Sentados na grama, saboreando uvas e doces, estavam Álvaro e Clarisse a lembrar de suas vidas antes dos últimos acontecimentos.
- E quem diria, você seria coroada a rainha da festa da uva! Pena eu ter estragado o momento com tamanha distração.
- Não estragou nada! Eu só fiquei preocupada, afinal, perdi meu dinheiro ali.
- Acabou recuperando outra vez, com mais trabalho. Ainda sinto-me culpado!
- Não vamos mais falar disso, já passou. De alguma forma tudo foi bonito naquele dia... Uma pena não ter mais momentos assim.
- Refere-se à Bela?
- Perdoe-me, eu não queria tocar no assunto....
- Sabe, às vezes penso nela, e em como deve estar.
- Também penso... Como eu queria ter notícias! Até hoje não me conformo que não partiram por minha culpa.
- Ei, nunca mais repita isso, Clarisse! Jamais teve culpa de algo, foi... Coisa do destino mesmo, da vida, talvez não fosse pata dar certo.Álvaro se aproximou e levantou o rosto de Clarisse que estava abaixado, olhando-a nos olhos.
- Se fosse para tirá-la daquela casa, impedindo-a de ficar ali até o desabamento, e levá-la em segurança até dona Adelaide, eu faria quantas vezes fosse preciso. Jamais a deixaria na dor e no sofrimento, Clarisse.
- Não se arrepende? Poderia estar longe agora...
- Não repita isso! Eu estou bem, e feliz. Torço para que de alguma forma a Bela também esteja. Não pense mais nisso! - Ele acariciou o rosto da moça.
- Sempre fomos tão amigos, odiaria ser o motivo para a infelicidade de ambos.
- Nunca foi, jamais será. És tão doce, Clarisse... - Ele se aproximou olhando-a nos olhos. - Tão doce, tão boa...
- Eu acho que está na hora de voltar! Sabe, eu disse que viria, mas não queria demorar muito. Não quero deixar dona Adelaide muito tempo sozinha, e ainda quero visitar o túmulo de minha mãe. - Disse ela levantando-se rapidamente.
- Claro! - Álvaro ficou sem jeito, tentando entender o que havia ali. - É melhor irmos então... Vamos recolher estas coisas.Dara e Benjamim retornaram a casa grande, e sentaram-se no jardim para comerem guloseimas e conversarem. Da janela da casa, Magda os observava, e chamou uma empregada que acabava de entrar.
- Ei, você! Foi servir refrescos ao Benjamim. Por acaso ouviu o que conversavam?
- Não, senhora! Eu apenas os servi e voltei para fazer meu serviço.
- E o que achaste da menina? - Perguntou ela sem tirar os olhos da janela.
- Menina?
- Sim! O que achaste da menina que está com o meu filho?
- É bonita como uma flor! E muito educada também! Seu Benjamim parece gostar de tua companhia, até os vi correndo pela fazenda.
- É... Ele parece gostar até demais para o meu gosto, isso será um problema.
- O que quis dizer, senhora?
- Nada! Volte ao seu trabalho e esqueça o que lhe perguntei.
- Sim, senhora! Com licença!Magda saiu da janela e sentou-se no sofá refletindo sobre o que fez quando permitiu que Dara fosse até a sua casa.
Benjamim contava histórias que viveu, e trocava boas risadas com Dara, que o ouvia atenta. Falavam sem ver o tempo passar, e Benjamim já não conseguia esconder a felicidade de ter a moça ali.
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O Amor e o Tempo
Historical FictionNo século XIX, em Camposul (cidade fictícia), Isabela Cavalcanti Grecco usa um véu cobrindo seu rosto por 18 anos, para cumprir uma promessa feita pelos pais, que a dedicaram a Nossa Senhora, e a igreja católica, para agradecer a vida de prosperidad...