ATO 11

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Prefiro sonhar por uma eternidade, do que passar um minuto na realidade.

Prefiro sonhar por uma eternidade, do que passar um minuto na realidade

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Um mundo desconhecido me esperava.

Como parte das regras, todas as noites, sem exceções devíamos usar os drenadores. Desta vez ele me levou a um jardim, onde me encontrava sentada em um banco de madeira, cumprido e velho. O vento fazia as flores dançarem. O sol esquentava minha pele pálida. Era um lugar extenso, colorido. Grandes novelos brancos enfeitavam o céu e alguns pássaros de quatro asas sobrevoavam acima, em direção ao Norte.

— Não vá tão longe! Está bem ali, veja! — apontei em direção ao disco de plástico vermelho, que a pouco havia jogado para Luna pegar — Mais para esquerda! — dizia a ela. Ninguém mais estava ali, além de nós.

A cachorra cheirava o gramado ao mesmo tempo que balançava seu pequeno rabo branco felpudo para lá e para cá. Sua procura pelo disco durou por mais alguns minutos.

— Não, Luna! É para a esquerda! Está indo errado! Ora, mas é óbvio que você não vai saber para onde é à esquerda... — levantei com um pulo e a instruí até o local do disco — Lá! Viu? — a cachorra latiu e deu pequenos pulos em minha volta — Não, meu amor, não vou te dar comida. Quero que pegue o disco que está bem do seu lado! — Luna ignorou todos os meus gestos e continuou seus charmosos pulinhos — Está bem! Aqui está — peguei de minha bolsa transversal um saco de biscoitos em formato de ossos e joguei para ela — você pode não entender nada do que digo, mas não é boba.

E então, antes mesmo de abocanhar o aperitivo, ela esticou seu pescoço para cima, observando o céu. Copiei seu gesto e notei que nuvens cinzas apareceram, cobrindo o sol.

— Vem tempestade aí — dizia a ela. Luna voltara a olhar para mim e em seguida disparou a correr.

— Luna! — disse assustada — Aonde vai?! — E corri atrás. O vento ficou mais forte. Via um borrão de árvores passar por mim enquanto disputava uma corrida com Luna, sem lógica, tentando alcançá-la. Eu corria o mais rápido que podia — LUNA! PARE COM ISSO! — mas era longa a distância. Minha amiguinha era rápida demais com suas quatro patas.

Foi quando, por fim, ela parou. Sem fôlego, diminui os passos até chegar a ela. Pude entender sua pausa repentina ao notar logo à frente, pouco metros de nós, um garoto e uma garota deitados na grama. Havia um lago próximo a eles e belas flores azuis envolta de grandes arvores com raízes enormes.

Luna sentou e os observou.

Parecia que não notavam nossa presença, então sentei para observá-los também.

— Acho que está quase na hora — dizia o garoto com as mãos erguidas em direção ao céu.

— As estrelas devem ser lindas vista daqui, não é mesmo, amor?

— E são. "Eu vos direi: Amei para entendê-las. Pois só quem ama pode ter ouvidos, capaz de ouvir e entender as estrelas."

— Que lindo! Você tem a alma de um poeta!

— Tenho?

— Tem! Você é uma pessoa maravilhosa, Brok. Simples, humilde e tão sensível que para alguns até incomoda, mas para mim... encanta.

— Então me considero um cego de sorte — disse Brok sorrindo, com o rosto virado para o lado onde a garota estava. Acariciou-lhe o rosto suavemente, passando os dedos em seus lábios — obrigado por tudo, Lola. Amo você mais do que este vasto céu de estrelas.

— E eu apenas amo você porque sou péssima em dizeres românticos! — ambos sorriram.

Eu os observava com muita atenção. Luna sentou em meu colo e juntas também esperamos a noite chegar.

Abri os olhos.

A primeira coisa que vi foi o teto velho com a tinta gasta. Levantei com um bocejo, desconectei o fio e desliguei o drenador.

— Bom dia, Pancada — sussurrou Petúnia ainda se espreguiçando na cama ao lado — Dante! Cadê você com minha escova, seu lerdo desmiolado.

— Já estou a caminho, Petúnia! — o rapaz veio aos tropeços, com uma escova de madeira. Penteou os cabelos dela como se fosse algo extremamente importante.

— Antes de me levantar, qual era o combinado? — perguntou ela.

— Estar aqui a esperando acordar — respondeu Dante, já tremulo.

— E por que não estava?

— Por que todos nós acordamos ao mesmo tempo...

— Sou a Alfa! Não me importo com nada disso, quero que programe esta droga de máquina para acordar antes de todos!

— Mas não tem como... eu não sei...

— Petúnia, eu realmente gostaria de poder levantar sem ouvir sua voz insuportável ecoando pelos dormitórios — era Brok, com o semblante mais pálido que nunca. Arrastava seus pés até a saída dos quartos segurando sua bengala.

— E eu gostaria que você dormisse, e não acordasse mais!

— Petúnia! — adverti.

— Foi ele quem começou, Pancada! E ainda quer que eu me junte a esse idiota? Prefiro procurar Lola sozinha.

— Não, o Brok vai junto e já tenho um plano para esta noite.

     — Não, o Brok vai junto e já tenho um plano para esta noite

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I - Onde Vivem Crianças IrrecuperáveisWhere stories live. Discover now