Cap 16

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San Antonio, Texas, 1955

O primeiro nome na lista secreta de alvos de Zayn era Simon Waddell — o doutor Simon Waddell.

Havia seis nomes da lista: o sargento no Forte Ord que o denunciou por brigar, o que o levou para a prisão militar e, consequentemente, expulsão por ofensa grave; uma professora que um dia o açoitara com uma tira diante de toda a sala; uma menina da sua idade que rira dele porque ele tinha um rasgo nos fundilhos das calças; e assim por diante — homens e mulheres que tocaram a vida de Zayn em algum momento dos seus 22 anos e que lhe fizeram algo que ele sentiu necessidade de se vingar. Ninguém ofendia Zayn Malik e se safava. O doutor Simon Waddell não sabia dessa lista; nem mesmo sabia da existência de Zayn Malik. Mas ele era o homem de quem Zayn mais queria vingança. E Zayn sabia onde encontrá-lo. Zayn sorriu para o seu reflexo no espelho ao ajeitar um cacho e penteá-lo sobre a fronte. Zayn sempre levava uma hora para se vestir: ele era metódico até nos mínimos detalhes. Nenhum fio solto, nenhum botão faltando, nenhum vinco fora de lugar. Ele podia não ser rico ainda, mas tinha a aparência de ser, e o poder — esse também ainda não era seu, mas ele também estava presente na aparência bem cuidada.

Você é um cara de aparência do caralho, Zayn dizia para a sua imagem. Filho de um meeiro do Texas!

Ele assoviou ao alisar as laterais dos cabelos para garantir que não houvesse fio fora de lugar. Zayn estava com ares convencidos naquela manhã; na noite anterior recebeu o diploma de conclusão de curso na escola noturna. Com honrarias. Agora era um homem diplomado e com a certeza de que sabia aonde iria.

Ao pegar as abotoaduras da cômoda e prender os punhos da camisa engomada, fitou o livro gasto que também estava sobre a cômoda. Era a sua Bíblia; ela o acompanhava aonde quer que fosse. Já a tinha decorado.

A única maneira garantida de possuir uma cidade conquistada, Maquiavel, escrevera, é destruindo-a. Zayn levara aquela lição um passo além pode possuir uma coisa destruindo-a — quer seja uma cidade, um objeto ou um ser humano.

E havia cidades, objetos e seres humanos que Zayn, decididamente, queria possuir.

Mas antes ele tinha de encontrar o seu caminho. O objetivo ele já sabia — ser um homem poderoso; tudo o que lhe restava descobrir era o caminho para chegar lá.

Ele assoviava ao terminar de se arrumar. Batia o pé e girava a cabeça de um lado a outro. Em três anos, Zayn se tornara ainda mais carregado de energia inquieta. Ele não conseguia ficar parado nem por um minuto. Estranhos que o conheciam percebiam um encanto inquietante e vago no belo jovem de olhos malandros e irresistíveis. Ás vezes ele parecia relaxado, no olhar manso ou na fala arrastada com que se dirigia às pessoas, mas ele era hiperativo, e parecia ser um jovem constantemente flertando com o limite. Zayn gostava dessa aparência e a cultivava, porque sabia que o fazia parecer imprevisível, um homem de quem se acautelar. E também lhe dava poder sobre as pessoas.

Antes de sair do quarto, ele se deteve para uma última olhada e sorriso de lado no espelho. O mundo estava lá fora à sua espera. Estava farto de abastecer os aviadores ansiosos da Base Aérea Lackland com garotas e bebidas. Estava farto de subempregos como motorista de caminhão ou venda de enciclopédias de porta em porta. Estava na hora de agir.

— Lembre-se do meu nome ele disse para aquela idiota da Lauren no ano anterior, na noite em que a despejou do seu carro. — Zayn Makay. Um homem que o mundo inteiro ira reconhecer.

E, acrescentou ao caminhar para o calor da tarde.

— Um homem que o mundo aprenderá a temer.

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