the nightmare before christmas ♡ muke [c]

✞ this is halloween

Boys and girls of every age, wouldn't you like to see something strange?

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Casa dos Clifford - 2 dias até o Halloween - 6:50PM

Michael podia chamar-se de prodígio. Ou algo semelhante a isso.

As pessoas ao seu redor sempre diziam que ele era um, porém, ele não gostava de crer em tal fato. Sempre se achou sem graça, e mesmo que ele saiba que sua inteligência é capaz de levá-lo a níveis em que adolescentes normais na sua idade nunca chegariam, sua natureza autodepreciativa não permite que ele utilize seu intelecto para algo em benefício próprio. Michael só gosta de ser comum, porque ser diferente é ruim.

E não é como se ele pudesse controlar o tédio que estava sua vida por não ter tido tempo de usar seu QI em algo benéfico para si, como fazer aulas extras em qualquer matéria. Não que ele precisasse, entretanto, era melhor que ficar sem fazer nada.

Faltavam dois dias para o Halloween e Michael encontrava-se em um constante ciclo em todo santo - irônico? - Dia das Bruxas.

Encontrar seus amigos. Se fantasiar. Pegar doces. Dar doces. Assustar criancinhas.

Por mais que já fosse crescidinho para fazer isso - segundo as palavras de sua mãe -, ele ainda gostava de sair nas ruas e comemorar a data. No entanto, a rotina-do-dia-do-Halloween tornara-se enjoativa. Mas ele gostava muito da data para desfazer-se dela por completo, ele só queria fazer algo diferente e ainda assim relacionado ao Dia das Bruxas.

— Talvez isso seja muito emo-gótico da minha parte. — Murmurou para si mesmo, suspirando ao ouvir o barulho do micro-ondas dizendo que as pipocas estavam prontas.

Abriu-o, retirando o saco de pipocas de lá de dentro, pegando com a outra mão a vasilha que iria colocá-las. Separou as abas do saco com leveza, sentindo o cheiro de bacon adentrar suas narinas e ele só sentiu mais vontade de devorar o milho estourado. Despejou todo o conteúdo na vasilha, em seguida pegando o saco vazio e jogando-o no lixo. Pegou a vasilha com uma das mãos e, com a outra, fechou a portinha do micro-ondas, voltando alguns passos até a geladeira e ao abri-la, tirou da porta uma latinha de coca-cola. Voltou a fechá-la, dessa vez com os pés por conta das duas mãos ocupadas e caminhou em direção da sala.

Outro ritual que Michael nunca quebrava no Halloween ou próximo desta data era assistir O Estranho Mundo de Jack. Nunca se enjoava do desenho e considerava-se um adicto nas obras de Tim Burton.

Jogou-se no sofá de couro, o que fora um erro, pois a maior parte da pipoca simplesmente pulou da vasilha e fora parar no chão. Um revirar de olhos vindos do garoto e uma bufada o fizeram pensar que arrumaria isso depois.

Colocou a vasilha e a lata de refrigerante na mesinha de centro, fazendo uma nota mental de colocar a culpa no seu pai caso a lata manchasse a madeira reluzente da mesa de sua mãe, em seguida pegando o controle ao seu lado esquerdo do sofá, ligando a televisão e colocando no canal da Disney, que milagrosamente voltara a reprisar o filme.

Faltavam poucos minutos para começar e Michael já sentia o tédio consumi-lo novamente. Uma preguiça descomunal tomou conta do seu ser e ele só fez afundar-se no sofá, ignorando completamente os avisos de sua mãe invadir sua mente sobre sua coluna ficar torta. Saiu da posição apenas para pegar as pipocas que restaram na vasilha e seu refrigerante, colocando-os em seu colo.

Abriu a lata e tomou um gole do líquido escuro, fazendo uma careta por estar doce demais. Mas era o único refrigerante sobrando, então teria que ser este ou o suco de laranja que ficara dias intocado na geladeira.

Voltou para a antiga posição nada favorável para sua coluna, intercalando entre comer a pipoca e beber o conteúdo da lata. Ele deveria esperar o filme começar ou suas guloseimas não tão gustativas assim acabariam.

O filme finalmente iniciava, mostrando a abertura do Walt Disney Pictures e Michael inconscientemente sorriu, pois se lembrou das tantas vezes que saía correndo pela casa toda chamando seus pais para assistirem a algum desenho de seus favoritos ia passar.

Os sons de violinos podiam ser ouvidos e a cena de abertura iniciava. Michael já tinha decorado as falas do narrador, mas não podia deixar de ficar empolgado quando a portinha da árvore para Halloween Town abria.

Seu sorriso aumentou quando a música This Is Halloween invadiu seus ouvidos. Ele até mesmo sentou-se corretamente no sofá, colocando a vasilha e a lata já vazia na mesa, enquanto pendia seu tronco para frente e as mãos apoiavam-se no acolchoado do sofá firmemente. Ele murmurava a letra da música e dizia para si mesmo que algum dia obrigaria seus amigos a tocarem ela.

Quando Jack apareceu, seus olhos esverdeados brilharam. Normalmente, as crianças tratariam como heróis o Homem Aranha ou até mesmo o Super Homem. Mas Michael preferia mil vezes Jack Skellington. Fora que a semelhança entre eles dois era palpável - nas personalidades, é óbvio.

Jack era o centro das atenções, sempre sendo obrigado a ouvir as expectativas dos habitantes de Halloween Town sobre o Dia das Bruxas, sobre como as coisas seriam aquele ano e ele tendo que concordar que seria melhor que nos outros anos, mesmo sendo idêntico à data antecedente.

Michael se sentia da mesma forma e soltou um suspiro pesado e deixou uma lamúria escapar de seus lábios por se sentir tão insuficiente.

Desprendeu sua atenção do filme e encostou-se ao sofá, fechando os olhos por alguns minutos. Logo os abriu, voltando sua atenção para seu cabelo tingido. Pegou a mecha azul-esverdeada e bufou, pensando qual seria a próxima cor na qual coloriria. Ele poderia fazer isso hoje, já que tinha enjoado do cabelo assim, porém ele não tinha mudado porque Luke dizia que gostava dele.

Luke.

Irônico dizer que, no momento em que ele pensou no loiro, Sally apareceu na cena?

Era engraçado como tudo relacionado a amor parecia estar sincronizado ao amigo. Parecia que o mundo conspirava contra ele, querendo alertá-lo de sua queda - talvez abismo - por Luke.

Talvez eles até pudessem ser como Jack e Sally.

Riu de si próprio e de seu pensamento aleatório, negando com a cabeça e imaginando o quanto aquilo era absurdo. Logo voltou a prestar atenção em sua obra favorita de Tim Burton.

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In this town we call home, everyone hail to the pumpkin song!