- Não é nada demais - falei, porque realmente não era. Lá estava eu, em uma casa enorme sem a supervisão de um adulto, com minhas melhores amigas  no sofá. Nada contra meus pais, que são ótimas pessoas e tudo, mas eles poderiam ter ficado em Boston até o ano-novo, e eu não ficaria chateada.

- Ligarei do hotel - disse ela.

Dinah aparentemente a ouviu pelo telefone, pois murmurou um "não duvido" enquanto eu me despedia.

- Acho que ela tem algum distúrbio de afeição - falou Dinah quando eu desliguei.

- Bem, é Natal - respondi.

- E por que você não vai para a MINHA casa no Natal? - perguntou ela.

- A comida é uma porcaria - falei. Dei a volta no sofá e ocupei meu assento na almofada do meio.

- Racista! - exclamou Dinah.

- Não é racismo - retruquei.

- Você acabou de dizer que a comida polinésia é uma porcaria - disse ela.

- Não falou, não - afirmou Camila, erguendo o controle remoto para reiniciar o filme. - Ela disse que a comida polinésia DA SUA MÃE é uma porcaria.

- Exatamente - confirmei. - Eu gosto muito da comida na casa da Ally.

- Você é uma tapada - falou Dinah, que é o que ela diz quando não tem uma resposta. E, em termos de resposta de quem não tem resposta, até que é muito boa. Camila reiniciou o filme, e Dinah continuou: - Deveríamos ligar para Ally.

Camila pausou o filme de novo e se inclinou para a frente, na minha direção, a fim de falar diretamente com Dinah.

- Dinah - chamou ela.

- Sim?

- Pode, por favor, parar de falar para eu poder voltar a admirar o corpo incrivelmente lindo do Ryan Goslin?

- Isso é tão gay - comentou Dinah.

- Eu sou uma MENINA - disse Camila. - Não é gay eu me sentir atraída por homens. Agora, se eu dissesse que você tem um corpo gostoso, ISSO SIM seria gay.

- Ai, toma - falei.

Camila ergueu os olhos na minha direção e falou:

- Não sei se você lembra, mas além de Dinah, você é a gay Lauren, fique quieta.

Eu não tinha resposta para aquilo, pois era a mais pura verdade.

- Ally está no trabalho - falei, desconversando - Ela recebe em dobro na véspera de Natal.

- Ah, é - disse Dinah. - Esqueci que as Waffles Houses são como as pernas de Lindsay Lohan: sempre abertas. N/A: Eu amo o humor ácido do John <3

Eu ri. Camila apenas fez cara feia e reiniciou o filme. Ryan Goslin ficou com a camisa branca transparente por conta da chuva falsa na cena do filme. Camila suspirou, satisfeita, enquanto Dinah exprimiu seu sofrimento. Depois de alguns minutos, ouvi um som de cliques baixinhos ao meu lado. Era Dinah. Passando fio dental. Ela é obcecada por fio dental.

- Isso é nojento. - comentei. Camila pausou o filme e me olhou com cara de sermão. Não havia muita maldade no rosto; ela enrugou o nariz de botão e apertou os lábios. Mas eu sempre sabia pelos olhos se ela estava realmente com raiva de mim, e os olhos pareciam bem sorridentes.

- O quê? - falou Dinah com o fio dental pendendo na boca entre os molares.

- Passar fio dental em público. É muito... Por favor, pare com isso.

Ela parou, relutante, mas insistiu em ter a última palavra.

- Meu dentista diz que nunca viu gengivas mais saudáveis. NUNCA.

Revirei os olhos. Camila passou uma mecha de cabelo rebelde para trás da orelha e reiniciou The Notebook. Assisti por um minuto, mas então percebi que estava olhando pela janela. Uma luz distante na rua iluminava a neve como um bilhão de estrelas cadentes em miniaturas. E, ainda que odiasse incomodar meus pais ou privá-los de um Natal em casa, não pude evitar desejar mais neve.

-x-


Chegamos ao final do primeiro capítulo! Tomara que tenham gostado!

Se vocês ainda não leram essa história, acho mais legal ler depois que eu terminar de adaptar, porque se não vai perder o gostinho de 'quero mais' e de surpresa. Mas se quiserem ler a original antes de eu terminar a adaptação, sem problemas! Super indico a história.

Um beijo no coração de vocês <3

Até o próximo capítulo.

Twitter: jaureguilaurin

O Milagre da Torcida de Natal ❄ CAMRENWhere stories live. Discover now