Julia Richard

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Gatas.. Cap é da Júlia, mas para melhores entendimentos, terá um pequeno momento Sarah aqui no começo. Espero que gostem, e que não me matem.

(SEM REVISÃO, E COM MUITO ANALFABETISMO)

Sarah

Acordei realmente horrível naquele dia. Meu corpo doía, meus pés estavam inchados, e mesmo não querendo admitir, eu sentia uma saudade imensa de Ian. Sonhava com seu cheiro, com seu corpo, com seus lábios tocando meu pescoço sempre que queria me provar...
"Droga Sarah.. Não seja tão fraca assim.."
Olhei para o teto branco do quarto de Vanessa, encarando o nada, esperando a coragem para me levantar, mas parecia que nunca viria.
Eu não queria nem um pouco voltar para a empresa e ter que dar de cara com Ian lá, com aquele terno, como se nada tivesse acontecido e nossas vidas não tivessem sofrido nenhum dano com seu acidente.
Olhei para o lado, estava sozinha na cama.
Vanessa não havia voltado ainda do seu plantão da madrugada no hospital, e dormir sozinha era realmente um saco.
Eu sentia dores nas costas por dormir numa posição que não abraçava ninguém, e meu cérebro parecia não relaxar quando não havia outra pessoa comigo. Eu precisava de companhia, precisava ainda mais, infelizmente, da companhia de Ian.
Naquele dia eu teria uma consulta com meu obstetra, provavelmente ele me faria outra ultrasom, e.. Bem.. Eu queria muito que Ian estivesse lá. Eram momentos como esse que me faziam repensar meus medos, minhas angústias. Eu queria Ian na minha vida mais que tudo. Mas o medo de que ele não me aceitasse, ou pior, que não aceitasse meu filho quando voltasse a ser ele mesmo, era realmente muito grande.
Me levantei de pressa, respirando fundo.
" Vamos lá Sarah." , me alonguei, tomando uma animação que eu não sabia de onde vinha.
- Vou passar na casa da sr. Rose, e pegar meu bebê..- comecei a resmungar sozinha, me lembrando que deixei Caramelo com a sr. Rose e eu já estava morrendo de saudade da minha gata, e provavelmente com a quantidade de comida que Berta dava para a pobrezinha, Caramelo já deveria estar uma bola. 
Tomei um banho rápido, colocando uma blusa larguinha, branca transparente e um top também branco que eu adorava.
Vesti o primeiro short jeans com elástico que achei e um casaco listrado de bege escuro.
Quando me olhei no espelho não odiei o que vi. Para quem se arrumou em cinco minutos eu estava ótima.
Liguei para Maiara antes de sair de casa, pedindo que me esperasse depois do almoço, eu pegaria a documentação de uma obra lá, e ela como sempre atrasada, disse que arrumaria tudo para mim ainda na manhã.
Eu adorava aquela moça doidinha.
Quando cheguei à mansão de sr. Rose, meu peito se apertou.
Eu odiava mentir para ela. Aquilo tudo do casamento já havia me incomodado bastante, e eu não sabia que duraria tanto tempo. Agora já eram cinco meses que eu e Ian enganávamos ela. 

Sim.. houve o nosso breve momento de amor platônico, mas agora era o fim, e eu estava odiando ter que continuar a mentir para sra. Rose. 

- Ah Meu Deus, que saudade! - Sra. Rose me abraçou forte, fazendo carinho nos meus cabelos. 
Ela era linda. Com os cabelos loiros assim como os de Ester, e os olhos enormes azuis como os de Ian. Já devia ter quase 55 anos, mas parecia uma elegante mocinha.

- Também estava com saudade Sra. Rose. - era bom estar com ela, eu me sentia segura, confortável.

- Você não pode sumir assim meu amor. Vamos, entre.. - ela me segurava pelos ombros, com um sorriso muito grande nos lábios. 

- Como a senhora está ? - perguntei me acomodando no sofá. 

- Ah, estou bem. Mas fiquei preocupada com o Ian. Como ele está? Quando acordei ontem ele e Éster não estavam aqui. E quando me ligou mais a tarde estava com uma voz abatida.
Senti o ar se prender na minha garganta.
"Caramba.. O que aconteceu? E Ian dormiu aqui domingo?"
- Aconteceu alguma coisa? Eu não conversei com ele ainda. - fui vaga, e esperava que ela não entrasse em detalhes do tipo " por que ainda não falou com seu marido?"
- Ele deve estar ainda muito abalado. Por isso não te contou nada.. - ela respirou fundo, soltando o ar com desânimo. - Ele descobriu sobre o pai dele.
Levei minha mão à boca.
- Caramba.. - sussurrei atônita.
- É.. Foi tudo muito intenso e doloroso para todos. Mas para ele foi, com certeza, bem pior. Ele se lembrou de tudo, estava tão devastado..
Vi uma lágrima descer o rosto da Sra. Rose, que partiu meu coração. Pobre mulher. Tão incrível, tão amorosa. Não merecia os filhos que tinha.
- Imagino como deve ter sido tudo muito ruim. Sinto muito, sra. Rose. - abracei os ombros dela.
- Ah, tudo bem querida. Obrigada. - ela secou as lágrimas com um sorriso. - Já fico feliz em saber que meu filho tem você na vida dele. Pelo menos com ele eu não preciso me preocupar, está em boas mãos.
O nó em minha garganta aumentou, me dificultando a respiração, forçando me a segurar fortemente o choro.
Meu deus.. Eu não sabia mais o que fazer. Não tinha a mínima ideia do que fazer. Ian estava claramente precisando de apoio emocional, a morte de Sandro havia afetado muito a vida dele antes do acidente, e saber agora deveria ser bem pior, como se ele tivesse perdido o pai duas vezes.
"Droga. Droga. Droga..." eu estava muito confusa.
- Agora, Ester? ... - sra. Rose continuou. - O rapaz com quem ele está saindo veio aqui no domingo, e infelizmente presenciou boa parte.
- O policial?
- Isso.. Esse mesmo. Acho que foi uma cena muito complicada a que ele presenciou.. Torço para que isso não influencie no relacionamento dele com a minha filha. Ela parecia gostar dele.
Fiquei encarando meu dedos, nervosa,  pensando coisas bem ruins como " Eu disse um monte de merdas para Ester, e ela havia praticamente acabado de reviver seu pior pesadelo.. Eu sou uma megera " , "Ian pode estar com raiva de mim por eu não ter contado sobre Sandro. " ou " Os pesadelos com certeza pioraram"...
- Mas então.. O que trás você aqui numa terça de manhã, quando deveria estar trabalhando? - sra. Rose perguntou sorrindo, chamando minha atenção.
- Ah sim... Vim ver como a senhora está, e vim buscar a Caramelo.
Ela fez um beicinho engraçado, muito parecido com o que Ester faziam quando estava emburrada.
- Mas já?
- Sim, sra. Rose. Estou com saudade dela, e ela precisa de um bom banho relaxante. Marquei uma hora para ela hoje no pett shop.
- Vou sentir saudades dessa sapeca. Já é da família.  - sr. Rose se levantou e foi até a base do outro sofá, se abaixando ao lado do braço, pegando uma massa peluda do chão.
- Meu Deus.. Ela está obesa. - falei rindo, pegando minha gatinha , uns 2kg mais pesada.
Conversei mais algumas amenidades com a Sra. Rose, e sentindo o coração partido, fui embora com Caramelo.
Parei no pett shop, e Aline já me esperava.
- Oi Caramelo.. Que saudade. - Aline era a moça que sempre se encarregava dos tratamentos de Caramelo. E já havia criado um tipo de relacionamento com a minha gata.
- Que horas posso passar aqui para pegá-la? - perguntei já na porta, me sentindo mal de já ter que deixar Caramelo.
- Daqui uma hora e meia mais ou menos. OK?
- OK.
Olhei no relógio, ainda eram 10 da manhã. Minha consulta no médico seria meio dia e meia. Dava tempo de passar na casa de Vinícius como havia combinado com ele, pegar Caramelo, deixá-la com Vanessa e correr para minha consulta.
Era pra eu ter encontrado Vinícius na tarde anterior, mas ele desmarcou, todo nervoso, dizendo para eu aparecer no dia seguinte de manhã.
Não quis perguntar muito por telefone o porque de tanto nervosismo, já que hoje ele iria me explicar tintim por tintim.
Parei em frente ao prédio chique onde ele morava, e fui direto para o atendente em um grande balcão de mármore. Não entendia porque Vinícius gostava de morar num lugar assim, cheio de frescuras. Ele podia muito bem abrir mão de um pouco de luxo.
No saguão havia apenas eu, o atendente com um sorriso muito forçado no rosto, e um homem careca, com cara de poucos amigos sentado na poltrona.
- Bom dia Senhorita. Em que posso ajudar? - o atendente falou com uma voz mecânica.
- Eu vim ver Vinícius Corradi.
- Pode se identificar, por favor? -ele pediu enquanto olhava no computador o número do quarto de Vinícius.
- Sarah Pedrazzi.. - me senti terrivelmente mal de não me anunciar como Veron. E acrescentei em tom de brincadeira. - Uma amiga muito íntima.
O atendente pareceu levar a sério minha brincadeira, pois piscou para mim, depois de um "Aaah sim, entendido.", antes de se dirigir para a parede aos fundos pegando um telefone elegante.
Tamborilei minhas unhas bem feitas no balcão, esperando ansiosa o homem voltar.
Estava tão nervosa.
Já sabia que Vinícius estava com problemas. Queria poder ajudá-lo. Ele sempre havia sido um bom amigo. E eu acreditava que mesmo estando envolvido com os roubos da empresa, ele jamais teria feito por mal, ou simplesmente ganância.
Enquanto eu esperava o atendente voltar, senti algo gelado tocar minhas costas por dentro da blusa.
- Docinho, como está quente...-  uma voz de homem falou em meu ouvido, antes de sua mãozona segurar minha cintura, e um arrepio percorrer meu corpo.

Pela Segunda VezOnde as histórias ganham vida. Descobre agora