Harry: Por que...? – Incitou, erguendo a sobrancelha.

Melanie: Porque é tradição. A família da noiva se encarrega do vestido. – Lembrou, e ele rolou os olhos.

Harry: Esse casamento não vai ser uma piada, Melanie. – Avisou, sério – Se encarregue da porcaria do vestido, mas nem sonhe em me expor ao ridículo. Seus amigos, se é que você tem algum, estarão lá. Seu pai e sua família também. Tenha um pouco de amor próprio. – Avisou, ameaçadoramente.

Melanie: Vá pro inferno. – Dispensou e ele sorriu, passando ao próximo papel.

Ele assinou e passou pra Melanie, que leu, cansada. Esse dizia que todo o guarda-roupa ela seria formulado por uma personal autorizada por Harry, de modo que ela não levaria nada do que tinha pro casamento. Os dois residiriam no atual apartamento dele. Não haveria uma lua de mel. Dormiriam em quartos separados, ele no dele e ela em um dos que ele estipulasse. Os cuidados da casa, exceto cozinha, ficavam na mão da governanta de Harry, Gail. Melanie deveria se aplicar aos deveres do lar em tempo integral de acordo com a vontade de...

Melanie: Perae, perae, perae. – Todos pararam. Ele tinha uma expressão de quem prendia o riso. – Você quer que eu cozinhe pra você, é isso? – Perguntou, apontando o papel. Ele ainda tinha a expressão de quem prendia o riso.

Harry: Sim. – Disse, sereno, e ela arquejou de incredulidade.

Melanie: Qual o seu problema? Não tem dinheiro pra contratar uma cozinheira? – Debochou e ele não agüentou: Riu. O som do riso dele a ofendeu pessoalmente – O que quer, que eu faça a faxina também?

Harry: Não, isso não. Respire. – Debochou – Estou transformando você em uma mulher melhor. Minha mãe sempre cozinhou na minha casa, para os meus irmãos, meu pai e para mim. Tínhamos empregadas, faxineiras, lavadeiras, todo o resto, mas ela nunca abriu mão de cozinhar. – Informou, divertido.

Melanie: Não sou sua mãe! – Disse, obvia, e ele riu de novo, balançando a cabeça negativamente.

Harry: Eu sei. Péssimo pra você. – Descartou, balançando a cadeira levemente pros lados.

Melanie: Não sei cozinhar. – Declarou, obvia. Ele ergueu a sobrancelha, fazendo pouco caso.

Harry: Pior ainda pra você. A única comida acessível dentro daquele apartamento vai ser a que você cozinhar, como pode ver na clausula. – Apontou – Acredito que você vai aprender rápido, conforme sua fome chegar. – Debochou, em um falso incentivo.

Melanie: Você está brincando comigo? – Perguntou, incrédula.

Harry: Não sou um homem de brincadeiras. – Respondeu, sem sorrir – E já te informei que meu tempo é caro. Ou você aceita e assina, para que possamos continuar, ou desiste.

Melanie o fuzilou com os olhos e ele aguardou. Ela respirou fundo. Se fora até ali, não ia retroceder por isso. Pensando bem, ela podia colocar veneno na comida dele. Foi fantasiando com isso que assinou o papel, quase perfurando a folha, e o entregou a uma das testemunhas. Foi uma pena ela não ter lido até o fim da clausula antes de assinar, como viria a descobrir depois. Nem as testemunhas nem o juiz interferiam na negociação, as testemunhas apenas assinavam, o juiz carimbava e selava as folhas. Passaram-se mais horas ali. Haviam clausulas sobre todas as possibilidades. Ela não podia tentar matá-lo de forma alguma, mas ele morresse de forma natural, ela seria a herdeira dele, juntamente com o irmão mais novo, agora com sete anos.

Melanie: Nome estranho de se dar a uma criança. Gregory Edward. – Desprezou, passando o papel.

Harry: Sorte sua que não teremos filhos, porque eu acho bonito, e é a minha opinião que prevalece. – Lembrou, lendo algo, e passou um papel a ela.

Melanie: A mãe sempre tem direitos. – Disse, lendo o papel que ele passou a ela. Afirmava a presença dela acompanhando ele em eventos sociais sempre que fosse solicitada. Trivial. Ela assinou – Sorte sua que eu não faço sexo. – Rebateu, distraída, assinando o papel.

Harry: E prostitutas não beijam na boca. – Respondeu. Melanie respirou fundo com a ofensa, e ele sorriu – Estou com fome. Vamos almoçar juntos. É bom que a imprensa comece a me ver acompanhado de você, assim não se falará muito quando o noivado for anunciado.

Melanie pensou em responder, mas desistiu. Passara a manhã toda naquilo. Os dois saíram juntos. Permaneceram calados durante todo o almoço. A única ocasião a ser notada foi um momento, após o almoço, que Melanie percebeu um fotografo escondido do lado de fora do restaurante caro, a câmera sem flash clicando freneticamente. Ela sorriu, percebendo que estava almoçando (e ficando noiva) com o maior magnata do país. Harry ergueu a sobrancelha quando ela pegou a mão dele em cima da mesa, quase puxando a mão, com nojo, mas viu o fotografo. Ela sorriu pra ele, totalmente debochada, e ele sentiu as unhas dela se cravando nas costas das mãos dele, causando uma dor desgraçadamente aguda e forte, porém em um gesto imperceptível a quem olhasse. Podia ser um carinho. Mas ela se enganava se pensava que seria assim. Aparentemente retribuindo o carinho dela, ele envolveu a mão dela com a sua e a apertou. Melanie quase não conseguiu conter a careta de dor com o apertão que fazia parecer que os ossos de seus dedos iam soltar das juntas. Ela sorriu pra ele, que não agüentou, rindo, e a largou a mão dela, apanhando seu guardanapo tranquilamente e limpando os pontos de sangue que brotavam das marcas das unhas dela em sua mão. Os dois saíram juntos do restaurante (sendo abertamente assediados por alguns fotógrafos agora) e voltaram a empresa, onde o processo com os papeis recomeçou.

Harry: Passaremos a ser vistos juntos três vezes por semana, a partir de hoje, por dois meses, que é quando o pedido de casamento será oficializado. – Disse, passando outro papel e olhando os que restavam. - Haverá um jantar na casa de minha mãe no decorrer desse tempo, em que você será apresentada a minha família, e interpretará a mais doce das criaturas, totalmente apaixonada por mim. – Disse, assinando mais um papel – Creio que não seja problema, você já interpretou esse papel antes. – Debochou.

Melanie: Você quer meus cartões de credito? – Perguntou, incrédula, olhando o papel que ele passara – Meu cartão do banco, talões de cheque, qual o seu problema? – Perguntou, erguendo o rosto.

Harry: Não quero estar perto de nada que venha do seu dinheiro sujo. – Disse, tranqüilo, usando as palavras dela. Melanie revirou os olhos, assinando – A partir do momento em que o casamento for oficializado, cuidarei para que todas as suas contas e cartões sejam cancelados. A quantia que você tiver no banco será revertida para o seu pai. – Avisou.

Melanie entendeu o que aquele gesto significava: Ela se tornaria totalmente dependente dele. Vivendo em sua casa, dependendo dele para qualquer coisa. Isso ia totalmente contra a vontade dela, mas não tinha opção. Assinou. Alguns papeis a mais, nada significante, então veio o ultimo. Esse era para assegurar que Anne Styles jamais tomaria conhecimento desse contrato ou das circunstancias desse casamento, acreditando assim que era um casamento normal, assim como o pai e a família de Melanie, de modo que tudo se tornasse o mais natural possível. Ele observou ela assinar as três vias (uma dela, uma dele e uma que ficaria no cartório), sorrindo de canto.

Harry: Vendida! – Anunciou, como em um leilão, quando ela passou os papeis para a testemunha – Por uma empresa em ruínas. – Humilhou, totalmente tranqüilo.

Melanie: Eu cheguei realmente a acreditar que esse casamento seria um problema... – Disse, se levantando. O juiz terminou de selar o documento, entregando a via de cada um e ficando com uma. No fim, o documento era da grossura de um livro fino. O juiz e as testemunhas assentiram pra Harry e saíram. Melanie vestiu seu sobretudo, totalmente tranqüila. - Mas vai ser fácil demais derrubar você.

Harry: É sua vez de cair, Melanie. – Corrigiu, passando o dedo no lábio inferior – E eu vou garantir pessoalmente que sua queda seja a mais dolorosa possível. Sou um homem de palavra. – Assegurou.

Melanie: Me acerte com seu melhor golpe. – Desafiou, após guardar o contrato na bolsa – Até logo, querido. – Disse, debochada, e deu as costas.

Harry observou Melanie saindo com um andar confiante, os cachos balançando as suas costas, o salto alto fazendo um barulho gostoso de "toc-toc" ao bater no concreto. Ela andava com a mesma segurança de quem desfilava. Ele queria ver aquela confiança ainda ali depois de, no máximo, dois meses de casados. Porém agora não havia volta: O jogo havia começado

Skyfall  - Efeito Borboleta (Livro 1) [H.S]Where stories live. Discover now