♥ ELENA ♥

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O dia está lindo. O céu está completamente azul e de um jeito que eu nunca vi antes. Tão parecido com o azul dos olhos dele...

De alguma forma, consigo espantar aquele rosto perfeito dos meus pensamentos e volto a prestar atenção na paisagem à minha frente. O céu contrasta com as pedras avermelhadas da Ponte Scaligero, que por sua vez contrasta com as águas do rio Ádige... E ainda tem o Castelvecchio ao fundo. Como eu fui esquecer a minha câmera no hotel? Já havia me chutado internamente umas mil vezes desde que descobri que ela não estava na minha bolsa, mas cada vez que vejo uma paisagem como essa, acabo fazendo outra vez.

De volta às movimentadas ruas de Verona, paro na entrada da casa de Julieta e fico encantada com a quantidade de mensagens deixadas nas paredes, de todos os tipos, em vários idiomas e cores de caneta. Há quem diga que isso é vandalismo, pichação. Eu vejo como uma grande obra de arte e diferentes formas de mostrar qualquer forma de amor.

Ao meu lado, uma garota escreve na parede, buscando um pequeno espaço entre tantas outras que se espremem para conseguir escrever também, ela está chorando em silêncio e, de vez em quando, fecha os olhos como se estivesse fazendo uma prece.

Outros turistas tiram fotos junto à estátua de Julieta, segurando seu seio direito que, segundo a lenda, traz sorte. Entro na fila e espero a minha vez. Sorte nunca é demais. Atrás da estátua, milhares de cadeados estão presos em uma grade e fitas coloridas dançam discretamente quando uma leve brisa passa por elas.

Sento-me em um pequeno degrau e, quando dou por mim, estou de olhos fechados, fazendo uma pequena oração silenciosa. Não estou pedindo para encontrar um príncipe encantado, ou estou? Ah, é claro que estou! Eu sempre desejei encontrar um tipo de amor que me fizesse suspirar por que agora seria diferente? Por que eu mentiria bem na cara de Julieta? E então, enquanto fecho o meu cadeado, me pego outra vez pensando naquele par de olhos azuis. A doce sensação que seu toque me causou, continua tão viva na minha pele, que tenho a impressão de que acabou de acontecer. Será que ele ainda está no hotel? Eu poderia perguntar para o recepcionista como quem não quer nada. Porque eu não quero nada, só olhá-lo mais uma vez. Não é isso o que eu quero? Encaro Julieta por alguns segundos e depois de me achar louca o suficiente por estar esperando por uma resposta, vou embora sem olhar par trás.

Escolho me sentar em um pequeno café na Piazza delle Erbe, apenas para apreciar um croissant de Nutella, que é divino, e um café. Isso se transformou em uma rotina desde que cheguei à Itália.

― Esperando alguém? ― o ar é arrancado dos meus pulmões quando ouço a sua voz. Mordo o lábio inferior, tentando conter o sorriso bobo que ameaça se formar e olho para cima.

Ah, Julieta, você é rápida mesmo!

Bloqueio o sol com as mãos para o olhar. Ele está incrivelmente bonito hoje, vestindo um jeans preto e uma camisa de linho branca com as mangas dobradas até os cotovelos. Nos pés, um all star branco. Seu cabelo preto está úmido e todo bagunçado, como se ele houvesse apenas passado as mãos após sair do banho, e faz um contraste perfeito com a sua pele clara.

― Sim, o príncipe encantado.

Ah, Meu Deus! Eu realmente disse isso em voz alta?

Ele sorri, e meus ossos perdem um pouco da consistência. Só consigo fazer que sim com a cabeça e apontar para a cadeira vazia à minha frente.

― Você se importa se eu te fizer companhia até ele chegar? ― ele faz sinal para um garçom enquanto fala comigo. Nego, sentindo as bochechas corar. Qual é o seu problema, Elena?

♥ POR TRÁS DAQUELES OLHOS - Degustação ♥Onde as histórias ganham vida. Descobre agora