Capitulo 1

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"These wounds won't seem to heal
This pain is just too real
There's just too much that time cannot erase"

Essas feridas parecem não querer cicatrizar
Essa dor é muito real
Há simplesmente tantas coisas que o tempo não pode apagar
(evanescence - my immortal)

SELINA SANCHES

Acordo sentindo fortes dores na cabeça,tentando abrir meus olhos ,para ver se consigo enxergar através da névoa que nubla minha visão.

— Caramba isso dói ! —Pressiono uma de minhas mãos na cabeça que parece estar a ponto de explodir.

Ainda com os olhos fechados,relaxo um pouco para que as pontadas em minha cabeça e a sensação de enjoo passe logo.Sei que algo está muito errado ,me recordo apenas de pequenos flash,mas minha intuição diz que isso não é nada bom. Me debato se é melhor continuar de olhos fechados ou enfrentar a situação de uma vez.

Em um esforço supremo consigo finalmente abrir um dos olhos sem que sentisse essa terrível dor de cabeça,só para constatar que realmente algo mais terrível havia acontecido.

Fui raptada.

Mas por quem? E porquê?

Dinheiro.

Claro só poderia ser dinheiro,não havia outra explicação,pelo menos era o que eu queria acreditar,para não pensar nas inúmeras possibilidade piores para terem me sequestrado.

Como tráfico de mulheres,tráfico de órgãos,alguma seita satânica ...

Para Selina!

Meu subconsciente grita,não está na hora de surtar,porém considerando as circunstâncias surtar seria a única coisa sensata que eu poderia fazer.

Talvez se eu desse uma de louca acabariam desistindo e me soltando...ou matando.

Tá bom! Talvez surtar não seja uma boa ideia.Tento me concentrar no ambiente em minha volta,procurando talvez algo que fosse útil para me defender. Porém o cômodo era muito pequeno ,havendo apenas o colchão cheirando a mofo ao qual eu estava deitada.

Não havia janela,nenhum espaço para que eu pudesse ter a chance de escapar,parecia ser tudo bem arquitetado para não haver fugas.

Mas que merda!

Pra que tanto trabalho?

Tento novamente repassar minhas ultimas lembranças ,só que a ultima coisa que me lembro é de estar em casa ,estava no meu quarto e de repente ...nada,apenas uma branco total.

Se me pegaram quando estava em casa então só pode ser alguém conhecido,alguém que tem livre acesso. Penso nas finitas possibilidades de quem seja,mas estou morrendo de fome,não sei a quanto tempo estou aqui e acho que mesmo se me dessem comida não conseguiria engolir nada.

Tenho que pensar em coisas positivas,senão vou acabar enlouquecendo,penso em minha mãe...meus irmãos,em todas a vezes que desejei que não existissem pelas malcriações que faziam e que agora me arrependo e tudo que mais desejo desesperadamente é estar junto deles.

Sinto as lágrimas que nem percebi que estava segurando escorrerem como um bálsamo pelo meu rosto,molhando minha camiseta favorita que minha vó havia me dado. Minha nonna,Uma mulher ranzinza, que fazia jus ao sangue italiano pelo seu temperamento forte,mas que tinha um coração mole que me ensinou a rezar,porém era algo que eu não fazia a muito tempo ,desde que ela partiu.

"Pai sei que não falo com o senhor a muito tempo,me perdoe por isso,sei que sou falha ,mas ainda sou sua filha e sei que me ama ,por favor me ajude a sair daqui,me proteja e me salve,amém."

Levanto a cabeça assustada quando escuto a porta se abrindo,consigo distinguir um vulto ,pois está muito escuro,trêmula me encosto mais na parede,quando o vulto sai das sombras,revelando seu rosto.

"Não pode ser"

—Esperei por isso a muito tempo —Sorri sadicamente enquanto se aproxima de mim.

Minha mente trava,só consigo fazer uma prece para que alguém me salve,mas ninguém vem...ninguém nunca veio.

Acordo ofegante e desorientada,respiro fundo algumas vezes até que pouco a pouco minha respiração volta ao normal,já se passaram quase 3 anos desde que meu pior pesadelo aconteceu,alguns dias são difíceis,mas as noites são muito piores.

Olho no relógio e vejo que ainda são três da manhã ,levanto e olho pela janela do meu quarto,talvez não tenha sido uma boa ideia parar com a medicação sem a permissão da Dra. Cássia.Sofria muito com os efeitos colaterais dos antidepressivos,o que me deixava muito mal.

Mas pelo menos conseguia dormir.

Para uma garota de 17 anos dizer que sou normal seria o eufemismo do século,no entanto sou mais complicada do que muitos na minha idade e com sérios danos emocionais.

Filha acorda!Escuto minha mãe dizer atrás da porta,mal sabe ela que nem consegui dormir direito.

Já vou mãe! fecho o livro que estava lendo e vou para o meu closet.

Pego uma camiseta e uma calça jeans,infelizmente hoje está sol e não dá pra usar uma camiseta de manga comprida. Então pego algumas pulseiras que servem para muito mais do que um simples acessórios para meu pulso.

Desço as escadas correndo e vou pra cozinha.

—Bom dia meu amor,dormiu bem? — Minha mãe pergunta.

—Feito pedra. — E assim a primeira mentira do dia escapa com facilidade da minha boca.

Minha mãe parece contente com minha resposta,nos serve um xícara de café e me encara por alguns segundos.

Por um momento desconfio que ela sabe que estou mentindo e que parei de tomar os remédios.

— Que foi ? — pergunto na defensiva.

—Estou apaixonada.

Nossa por essa eu não esperava,claro que isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde ,afinal minha mãe é uma mulher linda,aos seus 46 anos continua uma mulher de parar o trânsito e obviamente alguém observou isso também.

—Uau —É a única coisa que consigo dizer.

—Eu sei —Ela diz eufórica

—Uau .

—Tá bom ,isso já está ficando chato Selina —
Minha mãe basicamente se fechou depois do ocorrido,sua prioridade parecia ser cuidar de mim e dos meus irmãos.

Mas pelo jeito arranjou um tempo extra

Me levantei e a abracei ,claro que fico com receio mas quero ela feliz.

—Mãe eu te amo e sempre vou te apoiar.-falo sorrindo

—Filha fiquei com tanto medo de você não aceitar. —ela diz chorosa

—Que nada mãe,agora me conta como ele é?—pergunto interessada.

— Ele é simplesmente maravilhoso,se chama Carlos ,ele tem 59 anos , mora numa cidadezinha encantadora chamada "Por do Sol",você precisa ver a fazenda dele é um sonho de linda,como estava dizendo ele é dono de uma rede de transportadora de gado e tem 2 filhos.

Faz muito tempo que não a vejo assim,só  me resta esperar que de tudo certo.

—E os pestinhas já sabem?— pergunto quando ela fica parada olhando pro nada com um sorriso bobo no rosto.

Ela olha pra mim por um tempo e parece envergonhada.

—Sim eles já se conhecem, só estava esperando o tempo certo pra falar pra você.

Tento não ficar chateada e dou um sorriso.

—Tudo bem mãe e quando vou conhecê-lo?

—Ele quer te conhecer hoje.

Ótimo!tudo que eu precisava,conhecer gente nova encima da hora.

AMOR POSSESSIVO Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin