Cap 27

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Houston, Texas, 1972

Existem momentos em que uma bela refeição é melhor do que sexo. Era nisso que Zayn Malik pensava enquanto devorava um filé de frango frito e batatas assadas, os dois torrados por fora e macios por dentro, umedecidos em molho de linguiça picante. Uma trepada era uma trepada, pensou ele, limpando o prato com um bolinho e se esticando para pegar seu . Mas uma bela refeição não podia ser superada a qualquer hora.

Ainda mais se fosse uma bela refeição texana.

— Bom... — disse ao se levantar e se espreguiçar. — Está na hora de irmos. Ainda faltam mais de trezentos quilômetros para chegarmos a Houston.

Louis pulou da cama, onde estava jogando paciência, e começou a pegar os ternos de Zayn do armário.

Zayn foi para as portas de correr da sacada do seu hotel e ficou olhando para a areia branca da costa sul do Texas.

— Corpus Christi — disse ele com uma risada suave. — O Corpo de Cristo. Que nome para se dar a uma cidade... — Ele terminou o Chivas e jogou o copo de cristal na areia da praia.

Zayn gostava dessa cidade semitropical no Golfo do México. Era por isso que tinha ido até lá, para passar uma semana comprando propriedades na beira da praia. Era um modo de contrabalancear o seu início nas tempestades de areia e da infância em lugares quentes sem água. Corpus Christi o fazia pensar em lugares distantes e exóticos, em ilhas onde as garotas eram morenas e acolhedoras, onde o rum corria como cascatas, onde os dias eram como manteiga e as noites como canela.

O estilo de vida livre e solto, onde você só precisa esticar a mão para ter sexo ou comida, aquilo com que quiser se esbaldar no momento, e a coisa simplesmente cai de uma palmeira! Talvez eu compre uma ilha tropical para mim, Zayn pensou ao ver Louis dobrar cuidadosamente as camisas caras e colocá-las na mala de couro. Em algum lugar do Pacífico Sul. Onde as nativas farão de mim o seu rei. Zayn riu de novo. Sentia-se tão bem. Trinta e oito anos e voando alto!

Era rico, a versão de bolso do livro Por que Deus levou os Kennedy?
Estava em sua 40ª semana na lista dos mais vendidos, as multidões que lotavam a sua igreja em Houston todas as semanas eram enormes, e ele esteve nos programas e Laugh-In. O ponto mais alto, porém, veio dois anos antes em seu Natal em turnê pelo Vietnã, para onde fora ao estilo, com artistas e celebridades e sua energia carismática para levar a palavra de Deus para os soldados saudosos. Zayn esperava que sua atuação fosse um sucesso, mas não tinha antecipado um sucesso tão estrondoso.

Ele ficou sozinho em um palco e berrou seu poder a 50 mil soldados que o aclamaram. Era maravilhoso para Zayn o som de todos aqueles homens o saudando

— Pode não ser inteligente ir para o Vietnã, Zayn — Louis tinha avisado. — Afinal, o Vietnã é um assunto muito impopular hoje em dia. As pessoas podem se voltar contra você.

Mas Zayn detestava as marchas contra as guerras, os hippies e os liberais de corações ensanguentados. Ele queria mostrar ao mundo que acreditava em seu país e que o seu país estava certo. Zayn ficou naquele palco a tantos milhares de quilômetros de casa, estendeu os braços para abraçar as tropas, e gritou aos céus:

— Sei pelo que estão passando, meus irmãos e irmãs! Eu também já fui um soldado como vocês. Mas nunca tive a honra de lutar pela liberdade e pela democracia! Não deem ouvidos às vozes dos covardes que estão em casa. É fácil lutar sentado na sala de estar e condenar uma guerra sobre a qual nada sabem!

Aqueles na multidão que participavam da guerra aclamaram e gritaram. Então, Zayn disse:

Um nobre ancião romano chamado Levi disse um dia que uma guerra necessária era apenas uma guerra, e que as armas eram sagradas quando não havia mais esperanças a não ser nas armas. Irmãos e irmãs em Cristo, esta é apenas uma guerra e as suas armas são sagradas!

ScorpionWhere stories live. Discover now