Six

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É aqui.

Aqui é o lugar onde viverei para o resto da minha vida, provavelmente.
E, estranharia muito se isso não me assustasse.
São pessoas novas, lugares novos, uma cultura totalmente diferente da minha. Quer dizer, qual é o futuro de uma garota que nem ao menos sabe escrever corretamente o português?

"Você está pensando muito e encarando o lugar com um cara estranha. Não é como se aqui tivesse macacos pelos corredores e ladrões...quer dizer, quase!" riu Rafael.

"Não duvido de nada..."

"O Brasil não é tão ruim, tem coisas que o estragam, mas mesmo assim é bom!"

"Tá, pare de falar, antes que eu mude de idéia" dei um tapa de leve em seu ombro, rindo.

"Você é muito chata!"

"Você nem me conhece garoto!"

"Você nem me conhece garoto!" disse afinando a voz.

"Pare com essa brincadeira de criança .." sussurrei ao perceber que algumas pessoas olhavam em nossa direção.

"Ok, parei."

"Já te disseram que você não é bom com imitações?"

"Não." fez uma cara confusa, super engraçada.

"Pois eles deviam dizer!"

Fiquei encarando Rafael a viagem inteira, ele é insuportável, mas fico feliz de conhecer alguém por aqui. Só que...ele não precisa saber disso.

Ele me encara de volta e então desvio o olhar, evitando-o novamente.

Hoje está um dia ensolarado porém frio, o vento gelado bate nas minhas costas me fazendo ficar arrepiada.

Olho para a casa na minha frente e vejo minha mãe entrar lá. Entro também, é um sobrado, na parte de baixo tem uma sala de estar vazia, uma cozinha também vazia... Bom, um lavabo e uma escada. Subi lá pra cima, tem três quartos, o meu e da minha mãe obviamente, e o de hóspedes.

Entrei num dos quartos, que na verdade era uma suíte.

"Eu fico com a suíte!" grito.

"Como quiser!" me responde segundos depois.

O caminhão de mudança chegou e foi despejando móveis, uns deles eram da minha antiga casa, outros eram novos.

Essa casa é maior e mais bonita que a antiga e os móveis novos também. Inclusive ganhei uma nova cama! agora ela é de casal, bem espaçosa. Minhas costas agradecem - fui ajudando a desembrulhar algumas caixas que haviam pertences e lembranças. Achei uma caixa que nunca havia visto antes. Não tinha nada escrito nela diferente das outras e diferente delas também, está estava afastada.

Abri, e ao me deparar no que havia lá dentro, tive uma nostalgia.
Havia várias fotos e quadros, com meu pai e principalmente com a Emilly.

"Essa foto foi no dia que eu e Emilly fomos no parque central, tínhamos acabado de sair da escola,então ela me propôs um desafio - eu deveria subir no topo mais alto da árvore e pegar um galho pra ela dar pro seu cachorro,de presente.
Claro, eramos crianças de 10 anos e não sabíamos o que estávamos fazendo. Resultado? Um braço enfaixado.

Valeu a pena.

...

A Estranha l Rafael Lange (Cellbit)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora