Cap 2

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Na primeira vez em que a latina nadou nua na piscina da senhorita Luna, ela pensou que a dona não estivesse em casa. Saíra da piscina e começara a se sacudir no sol quente da manhã quando olhou de relance para cima e a viu parada, junto a uma das janelas do segundo andar, observando atentamente. Aquilo a surpreendera. Depois a assustara. A abastada Luna R.R Maaujre Doguiog poderia fazer com que ela nunca mais trabalhasse no sul da Califórnia, ou em qualquer outro lugar, nunca mesmo.

Porém, para sua grande surpresa, ela não se afastara da janela. Não gritara para ela, tampouco chamara os seguranças que protegiam sua enorme propriedade em Beverly Hills. Na verdade, não houve reação visível. Ela simplesmente permanecera lá, com a mão pousada na cortina e os olhos fixos em seu corpo. Subitamente temerosa de que os policiais de Beverly Hills estivessem para chegar a qualquer instante para levá-la embora, a latina rapidamente vestiu os jeans e colocou-se a trabalhar na limpeza da piscina. Repetidas vezes, ela levantou o olhar e ainda a encontrou ali.

Terminara o trabalho em tempo recorde e saíra dirigindo a caminhonete, passando os dias seguintes em agonia, à espera de ser repreendida por nadar na piscina de uma cliente — e ainda por cima pelada! Curiosamente, porém, não recebeu reprimenda alguma.

Na segunda vez em que nadou na piscina dela, ela o fez em um desafio temerário a si mesma. Ela imaginou que ela estivesse em casa, pois o Rolls-Royce Silver Cloud que todos sabiam ser o seu carro favorito estava na garagem. E ela vira o motorista limpando o Excalibur. Imaginando se dona iria para a janela novamente, ela imergiu em um mergulho bem espalhafatoso.

Quando saiu alguns minutos mais tarde, nua e pingando, ela a viu lá, observando-a.

E mais uma vez, por mais estranho que parecesse, ela não teve reação alguma.

Naquela manhã seria a terceira vez. A latina acionou a campainha junto ao portão de ferro e se identificou ao segurança. Depois, dirigiu sua caminhonete de manutenção de piscinas pela longa passagem de carros e foi para os fundos, onde passaria boa parte da manhã limpando a enorme piscina de mármore da senhorita com nome impronunciavel . Com os equipamentos e os produtos químicos prontos, ela fez uma pausa e estreitou o olhar para a casa. Luna já estava lá, na janela.

A latina quase acenou, mas não o fez. Em vez disso, ficou parada com as mãos nos quadris, analisando a água azul esverdeada se movimentando, como se tentasse se decidir. Ela pensava: a dona quer que eu faça isso.

Ainda que ela fosse uma personalidade constantemente em evidência, um assunto favorecido pela mídia, bem pouco se sabia a respeito da reservada senhorita Luna. Ela vivia só em uma das maiores mansões de Beverly Hills, cercada por uma equipe de secretárias, consultores e puxa-sacos, atravessando o país, de costa a costa, em seu Learjet particular, contando com políticos importantes e astros do cinema entre seus amigos, dava as festas de cada estação, e tinha a mais elegante das piscinas na rota de Gomes.

Luna R.R Maaujre Doguiog era conhecida pela sua moral firme. Era uma das maiores apoiadoras do fundador do movimento da Decência Moral, não se lembrava do nome do reverendo, o evangelista da televisão... Todos acreditavam que a casta senhorita Luna era a própria senhorita Decência e Bons Costumes, uma pessoa que desaprovava tudo o que fosse divertido. Mas ela tinha um segredinho, a latina concluiu. Ela se excitava ao ver jovens mulheres nadando nuas em sua piscina.

Bem, decidiu a latina, que mal faria? Se a excitasse o bastante, talvez a senhorita Luna convidasse para uma farrinha em meio aos seus dólares. Selena sabia de entregadores que andavam de relógios Rolex por servirem bem a essas senhoras de Beverly Hills, quem sabe ela não poderia ser agraciada.

Abaixou o zíper do short e depois, bem lenta e sedutoramente, tirou o jeans. Parou um instante na beira da piscina, concedendo a ela uma bela visão do físico de que tanto se orgulhava, que tanto se esforçava para manter em forma e, em seguida, mergulhou. Em um movimento suave e limpo, como uma faca quente trespassando uma barra de manteiga. Ela atravessou a piscina por baixo da água e imergiu na outra ponta, onde sua cabeça morena despontou para o sol claro. Em seguida, começou a nadar. De modo casual, preguiçosa, esticando cada braço comprido e abarcando a água, empurrando-a para trás, sem esforço algum, de um lado para o outro, de um lado para o outro, finalmente virando de costas para deixar que a água deslizasse sobre seu corpo, fazendo sua pele bronzeada reluzir.

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