Arthur sentia-se deslocado ocupando a sala que um dia foi de seu pai, nada naquele lugar denunciava o tipo de pessoa que se escondia entre as quatro paredes. A decoração elegante em nada denunciava os gostos extravagantes que seu pai tinha, uma foto emoldurada do pai com a esposa no dia do casamento poderia facilmente enganar que aquela era uma família normal. Mas não era, e Arthur sabia bem disso.
Quando pediu a um dos rapazes que levasse o cartão para que Rebeca fosse as compras, na verdade é porque precisava de um tempo sozinho naquele ambiente e tentar se adaptar às suas novas obrigações, mal tivera tempo de assimilar a morte do pai e já se via ocupando seu lugar.
Entre as perguntas que tanto atormentavam sua cabeça nos últimos dias, a que mais o intrigava era o fato de seu pai ter, aparentemente, mantido a empresa longe de suas falcatruas. Aquilo não fazia sentido, mas ele iria descobrir a razão, não importava o tempo que levasse.
Logo pela manhã a seguradora enviou um perito para analisar a cena do acidente, também enviaram um reboque para que tirasse o carro e liberasse a área, já que a polícia havia concluído que o local em nada influenciaria a análise do acontecido.
- Lucca, confirma a reunião com o pessoal para o fim do dia- disse assim que se acomodou- Quero resolver tudo antes da Jade chegar.
- Vai mesmo trazer aquele projeto de socialite para vir ficar com você? - o irmão perguntou chateado.
- Eu sou homem e tenho certas necessidades, não espera que eu fique sozinho até resolver toda essa situação- explicou.
- É isso ou está com medo de não resistir aos encantos de Rebecca? Fiquei sabendo que mandou o Enzo acompanha-la em compras hoje, só me pergunto o motivo para tanta consideração.
- Ela precisava de roupas novas para vir trabalhar, não posso deixar que pensem que minha madrasta passa por dificuldades depois da morte do meu pai- ouviu a risada do irmão do outro lado da linha- E depois do que aconteceu ontem, não posso arriscar deixar que ela ande sozinha por aí. Não sabemos se o ataque foi por eu ser o novo presidente da empresa ou pelas ligações criminosas que meu pai mantinha.
- O Enzo adorou ser enviado nessa missão, arrisco dizer que não é o único a se encantar pela doce Beca- provocou- Parece que ela já conquistou nosso motoqueiro bonzinho.
- Por mim tanto faz, desde que ele não deixe isso interferir nas obrigações que ele tem com a gente- disse tentando parecer indiferente- Quem a Rebeca namora ou deixa de namorar, não deve ser importante para nós- concluiu.
- Não deve ser? - o outro perguntou intrigado.
-Não entendi a sua ironia, fala o que quer logo ou me deixa trabalhar.
- Você disse: não deve ser importante, e não, não me importa- o irmão explicou- Isso quer dizer que te importa quem ela namore?
- O que me importa é descobrir qual o envolvimento dela em toda essa bagunça, depois ela pode ir onde quiser que eu até pago a passagem.
- Pode continuar mentindo para si mesmo, mas eu te conheço e sei que não é tão indiferente a ela. Uma pena não saber se podemos confiar, adoraria que ela fosse minha cunhada ao invés da sonsa da Jade.
- Acho que você está com muito tempo livre, então liga para cada um dos que estão na cidade, marca a reunião e me deixa em paz- disse já irritado- Depois eu penso em te liberar no fim de semana para ver se arruma mulher, esse seu humor negro é falta disso.
Desligou ainda ouvindo a gargalhada do irmão, pensando bem também iria sair naquele fim de semana, precisava espairecer e nada melhor que uma noitada entre irmãos.
YOU ARE READING
Pela honra
RandomArthur aprendeu desde cedo o quanto o ser humano pode ser podre, conheceu o pior das pessoas dentro de sua própria casa, e pra escapar desse ambiente foi embora sem olhar para trás. Rebeca foi obrigada a se casar com um velho rico para bancar o trat...