Four

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Ao acordar, fiz o que tinha de fazer e decidi ir na cozinha comer algo. Estava bem silencioso, acho que não há ninguém em casa. Ótimo! Abro um pacote de biscoito, me sento ao sofá, mapeando os canais na TV

"Mais um acidente na avenida"
PIIII

"Timmy cadê você?"
PIIII

"And The dreams You left Behind You didn't Need them"
PIII

"MAKEEEE SHIIIIINEEEE"
PIII

Definitivamente, não havia nada realmente interessante ali para se ver.

Ao passar das horas, coloco uma roupa mais apresentável e decido dar umas voltas pelos arredores. Vou embora em dois dias, tenho de sair um pouco daqui se não vou acabar surtando!

Dou umas voltas meios paralelas, comendo como de sempre, acho que isso é o melhor a se fazer quando estamos perdidos.

Vejo uma loja de brinquedos e decido entrar lá para dar uma olhada, não ligo se já sou práticamente uma adulta, sempre é divertido ver brinquedos.

Vejo em um dos corredores uma mulher de estatura média, olhos azuis, que aparentava ser um pouco jovem ainda, segurando uma criança, com traços parecidos aos dela, provavelmente mãe e filhas.

Elas olhavam uma prateleira de brinquedos, e a mulher parecida mau humorada. A criança olhou para cima apontando um ursinho Teddy, a mulher fingiu não ver e apenas a ignorou.

"Compra, tia?" disse baixo, porém não o suficiente para eu deixar de ouvir.

"Não, não tenho tempo para essas bobagens. Cale a boca!" soou rude, mal a olhando.

"Por favor...tia" insistiu.

"Já disse que não, cala boca, porra, mas que saco!" gritou, dessa vez bem menos paciente.

A menina parecia não estar convencida de desistir. Articulou os dedos, e disse "mas" bem baixinho.

Neste momento, mal pude raciocinar direito o que estava acontecendo, e ao ver aquela mulher, daquele tamanho dando não uma palmada, mas simplesmente um TAPA na menor, não me aguentei.

"Ei, não faça isso a ela..." me aproximei.

"Quem é você mesmo?" me olhou com certa raiva e indiferença.

"Ninguém de especial, sabe? Só não acho certo você fazer isso com alguém tão pequeno, e por tão pouco."

"Você quer me ensinar como criar minha própria filha..?" me fuzila.

"Eu ouvi bem ela te chamando de tia"

"Foda-se, você não me conhece, não pode opinar em algo que nem ao menos é da sua conta."

"Apenas pare, então." a fuzilo dessa vez.

"Tudo bem..." a menina falou cabisbaixa. "Minha tia só está chateada."

"Eu...eu sinto muito!" a mulher fala é se dirige para outro lado.

Que saco isso, estamos no século 21, devíamos saber que nem sempre violência é solução, na verdade, nunca é a solução.

Continuo à dar uma olhada nas prateleiras, até que revejo o urso teddy que a pequena pedira a minutos atrás. Não penso duas vezes e pego o ursinho de lá. O pagando, e indo em direção das duas que já estavam indo embora.

"Espere." grito me aproximando. "Tem algo para você!" os olhos dela brilham ao olhar para o urso.

"Obrigada moça boazinha!" ela sorri de orelha a orelha.

"Não há de quê!" bagunço seus cabelos.

A sua tia permanecia calada, olhando para os lados, era quase possível ouvir ela gritando por dentro "me tira daqui "

Conversamos um pouco depois disso, ela me disse que seu nome era Lara, e passou seu número e endereço. Fiz o mesmo.

Em fim, voltei para "casa" feliz da vida por ter feito uma boa ação. Geralmente, eu só estrago as coisas.

Espero reencontrar Lara em breve.

A Estranha l Rafael Lange (Cellbit)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora