cap 46 - Princess of the Streets

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IVY BENNET.

Acordei no sofá, toda torta e com um fio de baba pendurado no canto da boca. Que visão maravilhosa, Ivy, parabéns. Ainda com as costas doendo, me sentei, tentando lembrar como diabos tinha acabado assim. Ah, sim. A noite anterior tinha sido longa. Fiquei na casa do Banks e do Apollo jogando conversa fora até tarde. Rimos tanto que ainda consigo ouvir as piadas ecoando na minha cabeça.

Mas o que realmente me deixou intrigada foram os dois caras de casaco preto. Eu estava voltando pra casa, quase uma da manhã, e lá estavam eles, parados em frente à casa do meu irmão, brigando feio. Sabe quando a briga parece mais séria do que um simples desentendimento de bêbado? Pois é, foi exatamente assim. Quando finalmente criei coragem e saí pra ver o que estava acontecendo, eles fugiram como se tivessem visto um fantasma. Que bela forma de terminar a noite.

Foi nesse meio-tempo que o telefone tocou. Eu sabia que não deveria atender, mas a curiosidade matou o gato. E foi o Connor, claro. Aquele maluco sempre aparece nas horas mais improváveis.

— Ivy, você precisa vir. — A voz dele estava mais excitada que uma criança em véspera de Natal.

— Connor, são... — olhei para o relógio e nem acreditei — quatro e meia da manhã. Que infernos você quer?

— Tem um racha de moto daqui a uma hora e você vai adorar. Estou te dizendo, vai ser épico!

— Ah, claro. Porque nada grita mais 'diversão saudável' do que um racha de moto no meio da madrugada.

— Não seja assim, Ivy. Vai ser incrível. Sério, você precisa aparecer.

— Connor, a última vez que fui num desses rachas quase perdi um braço. Literalmente.

— Mas você também quase ganhou, lembra? Vamos lá, só por diversão. Eu preciso de você lá, sua presença é a minha sorte.

— Isso é o que todos dizem antes de eu acabar sendo o para-raio de problemas. Mas ok, só porque quero ver você implorar mais.

— Obrigado, obrigado, obrigado! Você é a melhor! Vejo você em uma hora. E, Ivy, traz aquele seu capacete vermelho. Me dá sorte também.

Desliguei o telefone com um suspiro. Connor e suas ideias brilhantes no meio da madrugada. Mas, no fundo, ele tinha razão. Sempre tinha algo de emocionante nessas escapadas. E quem sabe? Talvez fosse exatamente o que eu precisava para esquecer os homens de casaco preto por uma noite.

Levantei-me do sofá, ainda sentindo o corpo todo dolorido, e me arrastei até o quarto. Se era pra ir a um racha de madrugada, pelo menos iria com estilo. Abri o guarda-roupa e vasculhei até encontrar a roupa perfeita: uma jaqueta de couro preta, uma calça jeans justa e uma camiseta vermelha com um corte descolado. Mas o toque final era, sem dúvida, minha bota de couro preta com detalhes metálicos. Ela era tão confortável quanto estilosa.

Coloquei tudo com cuidado, me sentindo mais viva a cada peça de roupa que vestia. Passei uma escova rápida no cabelo, deixando-o solto e selvagem, e passei um batom vermelho para combinar com o capacete. Olhei no espelho e sorri, satisfeita com o resultado. Peguei o capacete vermelho da prateleira e saí do quarto.

A moto me esperava na garagem, reluzindo sob a luz fraca. Montei na máquina, o motor roncando suavemente enquanto eu dava partida. Era um som que sempre me fazia sentir poderosa. A noite estava fria, mas a adrenalina já começava a me aquecer.

Cheguei ao local do racha e, como sempre, o lugar estava fervendo. Carros e motos enfileirados, música alta, e uma multidão de pessoas, algumas já visivelmente bêbadas, outras se entupindo de drogas. Connor, sendo o radar humano que é, me viu imediatamente e correu na minha direção, um sorriso gigante no rosto.

the labyrinth of IllusionWhere stories live. Discover now