CINCO: NO BICO DO CUERVO.

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Não que ela se orgulhe disso.

Atento-me a conversa paralela de Niall e Louis, sentados ao meu lado na areia da praia, enquanto dialogam sobre o campeonato de futebol. Fazendo com que eu perca o interesse na conversa deles no mesmo instante que descubro o assunto que está sendo tratado. Eu bebo mais um gole da minha bebida - vodka com energético - observando os copos que meus amigos tem em mãos.

Enquanto Niall está ao final de mais um copo de cerveja, o de Louis está pela metade e contém apenas água no recipiente descartável. O moreno não havia colocado um gole se quer de álcool em seu organismo desde o momento que chegou na festa. Por outro lado, Niall compensa bebendo o equivalente a três pessoas, o famosinho pé de cana. E que já apresenta alguns sinais de embriaguez nessa noite, olhos caídos, fala pausada e lenta, sem contar o fato da perda de contagem do consumo do álcool ingerido. Percebo que o assunto da conversa entre Niall e Louis mudou de foco, o que de fato atiça a minha curiosidade e eu passo a prestar atenção ao diálogo de ambos.

─ Meus pais voltaram para São Francisco para finalizar alguns assuntos pendentes da mudança, enquanto isso eu estou ficando com minha avó por precaução.

─ Ah, entendi. ─ Niall conclui após alguns segundos em silêncio. O efeito do álcool já está debilitando o seu raciocínio. ─ Vou buscar mais cerveja.

O loiro se levanta e o solo irregular de areia faz com que ele cambalei antes de manter-se em pé novamente. Niall observa o ambiente a sua volta, firmando as vistas à procura do bar, e leva alguns segundos até recobrar o sentido.

─ Ele está bêbado. ─ Louis sussurra, cutucando meu braço com o seu cotovelo e achando graça da situação de Niall, á medida que vemos o loiro distanciar-se de nós e misturar-se com a aglomeração da pista de dança, buscando seu caminho até o bar.

─ Acho que todo mundo nessa festa está levemente alterado.─ Eu afirmo, vendo Louis menear a cabeça.

─ Nem todo mundo. ─ Ele diz risonho, erguendo o próprio copo com água, porém percebo um tom sarcástico que se esconde nas intenções de suas palavras.

Eu disfarço, ficando sem jeito de continuar nossa conversa, passando a observar a movimentação das pessoas, contudo, percebo o pesar de olhos de Louis sobre mim. Sinto-me incomodada e uma sensação estranha surge dentro de mim, talvez possa ser o efeito do álcool, eu concluo. Entretanto, essa sensação não é prolongada devido a voz estridente de Catarina chamar por meu nome.

─ Miaaaaaaaa! ─ Ela grita novamente, enquanto movimenta-se ligeiramente em minha direção. Eu não tenho um tempo de resposta, já que sou puxada pela mão, não restando-me outra alternativa do que a de seguir minha amiga.

─ O que foi? ─ Pergunto, sem entender o que está acontecendo, enquanto sou levada para dentro da multidão. O copo que tenho em mãos é esbarrado em algum corpo, escapando por entre meus dedos até o chão. Bufo, revirando os olhos e irritando-me com os movimentos apressados de minha amiga. ─ Porra, Catarina, vai devagar!

─ Doses de tequila! ─ Catarina grita, animada, e tenho a certeza que as minhas palavras não foram escutadas por ela. Observo a mesa pequena e esguia, e ao reparar o ambiente a minha volta, percebo que existe mais algumas mesas como essa espalhadas sobre a areia da praia.

Claire também está presente, abraçada e aconchegada em volta dos braços de Liam, que aparentemente deu uma sossegada entre checar uma coisa ou outra da festa. Vejo Louis aproximar-se de nós, ele sorri gentilmente em minha direção e eu retribuo o gesto. Volto a observar a mesa posta a minha frente, com várias doses de tequila, o que não me faz ter um bom pressentimento do que Catarina está aprontando.

O SEGREDO DA NOITEWhere stories live. Discover now