CAPÍTULO XV

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Quando eu não pude mais aguentar o silêncio, resolvi fazer alguma coisa. Uma ideia passou pela minha cabeça.

- Então, você quer dançar? - eu perguntei. Eu não era muito bom em dançar músicas lentas, mas senti essa vontade de dançar com ela.

- Você não está falando sério. - ela disse, então olhou para mim. - Sim, você está. - eu me levantei, oferecendo uma mão para ela.

- Vamos lá, você não vai morrer se dançar comigo. - eu sorri. Ela aceitou a minha mão e levantou, pousando a sua mão levemente em meu ombro e aproximando-se um pouco mais de mim. Senti aquele arrepio familiar na espinha, então segurei um pouco acima da sua cintura e a conduzi pela sala.

Aspirei o seu perfume de jasmim. Nossas cabeças encostaram um pouco e eu pude sentir o seu coração batendo de forma acelerada. E eu senti a necessidade de beijá-la ficar cada vez maior. Quando a música parou eu me afastei um pouco de Aurora, o suficiente para olhá-la nos olhos.

- Obrigado. - eu sorri. Eu me sentia agradecido pelo fato dela somente existir. Pelo fato de ela não me odiar. Por deixar que eu me aproximasse novamente.

- Tudo bem. - ela olhou para os pés novamente, determinada a não deixar os seus sentimentos tão transparentes. - Não precisa agradecer, foi apenas uma dança.

- Foi bem mais que uma dança. - coloquei uma mecha de cabelo solto atrás de sua orelha e a fiz olhar para mim. Nos encaramos por um tempo. Ela estava ali, tão perto que podia sentir a sua respiração. Apenas um sinal. Era apenas isso que faltava para que eu deixasse meus sentimentos me dominarem. Então ela sorriu. O sinal que eu esperava. Eu a beijei.
Eu estava nas nuvens. Aurora estava correspondendo, fazendo meu peito explodir de tanta felicidade. Mas, quando eu estava prestes a puxá-la para mais perto, ela interrompeu o beijo.

- O que foi? - perguntei, com medo de ter feito algo errado. E se ela não queria que eu a beijasse? E se eu forcei a barra?

- Eu... eu não posso. - ela disse, causando uma confusão no meu cérebro e um nó no meu coração. - Desculpe, eu não posso.

- Foi algo que eu fiz de errado? - perguntei.

- Na verdade, foi. - ela respondeu. Foi aí que descobri que eu sabia no que ela havia pensado.

- Ah... entendi. - sentei, claramente frustrado.

- Você me traiu, Sam. - ela estava chorando. Eu não sabia qual de nós estava sofrendo mais. - Eu pensei que podia fazer isso. Realmente pensei. Mas eu não consigo nem beijá-lo sem que aquela imagem volte para a minha cabeça.

- Aurora, eu não trai você. - eu afirmei, numa tentativa frustrada de convencê-la.

- Ah, não? - ela não acreditava em mim. - E beijar outra garota enquanto estava comigo não se enquadra mais em traíção?

Respirei fundo. Nenhum de nós dois poderia seguir em frente desse jeito.

- Aurora, há um ano você não quis me escutar e eu cometi o erro de não insistir nessa história com medo de magoá-la ainda mais. Era mais fácil você me culpar e seguir em frente... - eu decidi que explicaria. Mesmo que ela não quisesse escutar.

- Acontece que eu não segui em frente, Samuel. Eu não consegui esquecê-lo.

- E eu também não. Passava cada minuto do meu dia pensando o quanto sentia falta do seu sorriso. - eu disse, melancolicamente. - Mas eu não vou cometer o mesmo erro, Aurora. Você vai escutar a verdade.

- Eu não quero saber os motivos que o levaram a me trair, Samuel. - agora ela estava com raiva.

- Eu não trai você, ok? - eu tive que me controlar para não estragar tudo. - Você me deve isso, Aurora. Você me deve uma chance para que eu explique o que aconteceu.

A Garota Que Você EsqueceuWhere stories live. Discover now