OITO: CORAÇÕES JOGADOS AO VENTO.

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Eu sinto-me incomodada com a situação que está ocasionando a minha saída da minha zona de conforto. O fato de que meu pai deseja que eu conheça sua namorada, assusta-me, pois sei que o compromisso entre eles está sério e eu me vejo em uma circunstância que não sei ao certo como lidar

E enquanto minha mente borbulha em medidas contragosto da proposta de meu pai, eu cutuco as canetas dentro do pote de metal sobre a mesa, buscando tempo para colocar todos os meus pensamentos em ordem, á medida que o olhar de meu pai está focado em mim, aguardando por uma resposta. Eu deixo minhas inseguranças e meu capricho nutrido por uma jovem do passado que não existe mais para trás. Afinal meu pai merece ser feliz e se Eliza foi sua escolha, então tudo bem por mim.

Eu preparo minhas palavras a proferirem 'Sim, será um prazer' , porém o som inoportuno do telefone toca impossibilitando a minha resposta. O olhar de meu pai vai ao telefone e volta em seguida em minha direção. Ele ergue o dedo indicador, em um pedido que eu aguarde o final da ligação para continuarmos a nossa conversa, á medida que o aparelho é levado até a altura da sua orelha.

─ Alô? ─ O timbre da sua voz é sério e profissional, estando centrado no diálogo com a pessoa do outro lado da linha. ─ Claro, Dawson, será um prazer ajudá-lo com o carro.

Meu pai prolonga a conversa ao telefone, e eu me distraio, olhando através da janela do escritório o ambiente da mecânica e involuntariamente percebo que meus olhos buscam por uma pessoa específica. Por Harry. Eu o encontro e observo enquanto ele
busca por algo dentro dos armários, o que aparentemente é localizado com facilidade. Ele caminha de volta para um dos carros estacionado dentro da mecânica, cujo o qual ele está aparentemente trabalhando no motor do veículo.

Alguns dias haviam se passado desde o beijo entre eu e Harry, e a sensação de que ele está me evitando persegue-me desde então. Não que eu tenha o visto com muita frequência desde aquele dia, mas as poucas vezes em que nossos caminhos cruzaram-se, Harry estava distante, preso em seus próprios pensamentos e evitando qualquer tipo de contato comigo.

Volto a minha atenção para o rapaz que domina meus pensamentos, e eu o vejo concentrado na tarefa em que realiza. Desfoco rapidamente meu olhar, reparando que a conversa de meu pai ao telefone possa demorar mais que o esperado. Então, resolvo responder a sua pergunta sobre o jantar com a ajuda de um pedaço de papel e uma das canetas que pego emprestado do pote que contém várias delas sobre a mesa do escritório. E rapidamente eu escrevo as palavras que deixarão meu pai entusiasmado e contente.

Eu estico o pedaço de papel com a minha caligrafia  até o campo de visão de meu pai

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Eu estico o pedaço de papel com a minha caligrafia  até o campo de visão de meu pai. A movimentação chama por sua atenção e ele faz a leitura do bilhete com os olhos. Sua fisionomia alegra-se, e ele sorri dando uma piscadela a mim. Eu fico feliz com sua reação e agarro-me a ideia da importância da felicidade de meu pai, para que assim eu evite novos pensamentos de reclusa sobre sua namorada.

O SEGREDO DA NOITEWhere stories live. Discover now