Desculpe o auê, eu não queria
Magoar você, foi ciúme sim
Da próxima vez eu me mando
Que se dane o meu inseguroNa manhã seguinte, Ben entrou no quarto com uma bandeja de café, adornada com geleia, pães frescos e queijo. Lucille, de bruços na cama, recebeu seus beijos nas costas nuas e sorriu ao virar-se para ele.
- Bom dia, Srta. Campbell - cumprimentou Ben, colocando a bandeja sobre a mesa redonda.
- Eu amo esse sorriso - disse Lucille, movendo-se para encontrá-lo.
Ben beijou sua testa e organizou a bandeja enquanto ela se acomodava na cama, puxando o lençol. Ao ver a flor vermelha, Lucille se emocionou.
- Pareço uma adolescente.
- Sua história de ontem não influenciou isso, não é? - ela perguntou.
- Acha que estou com pena de você? - Ben retrucou.
- Não está, não é? - Lucille perguntou, buscando compreender.
- Qual a dificuldade de você se permitir ser vulnerável? - Ben questionou, servindo o café. - Não percebe a diferença entre empatia e pena?
Lucille pegou a xícara.
- Odeio que sintam pena de mim, odeio que me vejam frágil, temerosa. Odeio, Ben.
Ben passou geleia no pão para ela.
- Quando Esmeralda se foi, se não fosse o apoio da Esther, da Anne e principalmente da Paula, eu não suportaria. Então, às vezes, você vai precisar dividir o peso das suas dores, como fez ontem - entregou o pãozinho.
Lucille pegou e arqueou a sobrancelha.
- E por que principalmente a Paula?
Ben riu.
- Você ouviu o que eu te falei?
- Você ouviu o que eu perguntei? - Lucille retrucou.
- Paula era a melhor amiga da Esmeralda, ela sofreu tanto quanto eu. E é a que mais fica perto de mim. Talvez, ela tenha criado sentimentos. Mas, ela me deu apoio e eu apoiei a ela - explicou Ben.
- Esther era sua melhor amiga e Paula era da Esther e Anne era dos dois - Lucille refletiu.
- Exatamente - concordou Ben, tomando um gole de café.
- Sei que não gosta de falar disso, mas... - Lucille procurou as melhores palavras. - Se ela não sabia nadar, como foi parar dentro da água, da cachoeira? Você nunca cogitou algo diferente? Algo incomum?
Ben ficou em silêncio por um instante, deixou a xícara sob a bandeja.
- A perícia disse que ela escorregou nas pedras e caiu na cachoeira. Era uma cachoeira com correnteza forte. Ela então se afogou. - As palavras eram como um espinho no coração pra ele.
- Ela estava sozinha? Não havia ninguém? - Perguntou cautelosa Lucille.
- Por que essas perguntas, Lucille? - Ben se sentia incomodado. - O que você tem com isso?
- Desculpa, eu não queria te incomodar com esse assunto. Você nunca fala dela.
- Mas incomodou. Eu não gosto de falar sobre a Esmeralda, esse é o único assunto que você não pode tocar, seja pra usar contra mim ou pra bisbilhotar. Não faça isso, Lucille.
Ela segurou o rosto dele, tentando acalmá-lo.
- Me perdoa, eu sei, é assim que eu me sinto quando toco no assunto da segunda adoção. Eu sei que não se compara, mas eu entendo. Me perdoa, meu amor.
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Blanco Y Negro - O Amor Sabe O Que Faz
RomanceUma cidade turística é abalada por um conflito emocional entre Ben, um viúvo e dedicado administrador de um lar de idosos, e Lucille, uma mulher rica determinada a expandir seu resort sobre o terreno do lar, Recanto do Sol Nascente. Enquanto lut...