela em direção à multidão, dando um tapinha de brincadeira em sua bunda, o que arranca uma gargalhada dela.

Começo a andar pela casa na tentativa de achar a cozinha e pegar uma bebida, o que consigo fazer após vários esbarrões em estranhos bêbados. Assim que encho meu copo com a primeira bebida que encontro, começo a andar de novo, a procura de um jardim ou alguma coisa do tipo, já que ficar dentro da casa estava fora de cogitação devido ao imenso barulho e enorme quantidade de pessoas dentro dela.

 Comemoro mentalmente assim que passo por uma porta que dá para a parte de trás da casa, a qual possui uma grande piscina. Caminho em direção à esta, podendo observar alguns casais se comendo pela boca e duas meninas já vomitando. Tiro meus sapatos de salto e subo a bainha da calça que visto, me sentando na borda da piscina e colocando meus pés na água. Levo meu copo até a boca, sentindo o líquido queimar minha garganta logo antes de perceber alguém sentando ao meu lado.

-Não esperava ver você por aqui, Carter- Cameron fala levando seu copo até a boca.

-Nem eu. Mas não pude dizer não àqueles olhos azuis brilhantes de Manu- Falo rindo um pouco, e ele me acompanha. Todos sabem que é quase impossível resistir a um pedido de Manu, já que ela possui olhos azuis tão vivos que, combinados com o olhar certo, fazem qualquer um derreter; o que é injusto já que quase sempre ela consegue o que quer.- Sobre hoje de manhã...

-Esquece isso, Carter- Ele fala me interrompendo, olhando diretamente nos meus olhos, e fico com um pouco de dificuldade de respirar, devido à nossa proximidade.

-Não, sério. Desculpa por ter falado daquele jeito com você.

-Tudo bem, eu até que mereci.- Ele falou ainda com o olhar, preso ao meu. - Como você tá?- Ele pergunta e eu automaticamente desvio meu olhar do dele, passando a olhar para a água.

-Eu estou bem, obrigada- Venho dizendo tanto isso ultimamente que já é automático.

-Não, eu quero saber como você realmente está- Ele fala colocando a mão em meu queixo, puxando meu rosto em direção ao seu. Não posso evitar de encher os olhos de lágrimas assim que ouço aquela pergunta. É incrível como ele, mesmo depois desse tempo, ainda consegue me conhecer tão bem.

-Estou ótima, sério- Respondo afastando as lágrimas, e ele me lança  um olhar estranho. Por incrível que pareça, não derramei uma lágrima sequer desde que recebi a notícia da morte da minha mãe; e não vai ser aqui, numa festa cheia de gente bêbada, e na frente de Cameron, que eu vou derramar a primeira. Seu olhar continua preso no meu, e eu sei que ele está fazendo aquilo que ele sempre faz de tentar me decifrar pelo meu olhar, e eu odeio quando ele faz isso, pois me sinto vulnerável.

-Eu deveria ter ligado- Ele fala quase como um sussurro e corto os nossos olhares, interrompendo-o

-Não vamos falar sobre isso. Pelo menos não aqui e não agora- volto meu olhar para ele assim que termino minha fala. Não estou nem um pouco afim de me aborrecer discutindo com ele o que ele fez ou o que ele deixou de fazer.

-Tudo bem, não precisamos falar nada- Ele fala aproximando seu rosto. Com seu olhar ainda preso ao meu, começo a sentir sua respiração se misturando com a minha, ficando sem reação alguma. Graças a Deus levo um susto quando alguém cai na piscina, me afastando de Cameron- o que eu seria incapaz de fazer se não tivéssemos sidos interrompidos.

***

Tradução da música More Than This

"Estou despedaçado, você me ouve?

Estou cego, porque você é tudo que vejo

Estou dançando, sozinho

Estou rezando, que seu coração volte atrás" virando uma porta

No link externo está foto de como eu imagino a Alice na festa. Bjoss

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