Capítulo 12

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Um som emitido do meu telemóvel, preenche o meu anteriormente silencioso quarto e por consequente desperta-me do meu sono. O meu braço procura o dispositivo na minha mesinha-de-cabeceira, e assim que o encontro, apresso-me a desbloqueá-lo. Os meus olhos lacrimejaram devido à nova luminosidade a que foram sujeitos, mas mesmo assim consegui ler a mensagem de Emily. Esta apenas perguntava se os nossos planos se mantinham, à qual fui rápida a confirmar. Desnecessário acordar-me tão cedo com uma mensagem destas.

Resmungo para mim mesma quando longos minutos de virar para um lado e para outro na cama, não me faziam adormecer de novo. Pode-se dizer que sou do tipo de pessoa que uma vez acordada, é muito difícil voltar a adormecer. A não ser que esteja cansada, nesse caso, volto a adormecer em segundos. Mas devo dizer, é uma das características que mais me irrita.

Levanto-me preguiçosamente da cama e dirijo-me à casa de banho. Lavo a minha cara e volto até ao quarto, onde visto uma roupa desportiva. Pego no meu telemóvel e nos meus fones, e depois de fazer alguns alongamentos e de pegar nas minhas chaves, saio de casa. Começo a minha corrida num passo lento, acelerando depois. Nas ruas ainda não se encontravam muitas pessoas, visto que a maioria prefere estar na cama às 9:30h dum sábado. Encontrei apenas duas pessoas também a correr mas em conjunto, sorri com a ideia de ter alguém com quem partilhar rotinas destas.

Já pensei em arrastar o meu pai comigo nestas corridas, mas ele está sempre demasiado ocupado. Não gosto de me sentir sozinha, mas nestes últimos anos é o sentimento a que me tenho habituado.

A minha família não era muito grande, mas depois da minha mãe ter saído da minha vida, também perdi os meus avós. Agora tenho o meu pai, os meus avós paternos, um tio, e dois primos. Dou-me bem com os meus avós, embora depois do meu avô ter emprestado dinheiro para o meu pai começar a sua empresa, a relação entre os dois não tem sido a melhor. Okay, digamos que o fato de o meu avô mencionar o falhanço da relação dos meus pais sempre que pode, também não ajude muito.

A minha família não é a melhor, mas não reclamo visto que sou muito chegada aos meus primos, mas eles vivem longe e só estou com eles em férias ou feriados importantes.

Por vezes, tenho saudades de como tudo era antes. Tenho saudades da vida que tinha antes da minha mãe ir embora e tudo se destruir. Bem, praticamente fui eu que destrui. Digamos que depois da minha mãe desaparecer da minha vida, meio que não me importava com nada. Usava álcool e drogas para esconder o que realmente sentia. Tristeza. Raiva.

Podemos dizer que estava obcecada na minha própria destruição.

Depois de meia hora aproximadamente, já me encontrava de novo em casa. Apressei-me até à casa de banho, onde despi as minhas roupas e tomei um banho demorado.

Enrolei-me numa toalha e coloco a roupa suja, que se encontrava espalhada pelo chão, no cesto de roupa suja. Quando me preparava para secar o cabelo, que se encontrava no momento a pingar, ouço a campainha tocar. Pensava que a Emily só viria mais tarde. Desço as escadas num ápice e abro a porta.

"Liam?" os meus olhos arregalam-se e eu apresso-me a apertar a toalha no meu peito. Poderia isto ser mais embaraçoso?

"Não me digas que te vestiste" ele olha para a toalha "ou despiste, só para me vir abrir a porta?" ele sorri, e os seus olhos encontravam-se em todo o meu corpo, menos na minha cara.

"Os meus olhos estão aqui" eu aviso e observo-o morder o lábio e depois sorrir convencido. Finalmente a olhar-me nos olhos.

Este rapaz só pode ser bipolar, ontem era um rapaz querido e engraçado, e hoje um completo tarado.

"Que estás aqui a fazer?" pergunto num suspiro.

"Esqueceste de me dar o casaco, outra vez" ele diz mais sério, fazendo enfâse no ''outra vez''.

Secrets || l.p.Where stories live. Discover now