CAPÍTULO V

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Samuel estava respirando pesadamente com a ajuda dos aparelhos. Eu estava ali ao lado da cama do hospital em que ele estava, tentando encontrar alguma coisa para fazer além de chorar.

Ainda não havia assimilado direito o que havia acontecido. Nós estávamos no meu apartamento. Estávamos nos dando bem, tentando nos entender de forma silenciosa. Não era para as coisas terminarem assim.

— Então, você quer dançar? – ele perguntou enquanto a nossa música tocava.

— Você não está falando sério. – eu olhei para ele. Estava com aquela expressão determinada no rosto. – Sim, você está. – ele levantou e me ofereceu uma mão.

— Vamos lá, você não vai morrer se dançar comigo. – ele sorriu. Eu aceitei a sua mão, mas no meu íntimo eu disse Como você sabe? Do jeito que o meu coração está acelerado é bem provável.

Pousei a minha mão levemente em seu ombro e me aproximei. Ele segurou um pouco acima da minha cintura e então começou a me conduzir lentamente pela sala.

Senti o seu perfume assim que encostamos as nossas cabeças. Continuava sendo o mesmo de quando o conheci, cítrico com leves notas doces. Fechei os olhos para aproveitar melhor a proximidade. Meu coração estava batendo forte. Então a música parou. Sam me afastou um pouco, o suficiente para poder olhar nos meus olhos.

— Obrigado. – ele sorriu.

— Tudo bem. – eu olhei para os meus pés, sem conseguir encará-lo de volta. – Não precisa agradecer, foi apenas uma dança.

— Foi bem mais que uma dança. – ele ajeitou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha, tomou o meu rosto de modo que eu olhasse para ele.

Ficamos nos encarando durante um tempo. Os olhos dele eram tão lindos que me deixaram tonta. Meu coração estava mais acelerado que nunca. Eu me peguei sorrindo, e isso foi o que ele precisou para se permitir a me beijar. Eu me entreguei ao beijo à princípio. Estava sentindo o típico bater de asas de milhões de borboletas em meu estômago, que eu sentia apenas com ele. Então eu lembrei. Lembrei do que havia visto há um ano e interrompi o beijo.

— O que foi? – ele perguntou quando percebeu a minha hesitação.

Meu coração estava acelerado demais. Meu corpo estava elétrico demais.

— Eu... eu não posso. – disse, com o coração na boca. – Desculpa, eu não posso.

— Foi algo que eu fiz de errado? – ele perguntou, tenso.

— Na verdade, foi. – não consegui evitar que minha voz ficasse embargada.

— Ah... entendi. – ele sentou, frustrado.

— Você me traiu, Sam. – eu podia sentir uma lágrima pelo meu rosto, mas não fiz qualquer esforço para enxugá-la. – Eu pensei que podia fazer isso, realmente pensei. Mas eu não consigo nem beijá-lo sem que aquela imagem volte para a minha cabeça.

— Aurora, eu não trai você. – ele disse com firmeza.

— Ah, não? – perguntei secamente. – E beijar outra garota enquanto estava comigo não é mais considerado traição?

— Aurora, há um ano você não quis me ouvir e eu cometi o erro de não insistir nessa história com medo de magoá-la ainda mais. Era mais fácil você me culpar e seguir em frente... – ele disse.

— Acontece que eu não segui em frente, Samuel! – eu o interrompi. - Eu não consegui esquecê-lo!

— E eu também não! Passava cada minuto do meu dia pensando o quanto sentia falta do seu sorriso. – ele disse de forma melancólica. – Mas eu não vou cometer o mesmo erro, Aurora. Você vai escutar a verdade.

A Garota Que Você EsqueceuWhere stories live. Discover now