Prólogo

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Atlanta, 1991

-Arthur a gente não pode mais ser amigos, meu pai não quer deixar- uma amiguinha da escola disse chateada.

-Mas por que ele não deixa?- perguntou inocente.

- Ele disse que seu pai é mau, que faz coisa errada e machuca os outros.

-Isso é mentira, meu pai só é bravo, mas não machuca ninguém.

-Eu sei, mas mesmo assim ele não deixa- ela insistiu.

-Então tá bom, vou pra casa sozinho.

Ele pegou a mochila e foi até o portão esperar a mãe ir busca-lo, todas as crianças já tinham ido embora e sua mãe não chegava, nem chegaria nunca mais.

-Arthur, seu pai mandou vir te buscar- um dos seguranças do seu pai tinha chegado pra levá-lo embora.

-Cadê a minha mãe?-perguntou assustado.

-Sua mãe não pode vir te buscar, ela está doente Arthur- disse simplesmente.

-O que ela tem? Ela vai ficar boa?- quis saber quase chorando.

-Acho que sim, agora vamos pra casa.

No caminho pra casa ele estava muito triste, tinha perdido uma amiga e agora sua mãe estava doente.

Chegando em casa encontrou vários carros parados na rua, com certeza seu pai estava reunido com seus amigos, ele nunca era autorizado a sair do carro quando isso acontecia, mas também não tinha vontade de ficar perto daquelas pessoas: tinha muito medo deles.

-Babá hoje minha mãe não foi me buscar, o homem que me buscou disse que ela tá doente é verdade?- perguntou para a senhora que cuidava dele desde o nascimento, depois de sua mãe era única que o tratava bem naquela casa.

-Eu não sei meu reizinho, seu pai disse para eu esperar você chegar da escola e isso foi tudo- ela o ajudava a se arrumar pra fazer a lição de casa- Depois eu vou tentar saber o que aconteceu.

-A Laura não é mais minha amiga, o pai dela não quer- disse triste.

-E por que ele não quer que ela seja sua amiga?- a senhora quis saber indignada.

-Ele disse que meu pai é bandido, que ele machuca as pessoas.

-O pai dela é que é um homem mau. Arthur escuta o que eu vou te dizer e nunca esqueça, não importa o que as pessoas à sua volta façam você só deve pagar por aquilo que tiver feito. Se o pai dela não quer que ela seja sua amiga não fique triste, você é um menino maravilhoso e ela não poderia ter amigo melhor- disse enternecida com a tristeza do pequeno.

-Eu tenho medo dos amigos do papai, eles parecem os monstros dos filmes- disse de forma confidente.

-Não deixe seu pai te ouvir falar isso, sabe que ele não tem paciência e não quero que ele bata em você.

-Ele sempre me bate mesmo, mas eu nem choro mais- disse valente.

-Você é meu reizinho Arthur, te amo como a um filho- a senhora disse emocionada.

-Também te amo babá.

Na hora do jantar ele desceu como de costume para comer com o pai, como sempre o pai quis saber como havia sido seu dia na escola e assim que ele disse que não poderia mais brincar com a amiguinha o pai riu.

-Por acaso é um maricas pra querer brincar com meninas? Se eu te pegar com gestos afeminados te arrebento Arthur- o pai disse sério.

-Ela era minha amiga, eu gostava muito dela- o menino disse triste.

Pela honraWhere stories live. Discover now