O CASTELO MALDITO

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CHAPTER

― 2 ―

Nos primeiros segundos, não houve sinal algum de perigo. Ou barulhos. Ou movimentos. Na verdade, tudo estava extremamente quieto e silencioso: quero dizer, sem pessoas ameaçadoras, sem os insultos, sem os empregados vilões e sanguinários, conspirando contra a minha morte. O pensamento era engraçado, sem dúvida. Vilões? Minha morte? Ridículo! Ridículo! Imaginar uma mansão abandonada nas margens mais afastadas da cidade, era completamente inconcebível! Era pura loucura!

Era mais um pesadelo. Daqueles, bem reais. Novamente!

Esperei mais alguns minutos mantendo os olhos fechados, apenas para ter certeza de que tudo não havia passado de mais um pesadelo. Nada de ameaçador ou aterrorizante deu-se nesse ínterim de tempo, por isso, não vi motivos para acreditar que algo acontecera de fato. Como consequência, continuei deitada, assim, de olhos fechados, apenas apurando minha audição em busca de vozes.

Por mais que eu tivesse passado por outro episódio de sonho/realidade (chamaremos assim), eu estava grata por estar viva e segura, deitada na minha cama. Para mim, isso era o suficiente para levantar as mãos para o céu e agradecer. No entanto, por mais que eu estivesse feliz de tudo não ter passado de outro terrível pesadelo, eu não conseguia esquecer completamente e eliminar a angustia e o terror de que, talvez, tudo fosse real.

Um momento depois, eu ouvi ruídos. Uma pequena mudança no som ambiente que estava até então. Pequenos sons, quase inaudíveis, que me faziam pensar que minha mente estava me traindo. Algo que fez meu coração acelerar consideravelmente. Eu me obrigava constantemente e de forma obsessiva, a lembrar de que nada havia sido real. Tudo fazia parte do cansaço e dos meus medos e dos traumas, por isso não deixaria nada disso me controlar.

Respire, Cahterine, apenas respire.

Meus pulmões absorveram uma respiração profunda. Mas não foi o suficiente para relaxar.

Vamos, Cahterine, nada foi real. É apenas outro pesadelo.

Essa ideia geralmente me confortava. Estar presa em um pesadelo significava que o mal estava aprisionado, e que ao acordar tudo permaneceria estável. Reconfortante. Um pesadelo era um pesadelo, e as criaturas habitantes nele também eram imagináveis. No entanto, um pesadelo nem sempre era apenas um pesadelo se tratando de mim. As imagens das últimas horas iam e vinham constantemente, atormentando, castigando, amaldiçoando. E o fio tênue da dúvida permanecia presente.

Por que eu não podia ser uma pessoa normal, com sonhos assustadores, mas que não fogem para a realidade? Por que eu não tentei ajudar Juhlia? Por que me obriguei a ajudar um desconhecido que claramente transpirava perigo? E por que os olhos azuis perversos daquele homem não saem do meu pensamento? Ora, vamos, ele não é real!

No fundo eu sabia que não havia resposta para as minhas dúvidas. Como eu também sabia que os pesadelos não terminariam. Jamais!

Eu precisava me acalmar.

Suspirando audivelmente, troquei a posição das pernas procurando por uma posição mais confortável, apenas para ter a alarmante sensação delas estarem molhadas.

Estranhei.

Confusa e tensa, franzi a testa, limpando violentamente meus pensamentos. Algo estava errado, e eu podia sentir isso em cada célula minha.

Apurei mais meus ouvidos, tentando atrair qualquer ruído. Qualquer que fosse. Mas o silêncio agora imperava naquele sepulcro infernal. Era como estar presa dentro da própria mente, um silêncio mortal.

Após o Anoitecer - Introdução à Legião dos CaídosWhere stories live. Discover now