60 | Eu nunca te pude prometer nada.

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"Zayn... Deixa de ser sentimentalista a uma hora desta e fode-me de uma vez!"

"Tu ainda vais querer que eu seja romântico e depois, nessa altura, eu não irei ser." Ele protesta, claramente amuado com a minha reclamação. Vejo-me obrigada a beijar os seus doces lábios mas, por ser quem sou, não me calo.

"Bem, desculpa se eu neste momento espero outra coisa que não palavras!" Eu exclamo-lhe com tom irónico.

Zayn revira os olhos e ondas de prazer percorrem o meu corpo e devastam-me com os seus movimentos profundos. As minhas pernas envolvem a cintura de Zayn, fazendo com que ficássemos mais próximos e com que a sensação fosse ainda mais intensa. Os seus gemidos vinham de encontro à pele sensível do meu pescoço e a sua respiração quente fazia contraste com o meu suor, deixando-me com pele de galinha.

Uma vez que atingido o clímax, Zayn sai de dentro de mim e relaxa calmamente o seu corpo por cima do meu, visto que ele era pesado. Ainda assim, implicadora como eu sou, empurro-o para o lado e beijo o seu braço como forma de perdão.

"És tão idiota! Agora não devia aceitar os teus beijos ou as tuas carícias!" Zayn reclama, ainda amuada pela forma como lhe falara antes.

"Eu gosto de miminhos mas cada coisa a seu tempo." Explico-me, com um ar de emproada mas unicamente na brincadeira.

Eu só queria ser engraçada, como sempre, pois a verdade é que me sinto desconfortável e incomodada quando Zayn diz algo sério, principalmente quando é para me elogiar. Não tenho por hábito receber elogios constantemente sendo, por isso, bastante estranho quando isso acontece

Eu sou uma vergonha, eu sei, eu sei...

"Zayn?"

"Sim?"

"O que é que sentes quando queres magoar alguém?" Eu inquiro num tom de voz baixo, não tendo a certeza se a menção deste tema o deixava desconfortável pois, na verdade, era raro nós falarmos sobre isto.

"O que sinto quando o faço?" Ele inquere confuso, não entendendo ao certo o que eu lhe perguntava.

"Não, não é isso..." Eu murmuro, procurando palavras certas que o levassem a compreender. " O que é que te leva a fazê-lo? O que é que sentes para te levar a magoar as raparigas..."

Zayn ajeita-se melhor na cama e aproveito o facto de ele se compor para deitar a minha cabeça, pesada e cansada, sobre o seu peito. Um sorriso transparece nos meus lábios quando os seus dedos acariciam carinhosamente o meu rosto e logo de seguida o meu cabelo.

"É um pouco estranho de explicar, Blair... Principalmente contigo, quero dizer..."

"O que tem comigo?" Interrompo-o com um tom de indignada, não sabendo ao certo se a sua explicação iria ser para o lado positivo ou para o lado negativo. Todavia, estava bastante ansiosa por escutar aquilo que ele tinha para dizer, para escutar o seu ponto de vista.

"O que sinto contigo nunca senti com as outras raparigas, é estranho. Vai soar bastante mal o que eu vou dizer mas a verdade é que" Zayn começa, mexendo no meu cabelo à medida que se exprimia. "eu simplesmente tirava proveito das outras raparigas por puro prazer, entendes? Eu simplesmente as queria para meu próprio benefício, para minha própria satisfação mas contigo não foi nada assim, contigo foi diferente. Para começar, eu nunca forcei ninguém a fazê-lo contra a sua vontade, exceto tu que, tendo em conta a tua personalidade, ultrapassaste a minha paciência."

"A Catherine ofereceu-se para lhe bateres no rabo? Que pura, estou em choque."

"Blair!"

"Desculpa." Eu digo a rir, bastante escandalizada por ter sido a única forçada a fazê-lo. Na verdade, sempre pensei que fosse isso que acontecia. "Continua..."

"O que eu sinto contigo é bastante diferente mas admito que a princípio não me foste especial, digamos assim... Tu a princípio foste mais uma, não houve nenhum clique nem nunca pensei que isto fosse acabar desta forma, sou sincero."

"Que romântico, Zayn. A sério, obrigada por essa informação!" eu ironizo, revirando os olhos às suas palavras nada queridas.

"É verdade mas, pronto, eu vou tentar responder-te à questão usando exemplos fáceis para que consigas perceber o que é verdadeiramente esta sensação incontrolável durante o sexo..."

"Como assim?" Interrogo, hesitante, não sabendo como é que ele me poderia dar exemplos de algo tão abstrato.

"Sabes aquela sensação de gostares tanto de um bebé ao ponto de o abraçares até ele deixar de respirar? Ou, então, aquela sensação de gostares tanto de um cãozinho pequeninho ao ponto de só o querer apertar contra ti?"

"Sim..."

"Pronto, o que eu sinto contigo é basicamente o mesmo. Eu, contigo, por te amar e estimar tanto, desejo-te magoar e, contrariamente a outras pessoas, não consigo controlar-me durante a relação sexual. Não é que seja por maldade, eu não te quero magoar de propósito e às vezes nem tomo cuidado com a força que uso... É um distúrbio, o que é que eu posso fazer?"

"Eu não estou mal contigo desta forma, Zayn. Não te quero deixar desconfortável ou inibido, apenas queria saber mais..."

"Eu entendo, amor, a sério que entendo." Ele sorri antes de os seus lábios entrarem em contacto com os meus. Sorrio entre o beijo e brinco com o seu cabelo até o mesmo, lentamente, se extinguir. "Eu agora vejo este meu distúrbio como uma forma diferente de mostrar o meu amor por ti visto que nunca tive tamanha sensação com mais ninguém..."

"A sério?"

"Sim, Blair. Claro!"

Sorrio com a sua resposta e fecho o meu olhar, acolhendo-me nos seus braços fortes e musculados. O meu corpo parecia estar finalmente a descansar, após o dia cansativo que tivemos hoje, e, quando finalmente estava à beira de adormecer, Zayn sai de debaixo de mim sem qualquer cuidado, correndo até ao seu telemóvel que me despertava devido ao volume elevado que o seu toque tinha. Resmungo baixinho para mim mesma mas, logo a seguir a ver as horas, percebi que podia ser um assunto urgente ou algo relacionado com a sua pequena irmã.

"Estou? Não, ainda não estava a dormir... Passa-se algo com a Layla? O quê? Estás a falar a sério? Está bem, eu vou tentar ir aí o mais cedo possível mas vai ser complicado por causa das aulas... Eu vou tentar... Adeus, mãe. Amo-te muito."

Olho-o chocada, não conseguindo captar nada da conversa além de estar relacionada com a sua irmã. As minhas mãos, suadas do súbito nervosismo, apertam os lençóis brancos do meu namorado, aguardando a sua resposta.

"Ela está bem." Zayn diz num suspiro. "A Layla está em casa. Ela está bem."

O alívio é notável e o meu abraço repentino era tudo aquilo que ele precisa no momento, tendo em conta a rápida reação. Sinto a sua barba roçar nos meus lábios, ao beijar-lhe o rosto, e volto a abraçá-lo, verdadeiramente feliz por tudo estar bem.

"Agora tudo vai ficar bem..." Eu murmuro-lhe ao ouvido, tentando apoiá-lo.

"Não é assim tão fácil, Blair. O cancro dela está tão avançado que os médicos já não têm grandes esperanças. Eles deram-lhe pouco tempo de vida, Blair, mas é tão bom saber que ela ainda cá está."

"Ela é mesmo uma lutadora."

"Ela é... Eu tenho muito orgulho nela."

Beijo os seus lábios e ambos nos resumimos ao silêncio. Nenhum de nós diz mais nenhuma palavra. Visto a minha roupa interior, que se encontrava à beira da cama, e deito-me na mesma do lado direito, lado onde sempre teimei dormir. (Não que a cama fosse muito grande visto que era de solteiro mas, tecnicamente, deito-me do lado direito.)

Inesperadamente, Zayn envolve os seus braços à volta do meu corpo, fazendo a sua respiração vir despropositadamente de encontro à minha pele morena. Os meus olhos voltam-se a fechar lentamente, prova do quão exausta estava, mas, antes que caísse desamparada na inconsciência de uma boa noite de sono, questiono a Zayn na minha forma mais ingénua e inocente possível.

"Zayn? Achas que nós vamos ficar assim para sempre?"

"Eu gostava muito, Blair, mas a verdade é que eu não te posso prometer nada. Eu nunca te pude prometer nada."

Toxic 》 malikWhere stories live. Discover now