𝗖𝗔𝗥𝗗𝗜𝗚𝗔𝗡 : 𝗐𝖾𝖽𝗇𝖾𝗌𝖽𝖺𝗒 𝖺𝖽𝖽𝖺𝗆𝗌 ੭

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Risadas orgulhosas dos pais ecoaram da parte de trás e o moreno só pareceu aliviado e surpreso consigo mesmo, escondendo com uma feição confiante e metida. Já a garota, emburrou como uma criança contrariada enquanto afastava a mão de seu painel de botões, nem mesmo o acidente de carro causado pela sinalização derrubada foi o bastante para deixa-lá contente nos padrões Wednesday Addams.

Foi assim até os portões de Nevermore, os mesmos de meses atrás, velhos mas sempre com aquele ar de clássico. Esperava o calor sufocante que sempre odiou sentir, mas o que veio foi algo frio, oco. Pela primeira vez, o frio não significou conforto. Não foi bom. Tropeço seguiu até a entrada daquele grande castelo de pedras cheio de janelas, onde outros Excluídos desciam de carros ou ônibus com suas malas, vestindo uniformes roxos e casacos por cima.

Assim que o carro parou, algo no fundo do coração pétreo de Addams estalou, como vidro se partindo, o que, por si só, já era estranho. A garota de poderes e cabelos castanhos surgiu novamente em sua mente, pela segunda vez naquele dia, trazendo consigo outra sensação ruim, uma daquelas que realmente incomodava. Se fosse como meses atrás, ela entraria no dormitório e encontraria Eleanor em seu uniforme, ostentando aquele maldito sorriso. Até poderia aceitar um abraço ou comentários melosos sobre como a chamou de “super heroína” antes do verão. Mas não era meses atrás. Era agora. E agora, tudo o que ela desejava era que fossem mais do que simples colegas de quarto.

Morticia desceu primeiro, foi logo em seguida e parou ao seu lado, Pugsley também desceu ao seu lado e Tropeço e Gomez deram a volta depois de saírem pelo lado contrário.

── Espere… ─ A mãe começou, chamando a atenção dos outros membros da família, mesmo que estivesse falando apenas com a garota agora na sua frente. ── Essa é a primeira vez que volta às aulas por vontade própria e na mesma escola. Como se sente, querida?

“Como finalmente voltar para casa sendo um cachorrinho desaparecido”, ela pensou e, mais uma vez, nada chegou a sair de sua boca.

── Como voltar para a cena de um crime e já saber onde todos os corpos estão enterrados. ─ Respondeu, mantendo seus olhos na grande e misteriosa entrada. ── Chega de caos desenfreado, agora todos cederão à minha vontade.

Enquanto a mulher parecia orgulhosa, uma pequena fagulha de preocupação também preencheu seu semblante, mesmo que por poucos segundos. Ela se inclinou levemente, seguindo o olhar da filha, mas se aproximando para que escutasse melhor.

── O controle costuma ser uma ilusão, querida. Como deixar seu pai acreditar que ele está no controle dessa família.

Wednesday ergueu os olhos para a mãe, que lhe devolveu um piscar acompanhado de um pequeno sorriso. As duas permaneceram em silêncio, ouvindo a conversa entre pai e filho ao lado, Pugsley confessando o medo de não fazer amigos. Então, Morticia voltou a olhar para a filha.

── Prometa-me que vai cuidar do seu irmão.

── Eu sempre cuido. ─ A morena respondeu sem encarar diretamente a mulher, que a lançou um olhar desconfiado mesmo que não pudesse ver, então a mais baixa se voltou para o garoto e, segurando-o pelo colarinho, praticamente o arrastou para dentro da escola. ── As regras são as seguintes: sem contato visual sem permissão e só te ajudo a fazer bullying se pedir por escrito. E o mãozinha pertence a mim. Entendeu?

Pugsley não respondeu, apenas exibiu um sorriso quase debochado enquanto observava o pátio de entrada de Nevermore, mais uma vez escondendo o coração acelerado com um rostinho bonito. Alunos cruzavam de um lado para o outro, mesas de piquenique ocupavam o centro, as escadarias transbordavam de gente e, mais ao canto, um food truck atendia alguns Excluídos que compravam sorvetes e milkshakes. Logo à frente, pendurada na torre principal, uma faixa roxa e amarela de boas-vindas exibia o brasão da escola.