♟️32 Impasse

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Desculpe o auê, eu não queria
Magoar você, foi ciúme sim
Da próxima vez eu me mando
Que se dane o meu inseguro

Na manhã seguinte, Ben entrou no quarto com uma bandeja de café, adornada com geleia, pães frescos e queijo. Lucille, de bruços na cama, recebeu seus beijos nas costas nuas e sorriu ao virar-se para ele.

- Bom dia, Srta. Campbell - cumprimentou Ben, colocando a bandeja sobre a mesa redonda.

- Eu amo esse sorriso - disse Lucille, movendo-se para encontrá-lo.

Ben beijou sua testa e organizou a bandeja enquanto ela se acomodava na cama, puxando o lençol. Ao ver a flor vermelha, Lucille se emocionou.

- Pareço uma adolescente.

- Sua história de ontem não influenciou isso, não é? - ela perguntou.

- Acha que estou com pena de você? - Ben retrucou.

- Não está, não é? - Lucille perguntou, buscando compreender.

- Qual a dificuldade de você se permitir ser vulnerável? - Ben questionou, servindo o café. - Não percebe a diferença entre empatia e pena?

Lucille pegou a xícara.

- Odeio que sintam pena de mim, odeio que me vejam frágil, temerosa. Odeio, Ben.

Ben passou geleia no pão para ela.

- Quando Esmeralda se foi, se não fosse o apoio da Esther, da Anne e principalmente da Paula, eu não suportaria. Então, às vezes, você vai precisar dividir o peso das suas dores, como fez ontem - entregou o pãozinho.

Lucille pegou e arqueou a sobrancelha.

- E por que principalmente a Paula?

Ben riu.

- Você ouviu o que eu te falei?

- Você ouviu o que eu perguntei? - Lucille retrucou.

- Paula era a melhor amiga da Esmeralda, ela sofreu tanto quanto eu. E é a que mais fica perto de mim. Talvez, ela tenha criado sentimentos. Mas, ela me deu apoio e eu apoiei a ela - explicou Ben.

- Esther era sua melhor amiga e Paula era da Esther e Anne era dos dois - Lucille refletiu.

- Exatamente - concordou Ben, tomando um gole de café.

- Sei que não gosta de falar disso, mas... - Lucille procurou as melhores palavras. - Se ela não sabia nadar, como foi parar dentro da água, da cachoeira? Você nunca cogitou algo diferente? Algo incomum?

Ben ficou em silêncio por um instante, deixou a xícara sob a bandeja.

- A perícia disse que ela escorregou nas pedras e caiu na cachoeira. Era uma cachoeira com correnteza forte. Ela então se afogou. - As palavras eram como um espinho no coração pra ele.

- Ela estava sozinha? Não havia ninguém? - Perguntou cautelosa Lucille.

- Por que essas perguntas, Lucille? - Ben se sentia incomodado. - O que você tem com isso?

- Desculpa, eu não queria te incomodar com esse assunto. Você nunca fala dela.

- Mas incomodou. Eu não gosto de falar sobre a Esmeralda, esse é o único assunto que você não pode tocar, seja pra usar contra mim ou pra bisbilhotar. Não faça isso, Lucille.

Ela segurou o rosto dele, tentando acalmá-lo.

- Me perdoa, eu sei, é assim que eu me sinto quando toco no assunto da segunda adoção. Eu sei que não se compara, mas eu entendo. Me perdoa, meu amor.

Blanco Y Negro - O Amor Sabe O Que FazWhere stories live. Discover now