Pela honra

Capítulo 3- O testamento

Naquela hora Rebeca ficou totalmente sem fala, por um momento nutriu esperanças de que seu enteado fosse diferente do pai, mas aquele ataque gratuito fazia com que duvidasse disso.

"Tal pai, tal filho."

-Ainda bem que acertamos isso, vou deixar que tenha a sua reunião sossegado- disse saindo da sala.

Arthur se arrependeu das palavras duras, mas ainda não entendia qual o jogo dessa garota e não tinha tempo pra isso naquele momento.

-Agora podemos conversar, então quais as chances de encontrarmos muita sujeira nas empresas do meu amado pai?- disse sarcástico.

-200%- disse prontamente- Ainda não tive acesso aos documentos, mas sabendo do tipo de contratos que seu pai financiava, legalidade é algo que não encontraremos muito.

-Desgraçado, essa empresa era do meu avô, pai da minha mãe- disse irritado- Ele não tinha o direito de usar como fachada para os seus negócios sujos. Juro pra você vou colocar essa empresa abaixo, depois irei reerguê-la como nunca deveria ter deixado de ser: um patrimônio familiar de uma pessoa honesta.

-Eu admiro essa sua capacidade de manter o foco, mas sejamos realistas, isso irá tomar bastante tempo e dinheiro- avisou.

-Não tenho pressa, e eu tenho guardado uma parcela da herança da minha mãe, dinheiro não será problema- afirmou decidido.

-Então pode contar comigo para o que precisar, assim como você esperei muito por esse dia.

-Preciso que arranje alguém para levantar a ficha da minha adorada madrasta, quero saber tudo, desde idade até o que gosta de comer.

-Hum será que a ruivinha mexeu com você?- provocou- Tenho que concordar que ela é linda.

-Você bebeu antes de vir pra essa reunião? Nunca que eu me interessaria por ela, só quero conhecer meus oponentes- disse levantando- Estamos pisando em ovos aqui, todo cuidado é pouco.

-Bondade a sua, na verdade estamos em um campo minado, um passo em falso e tudo explode na nossa cara- o amigo corrigiu.

-Agora teremos que estar cada vez mais atentos. Conversei com alguns dos rapazes, parece que algumas jogadas estão sendo armadas, temos que estar um passo à frente.

-Agora é questão de tempo Arthur, lembre que já estivemos a milhas de distância de nosso objetivo- lembrou- Não deixe a ansiedade pôr tudo a perder.

-Não vou deixar, esse é meu momento e não desperdiçarei por nada- garantiu.

-Ótimo, amanhã estarei aqui pra acompanhar a leitura do testamento. Tente relaxar e lembre que estamos juntos nessa, um passo de cada vez.

Assim que o amigo saiu, ele se deixou tomar pelas lembranças, por mais que quisesse evitar, os fantasmas daquela casa insistiam em atormentá-lo.

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Julho, 1992

-Arthur quero que conheça uma pessoa, essa é Leticia minha nova esposa. Agora você terá uma nova mãe- disse com um sorriso maldoso.

-Eu não quero uma nova mãe, quero a minha, que você matou- assim que terminou a frase o pai acertou um tapa em seu rosto, fazendo com que o lábio ficasse machucado.

-A próxima vez que falar assim comigo eu te arrebento. Agora vou te apresentar seu irmão, quero que cuide muito bem dele- avisou- Luca vem aqui conhecer meu filho Arthur, certeza que serão grandes amigos.

No início Arthur não conseguia aceitar a presença daquele menino em sua casa, mas aos poucos percebeu que ele também era vítima, sua madrasta era tão sem caráter quanto seu pai.