capítulo 2

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Elizabeth

Eu abri minha boca para protestar, mas Vick chegou antes.

-Mas que porcaria? É abril. Tipo, quase o final do ano,Você não pode mexer nesse tipo de negócio agora.

O Treinador deu um vestígio de sorriso. E disse
__Eu posso mexer nesse negócio até o último dia do semestre. E se você reprovar na minha aula, você estará de volta aqui no ano que vem, onde eu estarei mexendo nesse tipo de negócio novamente.__

Vick fez uma carranca para ele. Ela é famosa por aquela carranca. É um olhar que faz tudo, exceto sibilar audivelmente. Aparentemente imune a ele, o Treinador trouxe seu apito aos lábios, e captamos a ideia.

_Cada parceiro sentado no lado esquerdo da mesa, a esquerda de vocês,mova-se um assento para frente. Aqueles na fileira da frente sim, incluindo você, Vick,movam-se para os fundos.

_Vick enfiou seu caderno dentro de sua mochila e arrebentou o zíper ao fechar.

_Eu mordi meu lábio e acenei um pequeno adeus. Então eu me virei ligeiramente, checando a sala atrás de mim. Eu conhecia os nomes de todos os meus colegas de sala... exceto um. O transferido. O Treinador nunca o chamou, e ele parecia preferir desse jeito. Ele se sentava desleixadamente uma mesa atrás, gelados olhos negros encarando à frente firmemente. Exatamente como sempre. Eu nem por um momento acreditava que ele simplesmente sentava lá, dia após dia, encarando o vazio. Ele estava pensando algo, mas o instinto me dizia que eu provavelmente não queria saber o que.

Ele assentou seu livro de biologia na mesa e deslizou na antiga cadeira da Vick.

_Eu sorri._Oi, Eu sou a Elizabeth._Seus olhos negros me cortaram, e os cantos de sua boca inclinaram-se para cima. Meu coração errou uma batida e naquela pausa, um sentimento de triste escuridão pareceu deslizar como uma sombra sobre mim. Ele sumiu em um instante,mas eu ainda estava encarando-o. Seu sorriso não era amigável. Era um sorriso que soletrava encrenca. Como uma promessa.


Eu me foquei no quadro negro. Aonde encarei o Treinador

O Treinador disse, _Reprodução humana pode ser um assunto pegajoso_

_Uii_ resmungou um coro de estudantes na sala.

_É preciso um manuseamento maduro. E como toda ciência, a melhor abordagem é aprender a investigar. Pelo resto da aula, pratiquem essa técnica descobrindo o quanto puderem sobre seu novo parceiro. Amanhã, tragam em escrito suas descobertas, e acreditem em mim, eu vou checar a autenticidade.
Isso é biologia, não inglês, então nem pensem em ficcionalizar suas respostas. Eu quero ver interação e trabalho em equipe reais._

Eu me sentei perfeitamente imóvel. A bola estava no campo dele , eu tinha sorrido, e olha como isso ajudou. Eu enruguei meu nariz, tentando descobrir a que ele cheirava. Não a cigarros. Algo mais profundo, mais asqueroso. Charutos.

Eu encarei o relógio na parede e bati meu lápis na hora da segunda mão. Eu plantei meu cotovelo na mesa e apoiei meu queixo no meu punho. Eu soprei um suspiro.
Ótimo. A esse ponto eu iria falhar.
Eu estava com meus olhos fixos a frente, mas eu ouvi o suave deslizar desua caneta. Ele estava escrevendo, e eu queria saber o que. Dez minutos sentados juntos não o qualificava para fazer qualquer suposição sobre mim. Movendo um olhar lateral, eu vi que seu papel tinha várias linhas escritas e Estava crescendo.

_O que você está escrevendo?__ eu perguntei.

_E ela fala_ ele disse enquanto rabiscava, cada pincelada de sua mão suave e preguiçosa ao mesmo tempo.

O Sussurro ( O Anjo Caído)Where stories live. Discover now