⌜hunted • tk⌟

⌜04 • fuga⌟

⌜nota: esse capítulo contém gatilhos de violência extrema, se você é sensível a descrições mais gráficas, não leia.⌟

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A floresta exalava um cheiro intenso de mel e baunilha.

Taehyung sentia-o grudado em sua pele, misturando-se ao suor que escorria de sua testa e da nuca. Caminhava entre as árvores apressado, com a necessidade agonizante de chegar rápido à clareira e encontrar o lobo dourado.

Seus batimentos cardíacos ecoavam nos ouvidos, a respiração ofegante. Era a primeira vez que aquele sonho mudava em anos, a primeira vez que se sentia tão assustado.

Avistou a pequena abertura da clareira e aumentou os passos, quase correndo para alcançá-la. A Lua iluminava o espaço como de costume, sua luz intensa entrando pelas copas das árvores. Até o momento, era a única semelhança com os antigos sonhos. Estava prestes a respirar aliviado ao encontrar um pouco de familiaridade na cena, no entanto, o alívio durou pouco.

Assim que encarou o centro da clareira, não foi o lobo dourado que viu. Não encontrou o lindo animal em sua postura elegante e imagem etérea, mas uma pessoa. Um homem. Um ômega. Jeongguk. O cheiro de mel se tornou ainda mais forte e, por instinto, Taehyung correu até o corpo caído. Jeongguk encontrava-se sentado de lado, as mãos apoiadas no chão de terra, a cabeça baixa. Seus cabelos se grudavam na testa, molhados pelo suor, quase encobrindo seus olhos.

De súbito, Taehyung foi atingido por um novo odor se entremeando ao cheiro de mel e baunilha. Sangue. O desespero em seu peito cresceu. Alcançou Jeongguk e ajoelhou em frente ao ômega. Notou as mãos dele cobertas de vermelho, o líquido fresco incrustado embaixo de suas unhas, escorrendo por todo o braço de Jeongguk. O motivo do cheiro adocicado do ômega estar tão forte, era porque seu sangue cheirava a mel.

Taehyung ofegou com a constatação. Suas mãos agiram no automático quando tentou alcançar Jeongguk, no entanto, o ômega se encolheu e se afastou, se arrastando alguns centímetros. No chão, deixou um rastro de sangue.

— Você não pode mais tocar em mim — Jeongguk disse com a voz fraca. Se Taehyung não estivesse tão próximo, mal teria escutado.

— O quê? Por quê?

— Você chegou tarde demais — o ômega choramingou. Então, levantou o rosto e encarou o alfa, e Taehyung teve certeza de que jamais esqueceria aquela cena.

Os olhos de Jeongguk cintilavam mais dourados do que nunca, mas identificou um tom vivo de vermelho mesclado à íris. A mistura de cores o deixava com um olhar quase cruel. Entretanto, não foram apenas os olhos de Jeongguk que o perturbaram. No pescoço do ômega havia uma ferida aberta. Quase um buraco. Seu causador realmente queria machucá-lo. Queria marcá-lo. O sangue fluía em abundância da ferida.

— Agora eu sou dele para sempre. Por que demorou tanto, alfa?

A sensação de pânico dominou Taehyung.

Sentiu o ar faltar nos pulmões, um aperto em seu pescoço que quase o sufocava. Mãos tocavam sua pele, dedos afundando na carne, o instinto de sobrevivência o fazendo segurar o pulso das mãos que o enforcavam.

Abriu os olhos, e encarou iris douradas, arregaladas e brilhantes, cheias de surpresa e medo. O reflexo não o deixou pensar, agiu por puro instinto, apertando a mão ao redor do pulso de Jeongguk, enquanto a outra, embaixo do travesseiro, puxou a arma em um aperto firme.

Ágil, Taehyung empurrou o corpo do ômega em direção à cama e montou sobre ele. Com o peso de uma das coxas, imobilizou a mão livre de Jeongguk, enquanto a outra ficou presa acima de sua cabeça. Durante alguns segundos, tudo o que pôde ser ouvido no quarto eram os sons entrecortados das respirações. A de Taehyung, ofegante pelo susto e resquícios do sonho, e a de Jeongguk, arfando surpresa e medo.