⌜05 • cio⌟

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Quando ômegas nascem, um estigma nasce com eles.

Ômegas são considerados indignos, desonrosos, inferiores aos alfas. Até mesmo os betas são encarados melhor, talvez pelo cheiro quase inexistente de alguns e pela incapacidade de reprodução, diferente dos ômegas, com sua existência atribuída apenas para isso.

Ômegas são feitos para seduzir e gerar filhotes.

É o que a maioria diz. O que os alfas dizem.

Jeongguk aprendeu isso cedo, bem antes de ser vendido para Jinhyun. Tinha oito anos quando sua mãe descobriu a gravidez de Jihoon, seu irmão mais novo. Naquela idade, nada era mais interessante do que brincar ou observar a barriga da mãe crescendo a cada dia. Jeongguk adorava quando Hayun se deitava no sofá, levantava a barra da camiseta e deixava a barriga livre para ele assistir o irmãozinho desbravar cada canto daquele lugar que um dia também já esteve.

O ômega ficava fascinado quando a pele da barriga esticava, como se fosse feita de algo elástico, quase dando para ver o formato do pequeno pé que a chutava por dentro. Na primeira vez que isso aconteceu, Jeongguk estava com o rosto sobre o colo de Hayun, ela acariciava seus cabelos, e ele levou um susto quando alguma coisa o chutou na parte de trás de sua cabeça.

Jeongguk se sentou no sofá em um pulo, seus lindos olhos, enormes e brilhantes, ficaram ainda maiores ao se arregalarem de surpresa.

— O que foi isso, eomma? Ele me bateu!

Hayun riu, colocou a mão no mesmo lugar onde o pé do bebê empurrava, se espreguiçando depois de uma soneca deliciosa.

— Como você sabe que é ele, lobinho?

Jeongguk deu de ombros, e em seguida suspirou.

— Porque eu sinto — sorriu, então se aproximou e apoiou o queixo perto do umbigo da mãe, sobre as mãos cruzadas. — Eu o escuto às vezes também.

A ômega, surpresa, encarou o filho com mais atenção.

— Você o escuta?

— Sim, Jihoon gosta de resmungar. Ele disse que tá ficando apertado dentro de você — Jeongguk comentou, e com o dedo indicador, cutucou uma parte da barriga da mãe.

— Foi ele quem te contou o nome dele?

— Não... eu que escolhi. Combina com a cor dos pelos dele — sorriu, e seus olhos cor de mel brilharam com um profundo dourado derretido. — É marrom. Eu gosto de marrom. E os olhos dele são iguais aos meus.

Hayun não duvidou das palavras do filho naquele dia. Ela sabia que não existia nada mais puro e sincero do que as palavras de uma criança. Sobretudo, não existia nada mais forte do que a ligação entre dois irmãos. No entanto, ela não teve a chance de presenciar essa conexão entre os filhos devido a uma complicação durante o parto de Jihoon.

Jihoon nasceu duas semanas depois do aniversário de nove anos de Jeongguk, e quando o pequeno alfa abriu os olhos, protegido no colo de seu irmão mais velho, foi como se ambos tivessem apenas se reencontrado depois de alguns meses de espera. Os olhos dourados de Jihoon eram idênticos aos de Jeongguk, com a única diferença de que os do alfa brilhavam cheios de curiosidade ao encararem seu irmão, enquanto os do ômega, brilhavam cheios de lágrimas, com uma mistura de tristeza pela dor da perda e do medo por não saber como seria dali em diante sem sua mãe.

Ele descobriu nos meses seguintes, no entanto.

Mais rápido, e da maneira mais dura que uma criança poderia aprender.

Perder sua ômega foi um golpe doloroso para Jeon Haneul. Não que ele fosse um alfa perfeito antes disso, mas depois que Hayun o deixou sozinho para cuidar de duas crianças, as coisas se tornaram piores. Haneul se afundou mais nos jogos de azar em que já era viciado, e adicionou a isso o vício em álcool. Ele se isentou da responsabilidade que era dele, como pai, jogando-a sobre Jeongguk que era apenas um ômega jovem demais para assumir o papel de pai, além do de irmão mais velho.

⌜hunted • tk⌟Where stories live. Discover now